f i f t y | s e v e n

1.4K 179 395
                                    

A sala cabia exatamente o número de pessoas que possuía. Uma garota entrou para reabastecer os copos e todas ficaram em silêncio absoluto, apenas aguardando. O papel de parede vermelho, as luzes amareladas e a mesa verde passavam uma vibe de cassino clandestino. O cheiro da maconha no ar exalava, enquanto o som do líquido sendo derramado dentro dos copos de vidro compunha toda a acústica do ambiente.

Você foi até a ponta da mesa e se sentou. Arya dispensou a própria cadeira e decidiu ficar de pé atrás de você, com a mão no encosto da sua poltrona. Esperou por alguns instantes, observando o baralho intocado em cima da mesa, em seguida, a funcionária saiu, deixando-as finalmente a sós.

-Cada uma de vocês já me conhece, fui eu que entrei em contato e as chamei aqui. -Você disse usando o mesmo tom de voz que via em sua mãe quando ela negociava. Elegante, sexy e levemente intimidador. -E se vocês aceitaram, é porque estão dispostas a fazer parte disso.

-Senhorita Yuki, todas nós te conhecemos, mas não conhecemos umas às outras. Já que vamos trabalhar juntas, acho justo que sejamos apresentadas. -A mulher na terceira cadeira da esquerda se manifestou.

-Concordo. -Você disse puxando o próprio copo pra perto. -Vocês querem se apresentar ou eu falo?

-Pode deixar que eu mesma me apresento. -A mulher se levantou. -Eu sou Pilar Santana. Sou advogada e trabalho na Defensoria Pública. Tenho um currículo extenso e já trabalhei em diversos casos famosos, além de ter muitos contatos com juízes, delegados, policiais e todo tipo de pessoas que vocês vão querer subornar.

Pilar definitivamente era o tipo de mulher que chamava a atenção. A pele escura era tão bem cuidada que parecia polida, a cabeça raspada na máquina dois provavelmente, as roupas eram elegantes, exatamente como se espera de alguém que trabalhe com a justiça, e a maquiagem muito bem feita. Além do sorriso, é claro. Faria qualquer dentista ficar hipnotizado.

-Como é que a gente vai confiar em você? -Perguntou a garota do lado direito. -Você tá bem enfiada na justiça, né? Como a gente vai saber que você não tá armando uma pra levar todo mundo pra cadeia agora mesmo?

-Relaxa aí, princesa. -Disse a loira cruzando os pés sobre a mesa e empurrando a cadeira pra trás. -Eu conheço essa daí, é metida em muita polêmica, mas tá sempre lutando por espaço para as mulheres, né não?

-Você tem noção de quantos homens ricos se livram de seus crimes unicamente por serem ricos? -Ela perguntou apoiando as mãos na mesa. -O que eu faço é subornar mais ainda quem for necessário pra fazer cada um deles pagar. Além disso, eu gosto muito de dinheiro. Não me importo com crimes menores. Querem assaltar bancos? Brigar com outros criminosos? Tanto faz pra mim. Eu só não gosto quando mexem com inocentes, e a Yuki deixou bem claro que com eles a gente não vai se meter.

-Exatamente. -Você concordou e ela se sentou.

-E se a gente for roubar gente rica? -Lua perguntou. -Vai se incomodar?

-Até eu posso ser hipócrita às vezes. -Pilar sorriu se sentando novamente.

-Eu sou a Lua Santiago. -Disse a loira com os pés na mesa. O cabelo era tão claro que chegava a ser quase branco. -Eu sou fugitiva, então não posso nem sonhar em aparecer por aí. Fui sentenciada à 8 anos por clonagem de cartão e estelionato.

-Você é uma daquelas pessoas que ligam pra casa das outras fingindo que o cartão foi clonado e dão o golpe? -A garota da direita perguntou.

-Era, mas a Yuki deixou bem claro que eu não vou mais poder fazer isso.

-E você confiou nela, assim, de graça?

-Ela disse que vai me esconder e me ajudar a arrumar documentos falsos. É óbvio que eu topei. -A loira balançou a cabeça como se fosse uma pergunta idiota.

Your Voice, MikeyOnde histórias criam vida. Descubra agora