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Oi, voltei!
Eu ADOREI esse capítulo, e juro que melhor que esse só o próximo 😂
Tô sentindo falta dos comentários de vocês 🤡 Lembrem que essa é a melhor forma de eu saber o que vocês tão achando, o que vocês querem que aconteça, o que vocês tão gostando e, também, é o que me motiva a continuar escrevendo! Então comentem bastantee, não precisa ficar tímido ksksks ❤️

Boa leitura, beijos ❤️

—•—•—•—

Se minha mãe soubesse que eu aceitei ir pra casa de um assassino foragido, ela iria me matar.

Se ele não me matar antes.

Mas aqui estou eu, arrastando minha mala pelo corredor da casa de Sirius Black. A casa que parece leve e estranhamente nostálgica e familiar...

— Seja bem vinda. Lar doce lar — ele anuncia quando paramos no corredor grande e estreito da entrada — Embora não seja doce, ou muito menos um lar.

Soa divertidamente melancólico, e eu finjo que nem ouvi. Não saberia responder isso de maneira que não seja invasiva ou desconfortável.

Se eu realmente decidir ficar aqui — digo — Tem algum quarto livre?

— Todos eles. Menos o meu. Ou o do Monstro.

Monstro?

— O elfo doméstico — Sirius explica — Mas eu tenho certeza que você não vai querer dividir quarto com ele.

— Nem com você. — a intenção foi ser grosseira, mas eu ainda dei um sorrisinho ao final.

Black me deixa à vontade pra escolher um quarto e é isso que eu faço. Aqui eu não faço minha escolha baseada em qual quarto seria maior, ou qual teria a melhor vista da janela. Preciso escolher qual é o menos sujo. Porque a casa inteira parece muito imunda, empoeirada e inabitada. É nojento, honestamente.

Havia um único quarto que não era tão sujo quanto os outros, e não era o de Sirius — porque eu vi que o dele tinha uma plaquinha na porta. Esse aqui é o que tem menos móveis, então tem menos acúmulo de poeira em superfícies que não sejam o chão. É uma suíte, através da porta meio empenada que tem dentro do quarto eu consigo ver o que seria um banheiro bem sujo. Adoraria tomar banho, mas nesse banheiro eu, com certeza, ganharia doze tipos de infecções, pragas e doenças diferentes.

Enfeitiço o quarto e fico aqui esperando por horas pra que fique tudo mais limpa. Quando fica, vou tomar banho. Sempre tomando cuidando com o chão onde piso, porquê se aparecer uma barata eu vou, literalmente, surtar.

Entardece, começa a escurecer. Assim o quarto parece mais cinza ainda. Meu quarto na casa dos meus pais também tinha muito cinza, cinza e roxo. Mas o cinza daqui é diferente. Meio morto. E tem cheiro de poeira e mofo, e é desconfortável. Minha mão parece sempre cheia de pequenas partículas de areia e pó, não importe quantas vezes eu lave as mãos.

Realizo uma pequena exploração pela casa dos Black, mas minha única intenção mesmo é achar a cozinha. Se eu tiver muita sorte, Sirius vai me oferecer comida. Se eu tiver muito azar, a comida vai estar envenenada.

Por que diabos eu ainda estou na casa de um foragido de Azkaban mesmo, hein?

Tem comida? — pergunto. Black está abaixado, revirando um armário.

— Não. Tem vinho.

— Está me oferecendo vinho? — questio-o, incrédula.

— Claro que não. Essa garrafa é pra mim. — não sei porquê, mas me senti ofendida. Depois de alguns segundos ele diz, se levantando e tirando o cabelo bagunçado do rosto; — Monstro, precisamos de pão!

Eu, secretamente, desejaria comer mais do que pão. Ou algum tipo de comida que, pelo menos, tivesse tempero. Mas aceito o pão. Ainda com medo de ser envenenado, mas aceito. Naturalmente vamos até a sala — uma das salas. Aqui tem uma lareira, sofá, poltronas, mesa e armários. E sujeira, claro.

— O que você está planejando fazer agora? — a pergunta de Sirius vem do nada, na linha bem tênue entre a intromissão e a curiosidade genuína — Acabou de sair de Hogwarts e...

— Não acabei de sair de Hogwarts. — corrijo, com as sobrancelhas franzidas — Me formei no ano letivo de 91...

— Ah não? Achei que tivesse se formado no ano letivo de 93. Foi quando vocês estava lá, não foi?

— Eu estava fazendo pesquisa — mordo o pão depois de responder — Foi o que precedeu o intercâmbio.

Sirius murmura um "Aaah" de realização e bebe mais do vinho. De perto ele parece menos desequilibrado do que parecia naqueles cartazes do ministério. E estranhamente amigável. E ele deve me considerar amigável também, porque acabou de duplicar a taça de vinho. E parece que pretende me entregar

Antes, só pra minha consciência não ficar tão pesada, você é maior de idade?

Acho a pergunta boba e rio dela. Assinto com a cabeça;
— Faço 21 daqui alguns dias.

Ele olha pro lado e parece ficar fazendo alguns cálculos de cabeça. E aí me entrega a taça.

É óbvio que eu não vou dar um gole nisso. A probabilidade de eu amanhecer morta e esquartejada no dia seguinte são altíssimas. E o Profeta Diário talvez ainda diga que foi minha culpa, de ter bebido na casa de um desconhecido... Vou evitar os desconfortos e nem encostar na taça.

— Se você quer meu conselho, não queira passar seu aniversário de 21 anos em Azkaban... — ele dá um gole grande no próprio vinho — Não é uma comemoração muito espirituosa. Experiência própria...

Demora alguns segundos pra eu perceber o quanto a frase soou melancólica, mesmo que ele tenha usado um tom meio sarcástico. Acho que é o tipo de humor dele. E acho que parece um pouquinho com o meu.

Em pouco tempo Sirius começa a falar e falar e falar. Vai dos assuntos mais triviais até coisas que eu tenho absoluta certeza que ele não compartilharia caso estivesse sóbrio. Não sei, mas a imagem dele meio triste e tagarela me dá um pouco de coragem, o suficiente pra eu me convencer a, enfim, dar um gole na minha taça.
E depois outro gole. E então mais alguns.

Sou hipócrita e inconsequente, como adivinhou?

Mas tudo bem, enquanto ele continuar só falando pelos cotovelos e expondo vulnerabilidade, tudo estará bem. E sorte a minha que ele continua só nisso. Continua a falar e a falar, e tem coisas que nem eu presto atenção porquê não estou mais sã ou sóbria como deveria.

Embora eu tenha parado de reabastecer a minha taça, ele continua. Sirius meio que parece uma versão muito pagã do estereótipo daquele deus cristão, que serve pão e vinho. Essa associação — muito boba — me faz ficar rindo por algum tempo. O que parece bem inapropriado, porque Sirius está quase chorando ao falar sobre seu afilhado.

Talvez seja o karma, de ter rido de um bêbado triste. Ou retaliação espiritual, por ter associado Jesus à Sirius, mas, de repente, sou atingida por um mal estar bem súbito. Minha pressão baixa, é aos poucos, mas a sensação que me dá é que é de uma vez.

Fico inquieta e saio da cadeira. Aí percebo que estou tonta também. E fraca. Nota mental; não passar o dia inteiro sem comer nada e ir comer pão e vinho. Vou até o sofá, meio cambaleante, mas consigo me sentar, e aí me debruço por cima do braço do estofado.

— Ei, Sirius, eu acho que vou vomitar! — murmuro, com a voz meio embargada — Ou desmaiar...

É, eu realmente acho que vou vomitar ou desmaiar. Não sei em que ordem. Talvez seja ao mesmo tempo. Puta merda eu nunca passei tão mal, nem quando fugi de Hogwarts no meu último final de semana como aluna, para ir com Isabelle e Gabe virar a noite quase inteira bebendo.

Comecei a chorar, não me pergunte o porquê, estou bêbada, é o suficiente. Mas as vezes eu rio também.

Consigo prestar atenção no som da cadeira arrastando e Sirius levantando, aí eu lembro que, antes disso, ouvi a porta abrindo e fechando lá longe. Há uma movimentação maior agora, chegou mais alguém e eu consigo ouvir o som abafado da conversa de Sirius.

As coisas chances de tudo ficar desastroso agora são bem maiores.

Mr Moony's New Assistant - Remo Lupin Onde histórias criam vida. Descubra agora