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— O que é que vamos apostar dessa vez? — Lupin pergunta abrindo o tabuleiro de xadrez na escrivaninha dele.

É um novo hobby que adotamos. Jogar xadrez juntos e apostar alguma coisa. Qualquer coisa. Hoje eu decido que o quero apostar é:

— Se eu ganhar, você dorme comigo. No meu quarto. — digo — Se você ganhar, dormimos no seu quarto.

Ele aperta os olhos, cruza os braços e fica batendo os pés no chão, fingindo que está analisando e pensando sobre a proposta. Eu fico olhando pra isso com um sorriso cômico.

— Feito! — ele diz e mexe a varinha, e logo todas as pecinhas já estão perfeitamente posicionadas.

Gosto desse novo jogo de apostar coisas no xadrez. Não que eu precise sempre vencer uma partida pra que ele faça alguma coisa que eu quero, se eu quiser mesmo, é só pedir. Mas fico entusiasmada por ele gostar de arranjar maneiras de me fazer me esforçar e mostrar autonomia pra conseguir as coisas. É divertido. E eu sou competitiva.

Em cinco minutos partida acaba, e eu ganho. Não contenho um sorrisinho vitorioso enquanto guardamos as peças do xadrez.

— Você trapaceou! — ele me acusa.

Trapaceei?!

— Sim. — confirma — Você fica me olhando com esse rostinho lindo. Eu me desconcentro.

Dou uma risada tão alta que parece um grito, e pendo a cabeça levemente pra trás. Ele também está rindo de mim, mas muito mais contido.

— Não tenho culpa se eu sou bonita... — eu digo, ainda rindo.

— Se fosse só bonita não haveria problema. Mas você ainda consegue ser esperta, inteligente, e engraçada... E um pouquinho gostosa.

Cruzo os braços e me finjo de ressentida e chocada de uma maneira comicamente exagerada;
— Um pouquinho?!

A única resposta que eu tenho é uma risada nasal. Mas eu sei que é brincadeira, e sei que ele me acha gostosa mesmo. Ou, pelo menos, algumas coisas que ele faz confirmam isso muito bem...

Logo a aula dele vai começar, e eu preciso ir embora. Apoio o peso do meu corpo na minhas mãos, apoiadas na mesa, e me inclino pra dar um beijo na bochecha dele. E depois saio.

[...]

Passo a tarde fazendo as minhas coisas e andando por todos os corredores enquanto leio um livro, porque ficar sentada na biblioteca simplesmente não me concentra mais. Lupin chega no meu quarto logo depois do jantar, quando eu já estou com os pijamas vestidos e muito bem abotoados. Nós passamos algum tempo conversando sobre os assuntos mais triviais e os mais interessantes — nós fazemos muito disso. Depois, ele fica andando pelo quarto devagar, revirando cuidadosa e discretamente todas as minhas coisas (que ele já revirou antes milhares de vezes também).

Não fico incomodada com isso, não é como se ele estivesse invadindo a minha privacidade. É como se estivesse me conhecendo melhor.

Depois ele senta na minha mesa e lê mais dos meus textos. Depois vai no meu banheiro e lava o rosto na pia. Depois conversamos mais um pouco.

Mas eu sei que você provavelmente está mais interessado na parte em que estamos dando uns amassos. Tudo bem, eu não vou julgar você. Então aqui estamos;

Estamos deitados na minha cama, meio de lado. Eu estou tipo embalada nele e isso é muito bom. Não é um dos beijos mais selvagens e desesperados que nós já demos, entretanto não é o beijo mais doce e calmo. É casual. Varia um pouquinho de intensidade — principalmente quando ele aperta os dedos com cuidado no meu cabelo quando gosta do empenho que eu coloco no beijo.

Quando fico sem ar e separamos o beijo, que faz um sonzinho molhado e que, ah meu deus, faz outra coisa ficar molhada.

Meus olhos estão brilhando e eu estou disposta a cometer algumas atrocidades.

Coloco minha mão no antebraço dele e tento, lentamente, levar a mão dele pro meu pescoço. Ele entende o recado no meio do caminho e faz isso sozinho, mas pergunta;

— Gosta disso, Amelie? — eu juro que o tom que ele usou foi puramente curioso, ele não estava tentando me seduzir nem nada do gênero.

Mas conseguiu sem mesmo tentar.

Eu sorrio e balanço o cabeça dizendo que; sim, eu gosto. E aos poucos ele consegue fazer o pouco de pressão satisfatório o suficiente pra mim. Que é precisamente pouco.

Agora ele me animou o suficiente pra ficar impaciente. E ele me treinou bem com a minha impaciência. Mas hoje, até ele está meio rendido, porque não mostrou resistência nenhuma quando eu o empurrei para que afundasse mais na cama, quando eu decidi que queria continuar o beijo estando por cima. Na verdade, ele até tentou esconder um sorriso. Mas eu vi. E eu adorei.

Beijo ele de novo, mais e mais e mais. Eu já falei como adoro o jeito que o lábio dele é sempre quentinho? Eu adoro! A mão dele vem subindo pela minha cintura até chegar na gola da minha blusa, e começa a desabotoar os botões do pijama. Com facilidade demais pra quem nem está enxergando isso.

Quando ele me tem com metade dos botões abertos, eu paro o beijo e me ergo pra respirar. Demoro um pouco mais aqui. Passo a mão pelo cabelo e o coloco todo pra trás. Ainda passo um tempo só olhando pra ele passar as mãos pelo pedaço de pele do meu peito que agora está descoberto. Ele me faz suspirar com isso e eu devolvo na mesma moeda, me esfregando um pouco em cima dele. Mas acho que isso me fez suspirar mais.

Não volto pro beijo ainda, estou pensando em fazer outra coisa. Corro a vista dos olhos dele até o quadril dele, e acho que ele entendeu o que eu pensei, porque acabou de colocar os braços atrás da cabeça.

Agora me deu frio na barriga. Me afasto mais pra trás e...

Ele levanta de uma vez quando escuta uma movimentação vindo no corredor. Lupin percebeu primeiro, e eu tentei me convencer que não deveria ser nada, mas quando eu ouvi os muitos pares de passos e burburinho distante, fui obrigada a concordar que havia alguma cosia acontecendo do lado de fora. E também fui obrigada a sair de cima dele. E a abotoar minha camisa o mais rápido possível.

Ele sai do quarto primeiro que eu, olhando nos dois lados do corredor pra não ser pego no flagra saindo daqui. E aí caminha até o meio do corredor pra fingir que nem esteve no meu quarto. Eu queria rir da esperteza dele mas ver um bando de alunos descendo as escadas em direção ao salão principal à essa hora da noite me deixou meio preocupada.

Lupin olha pra mim meio sério como se dissesse "Espere aí, vou saber o que aconteceu". E eu fico aqui sem mover um músculo. Ele anda pelo corredor até sumir, e depois de dois minutos volta, com o semblante um pouquinho consternado. Eu olho pra ele quase implorando que ele me explique o que aconteceu e então ele diz;

— Aparentemente, Sirius Black tentou invadir a torre da Grifinória.

— Aquele que é um assassino e fugiu da prisão?! — pergunto preocupadíssima. Ele não responde isso, mas diz outra coisa;

— Relaxe... Já revistaram o Castelo, ele não está mais aqui.

Encaro o corredor escuro e depois os meus próprios pés. Acredito no que ele disse, mas se você qualquer outra pessoa dizendo, eu acharia que era só uma desculpa pra não gerar preocupação. 30 segundos depois eu me sinto mais calma (porque a ideia de ter um assassino perigoso no mesmo ambiente que eu me deixa desesperada).

Então... — eu amacio o tom de voz — Você vai ter mesmo que dormir comigo hoje. Pra caso o Black decidir voltar. — faço uma vozinha meio teatral agora — Você não deixaria eu, uma pobre garotinha indefesa, ficar sozinha num quarto, à mercê de um assassino perigoso, não é?

Ele balança a cabeça e ri de mim.
— É melhor nós entrarmos, então. — ele vem em direção a porta, onde eu estou, e agora sussurra; — E trancar a porta.

Mr Moony's New Assistant - Remo Lupin Onde histórias criam vida. Descubra agora