Fim (da parte um)

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Os dias passaram rápido, infelizmente. Agora estamos beirando os últimos dias do ano letivo. Minha mão não está mais enfaixada e a mordida que o cachorro me deu agora se resume à, apenas, uma pequena cicatriz quase imperceptível.

Quando eu pedi pra ele me ajudar com os últimos detalhes da pesquisa, pra apresentar no ministério, não achei que ele estivesse falando tão sério. Pelo menos dois dias na semana nós viramos a madrugada inteira revisando, escrevendo, corrigindo e modificando trechos da pesquisa. E só isso. 100% concentrados em estudar. E é tão divertido quanto as vezes que fizemos outras coisas.

Nós dois vemos quando o sol nasce, da janela do meu quarto. Ele está muito mais esperto do que eu, relendo tudo mais uma vez. Eu estou debruçada na mesa, quase dormindo. E embora seja eu que estou toda sonolenta aqui, é ele quem parece exausto, mesmo que bem acordado. Confuso, eu sei, eu também achei.

— Pronto. — ele anuncia, colocando os papéis todos juntos na mesa — Está tudo perfeito, agora. Meus parabéns.

Levanto a cabeça e sorrio. Eu estou morrendo de sono, mas ainda gosto de ser elogiada. Lupin passa as mãos no rosto e demora um tempo se espreguiçando antes de levantar da cadeira. E aí se espreguiça de pé.

— Você vai comigo, até o ministério? — pergunto.

— Não posso. — ele boceja, e vem caminhando até atrás da minha cadeira — Mas você vai se dar bem. Você é extraordinária.

Ele massageia meus ombros por alguns segundos — que parecem minutos. Adoro quando ele coloca as mãos no meu ombro. Adoro mesmo.

— Descanse, Amelie, e boa sorte.

A porta abre e fecha. E ele sai.

[...]

A ansiedade fez meu dia passar num segundo. Usei uma das linhas de Flu pra ir até o ministério, e quando eu chego lá, sinto que meu peito vai explodir de nervosismo. Eu fico andando de um lado pro outro, até que finalmente a hora de entrar em uma sala e apresentar minha pesquisa chega. E quando eu entro... é mais fácil e tranquilo do que eu imaginava. Sempre é assim. Eu sofro por antecipação, mas tudo é bem menos pior do que eu acho que vai ser.

Uma vez terminado, e com um resultado incrível, é hora de voltar pro Castelo.

Sem minha varinha, não posso aparatar. Por muita sorte, encontro uma moradora de Hogsmead que aceita aparatar comigo. Quando chegamos a Hogsmead está escuro, um pouco depois do começo da noite. Agradeço rápido e sigo pro castelo. Estou ansiosa pra chegar e contar pro Lupin tudo o que aconteceu.

Dessa vez, não tem nenhum cachorro me seguindo pelo caminho. Ainda bem. Mas, quando chego no primeiro pátio da entrada do castelo, vejo uma coisa ainda mais esquisito que um cachorro-assaltante. Um hipogrifo, dois alunos, e um homem sujo e mal vestido que parece que saiu de um anúncio de "foragido".

Literalmente saído de um anúncio de foragido, puta merda, é Sirius Black.

Eu pensei em algumas alternativas sensatas, já que eu estou sem a minha varinha aqui; Tentar, de alguma forma, tirar esses dois alunos de perto dele; Gritar e fugir pedindo ajuda; Ou, sair de mansinho e fingir que eu nunca estava aqui. É, eu estava pensando em ir com a última opção mas aí eu fui notada. Pelo próprio.

Puta merda, é aqui que eu vou morrer?
Com um assassino fugitivo vindo na minha direção, sorrindo como se fosse um conhecido? E, de repente, eu travei e não consigo mais dar nenhum passo.

"Aqui jaz Amelie Demoustier, a menina burra que podia fugir mas desaprendeu a correr bem na hora que mais precisava."

— Desculpe — ele diz. Agora se pede desculpas antes de matar as pessoas? — Acho que preciso lhe devolver uma coisa.

Mr Moony's New Assistant - Remo Lupin Onde histórias criam vida. Descubra agora