Your Voice, Mikey

f i f t y | f o u r

Avisos

Esse capítulo contém referências indiretas à violência física e sexual. Leiam com responsabilidade.

E como batemos 16k to postando mais esse capítulo porque eu to feliz e pq eu to agoniada (gente, eu juro que eu amo MUITO o novo personagem que vai aparecer, não via a hora de vocês conhecerem também)

Beijinhos! Amo vocês! 💖💖

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-Como está sua vista? -Perguntou a enfermeira Minako.

-Já consigo enxergar bem melhor, obrigada. -Você agradeceu e encarou o espelho.

Uma fina linha esbranquiçada vertical logo acima da sobrancelha esquerda marcava sua pele. Já sabia que aquela cicatriz ficaria para sempre, então tentava se acostumar com a aparência dela.

-Conseguiu falar com meus pais? -Você perguntou, mas mais uma vez Minako negou.

"Mentirosa, safada" você pensou em silêncio. Tinha escutado ela conversar ao telefone algumas noites antes e tinha certeza de que ela conversava em japonês com alguém sobre alguma das alunas, e você era a única estrangeira do lugar.

-Fico feliz que esteja se dando tão bem aqui. -A enfermeira sorriu.

-É, eu também. -Você concordou e se levantou. -Eu vou sair agora, se me dá licença.

-Claro, à vontade.

Você já não ficava mais no quarto isolado e agora dormia junto com as outras garotas. O sol estava se pondo e você resolveu aproveitar os últimos instantes que tinha. Correu pelo gramado até chegar na nas árvores que ficavam um pouco mais afastadas da casa, mas ainda estavam dentro do terreno. Ali ninguém podia te ver.

-Já coloquei algumas garrafas com água. -Aurora disse surgindo por entre as árvores e te assustando.

-Que susto, Aurora! Achei que alguém ia me flagrar.

-Vai dar tudo certo, não se preocupa. -Ela deu uma risadinha. -Que empolgante!

-Só preciso guardar isso. -Você disse pegando o dinheiro que tinha escondido no sutiã e colocando na carteira dentro da mochila escondida no arbusto.

-Você rouba as funcionárias na cara de pau, é engraçado. -A loira riu. -Vou sentir sua falta.

-Eu também vou sentir sua falta. -Você ficou de pé e deu um abraço na menina. -Se quiser eu venho te resgatar.

-Não, eu gosto daqui. Esse lugar me faz bem.

-Se a Clarice ficar no seu pé você me fala, eu volto e pico ela em pedacinhos.

-Ai que horror, [Nome]! Mas eu falo sim. Se precisar eu peço pra ligarem pros meus pais e peço pros meus pais tentarem entrar em contato com a garota rebelde que me ajudou a sobreviver por aqui.

-Eu já tenho um histórico com internatos e essas coisas. -Você disse se lembrando de tudo o que já tinha passado.

-Seus pais tentam resolver as coisas te trancando nos lugares. Seria engraçado se não fosse trágico.

-É, mas se eles estão achando que eu vou simplesmente ficar aqui dentro igual da última vez, eles estão muito enganados.

-Você é malvada. Eu gosto disso. -Aurora riu mostrando a língua por entre os dentes.

-Vem, é melhor a gente voltar antes que percebam.

-Tem razão.

Vocês duas deram as mãos e saíram correndo pelo gramado. Os vestidos longos esvoaçantes, o cabelo ao vento e as gotas da garoa gelada começavam a cair, tornando tudo ainda mais divertido. Aurora era, provavelmente, a única coisa que você realmente gostava naquele lugar.