Avisos
Esse capítulo contém referências à violência doméstica, agressão e morte. Leiam com responsabilidade.
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Depois de se conhecerem um pouco melhor, Arya te deixou usar o banheiro dela para tomar banho e se vestir, mas ficou rindo quando você saiu usando um vestido rodado com estampa de flores.
-Nem parece que esfaqueou um homem agora há pouco. -Ela disse enquanto puxava a gaveta e tirava outras roupas. -Toma, veste isso aqui, deve servir em você. Tá frio demais pra ficar de vestido.
-Não fode, era só isso que tinha naquela clínica. -Você falou pegando a roupa e voltando para o banheiro.
Arya tinha te entregado uma calça jeans e um casaco de moletom preto, junto de um par de meias. Aquela roupa era muito mais confortável do que os vestidos que tinha conseguido.
Depois que ela tomou banho e se aprontou, vocês duas ficaram na sala. Arya preparou pão com ovo e uma jarra de suco. Foi só enquanto comia que você notou como estava morrendo de fome. Conversavam sobre tudo e, enquanto você contava sua história, ela contava a dela.
-Campo Grande. -Ela disse. -Fica no Mato Grosso do Sul. Já tinha vindo pra cá?
-Nunca. -Você respondeu.
-E como veio parar aqui?
Talvez fosse imprudência da sua parte, mas você tinha salvado a vida de uma garota completamente desconhecida, além disso, ela tinha te oferecido abrigo e comida. Era o mínimo que podiam fazer para expressar gratidão uma para a outra, e então, contou sua história inteira.
-Caralho, quanta coisa. -Ela expressou quando você terminou de falar.
-Eu sei. Tudo o que eu quero é voltar pra Tóquio. -Você suspirou enquanto colocava o prato e o copo vazios na mesa de centro. -Obrigada pela comida.
-Nada. Mas aí, acho que é minha vez de contar minha história, né? -Ela riu enquanto esfregava as mãos.
-Seria legal.
-Não é tão longa quanto a sua, mas é pesada também. -Ela esticou as costas erguendo os braços, e você pode notar que ela tinha músculos bem definidos. -Minha mãe sofria violência doméstica desde que eu era um bebê. Eu cresci vendo meu pai bater nela até quase perder a consciência. Eu dormia com uma faca embaixo do travesseiro porque tinha medo dele.
-Porra... -Você expressou baixinho.
-Quando eu tinha dezesseis anos ele deu uma surra tão grande nela que quebrou o braço. Eu não aguentei e ataquei ele com uma faca pelas costas, exatamente como você fez com aquele cara. -Arya olhou diretamente em seus olhos e respirou fundo. -Hoje eu entendo o alívio que minha mãe sentiu quando eu fiz aquilo.
-Eu sinto muito por isso. Por toda essa situação, no caso.
-É foda. Infelizmente aquele lixo sobreviveu e eu fui parar no reformatório. Passei dois anos lá dentro, morrendo de agonia, pensando em todas as surras que meu pai deveria estar dando na minha mãe, porque ele não deixava ela me visitar. Pelo menos era isso o que eu pensava.
-O que aconteceu?
-Duas semanas depois que eu fui presa, meu pai bateu demais na minha mãe e ela não resistiu. O filho da puta sumiu do mapa e eu só fui descobrir quando saí do reformatório. -Arya suspirou. -Desde aquela época, tudo o que eu faço é tentar encontrar aquele merda pra terminar o serviço.
Quando ela disse aquelas palavras, um frio percorreu seu corpo inteiro. A garota que tinha te salvado realmente sentia vontade de matar alguém, mas o que mais te assustou foi o fato de que aquilo não te incomodava. Com toda aquela história, você compreendia os sentimentos dela, por mais bizarros que fossem.
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Your Voice, Mikey
Fanfiction[Fanfic] [Tokyo Revengers] [Mikey] [+18] Depois de ser mandada para um internato fechado numa região tranquila de Tóquio, a vida de Amber ficou muito pacata... na teoria. Saideiras escondidas, encontros suspeitos e muitas festas na madrugada eram o...