e i g h t e e n

6K 457 1.1K
                                    

-Arco 02: A corredora de ouro-

— Ah, eu vou sentir tanto a sua falta! — Saori disse, se jogando no colchão sem lençol.

— Eu não tô indo embora pra sempre da sua vida, Sasa. Além disso, você sabe onde fica minha casa nova! — Amber mostrou a língua e fechou a última mala, respirando aliviada.

— Sei que ela não fica no mesmo corredor que o meu quarto, então é longe demais! — Saori começou a fazer drama. — AÍ EU VOU DEFINHAR ATÉ MORRER SEM VOCÊ AQUI. Vou ficar igual maconha murcha.

— Você é muito noia! Tudo pra você termina em fumar maconha. — Amber gargalhou.

— Puxei minha mãe. — Saori disse fazendo um biquinho. — Ela tinha esperanças que eu viesse pro internato me tornar uma princesa, mas acho que não deu muito certo.

— A princesa da biqueira, só se for — a fala gerou uma gargalhada alta em Saori, que mostrou o dedo do meio, mas não discordou.

— Meu coração ainda não tá preparado.

— Você é forte, você aguenta.

No meio da conversa, a porta foi aberta.

— Bee, vamos? — Mikey falou. Sorria igual um palerma paspalhão e apoiou os braços no batente da porta. Saori revirou os olhos.

— Vamos. — Amber respondeu.

— NÃO! NÃO VAMOS NÃO! — Saori agarrou a amiga. — MIKEY VOCÊ ROUBOU MINHA BEE.

— Nem começa, ela é minha Bee! — Manjiro correu e agarrou no outro braço de Amber, puxando-a para mais perto. Rapidamente a garota virou um cabo de guerra.

— Tem Bee pra todo mundo!

Eles riram e deram um abraço em grupo apertado. Desde que Saori percebeu que Mikey ficava com ciúmes quando chamavam Amber pelo apelido que ele deu e falavam que ela era de alguém que não era ele, ela nunca mais parou de fazer aquilo. Adorava perturbar o garoto. E ele, mesmo sabendo que ela fazia pra provocar, não conseguia evitar revidar.

Mikey carregou a última mala até o saguão e saiu para colocá-la no carro. Enquanto Amber se despedia do internato, Fumiko estava lá parada, olhando com um jeitinho inquieto. Amber foi até ela e a abraçou de surpresa.

— Também vou sentir saudades, Fumiko! — Abraçou a mulher e apertou a bochecha contra a dela, esfregando de forma carinhosa.

— Eu só não digo que finalmente vou ter paz porque a Saori não vai embora. — As duas riram juntas. — Brincadeira, menina. Eu vou sentir sua falta sim.

— Pelo menos agora você não vai ficar expulsando os garotos escondidos do meu quarto.

— Menina, você não toma vergonha mesmo?

— Nem uma gota! Nessa boquinha só entra álcool e leite.

— AMBER, QUE ISSO? — Fumiko espantou-se, arregalando os olhos. Ela riu com tamanha cara de pau. Mas nem no dia da despedida Yukimura dava um pouco de descanso para ela.

— Olha só, você vendo duplo sentido em tudo. — Amber falou em tom de desaprovação enquanto ria. — Tá sem modos, ein, Fumiko.

Depois de abraçar todo mundo que precisava, Amber se despediu oficialmente do internato e caminhou para fora uma última vez como estudante.

Já era três de setembro e as folhas de outono começavam a cair. O vento já estava mais gelado que o normal e as pessoas já começavam a tirar os casacos dos armários.

Your Voice, MikeyOnde histórias criam vida. Descubra agora