-Um prédio abandonado? -Você disse atravessando o saguão junto dela.
-É o melhor que a gente vai conseguir agora. Você não tem medo de rato, tem?
-Que nojo. -Falou olhando em volta e vendo toda a poeira.
-Vai ter que se acostumar, Yuki.
-Tá, tanto faz.
Subiram as escadas escuras até o último andar (oitavo) e entraram em um dos apartamentos que haviam lá. Estava podre de tão sujo, mas era como Arya havia dito: era o melhor que dava pra conseguir naquelas condições.
-A gente pode ficar aqui em São Paulo um tempo, depois a gente vai pro Rio. -Ela falou abrindo uma janela. -Eu conheço um cara que vende armas lá.
-Que estranho falar sobre comprar armas. -Você riu jogando a mochila no canto e se sentando no chão. -Lá no Japão é muito raro o uso de armas, a gente briga na mão mesmo.
-Agora você tá no Brasil, Yuki. Aqui tudo se resolve no tiro, não tem como querer fazer as coisas no kung-fu.
-Eu não luto kung-fu. -Você riu. -Mas falando nisso, tem algum lugar onde eu possa treinar luta?
-A gente pode procurar, mas é como eu falei: aqui no Brasil ganha quem tem mais tiros.
-Mas uma hora eu vou voltar pra Tóquio, não posso me acostumar a ficar só com armas. -Você suspirou e ela se sentou na parede oposta à sua, ficando de frente uma para a outra. -Aí, Arya, você imaginou que ia acabar assim?
-Num prédio abandonado com uma mina que eu nunca vi na vida antes? Porra, dois dias atrás eu tava comprando sabão em pó. -Ela riu enquanto apoiava o cotovelo no joelho erguido.
-É foda. -Você riu. -Caralho, daria tudo por um fino agora.
-Ia ajudar a melhorar o clima. -Arya suspirou e deslizou as pernas, ficando com o corpo folgado no chão. -Aí, você que manja de gangue e essas coisas, agora que a gente tá aqui acha que é uma boa ideia montar um grupo ou algo do tipo?
-Montar nossa própria gangue? A gente se conheceu ontem e você já quer montar gangue? -Você riu com a ideia dela, mas não podia negar que era boa.
-Você esfaqueou um cara pra salvar minha vida, não fode, Yuki. -Ela riu. -Vai, de que tipo de pessoa a gente vai precisar?
-Antes de mais nada a gente vai precisar juntar grana, então vamo com tudo nesses caixas eletrônicos. Depois disso vamos precisar de gente de confiança, mas não dá pra ser qualquer merdinha. Alguém que tenha ficha limpa e possa abrir um comércio pra lavagem de dinheiro.
-Que malvada, continua.
-Alguém que tenha contato com a lei e com a polícia, isso vai facilitar possíveis subornos, e documentação. A gente se livra mais fácil das investigações com gente assim do nosso lado. Também vamos precisar de alguém que sirva pra cuidar da grana, tipo um tesoureiro. Esse é o mínimo, depois a gente vai melhorando os cargos.
-Olha só, a mocinha é malvada mesmo. -Arya deu risada e alongou os braços. -De manhã a gente vai atrás de explosivos, roupas pro crime e tudo mais. Depois a gente procura um lugar com aula de luta pra você treinar.
-Quando a gente conseguir alguém metido com a lei a gente procura pelo seu pai, vai ser mais fácil.
-Sim, você tem razão. -Ela virou e se deitou no chão de barriga pra cima. -Agora descansa, depois a gente decide um nome legal.
Dormiram a noite toda (embora o chão não fosse muito confortável) e no dia seguinte Arya passou em todos os lugares sinistros da região até comprar os explosivos. Vocês duas organizaram as roupas completamente pretas, toucas ninja e tudo que era necessário.
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Your Voice, Mikey
Fanfiction[Fanfic] [Tokyo Revengers] [Mikey] [+18] Depois de ser mandada para um internato fechado numa região tranquila de Tóquio, a vida de Amber ficou muito pacata... na teoria. Saideiras escondidas, encontros suspeitos e muitas festas na madrugada eram o...