— Está mais calma? — Ele foi bastante atencioso comigo, buscou água para mim, me ouviu falar sobre a doença da minha mãe, meus problemas com meu pai, me abri completamente.— Estou sim, muito obrigada por ter me escutado — dou um leve sorriso e mais um gol na água — me sinto tão aliviada depois de desabafar.
— Imagina, sempre que precisar pode conversar comigo — algo me diz que vou precisar bastante — afinal, somos amigos, não somos? — Sorri, segurando minha mão.
— Claro! Somos amigos que estão atrasados para alguma coisa, organizada pelo meu irmão, que não fazemos a mínima ideia do que é.
— Murilo não te contou?
— Desde quando ele me conta alguma coisa? — Meu irmão é a personificação de uma “caixinha de surpresas”, uma verdadeira caixa de Pandora.
Lavo o rosto, para aliviar um pouco a cara de choro, e como vamos para o mesmo lugar, Bruno me oferece uma carona.
Assim que chegamos vejo meu irmão, acompanhado da minha mãe, os dois no jardim organizando algo sobre a mesa.
Quando nos vê, Murilo vem falar com Bruno.
— Não vai me dizer que já está aqui para o churrasco de domingo? Rápidos vocês? — Diz rindo, enquanto eles se cumprimentam, e se não fosse a maior loucura, eu diria que Bruno ficou sem graça com o comentário.
— Quem me dera — um pouco ambíguo, “quem me dera estar aqui para um churrasco?” Ou “quem me dera estar aqui para um churrasco na casa dos meus sogros?” — vim te ajudar, com alguma coisa do casamento, esqueceu?
— Não esqueci, inclusive — pega uma caixa de papelão, em cima da mesa, e estende na nossa direção — vocês irão me ajudar com isso aqui.
— O que é isso? — Aproximo-me mais, olhando dentro da caixa, cheia de guardanapos — guardanapos? — E muitos deles, várias outras caixas sobre a mesa, cheias até em cima com eles.
— Sim, para dobrar. Não consigo dobrar tudo sozinho, mamãe não está em muitas condições de ajudar, então por isso chamei meus padrinhos — não estava nos meus planos passar o domingo dobrando guardanapos, mas é a vida.
— Até que vai ser legal ver Bruno com essa mão de jogador de vôlei, dobrando guardanapos — rio um pouco, certas coisas você nunca se quer pensou em ver acontecendo, e Bruno fazendo dobradura, com direito a lacinho dourado, em guardanapos, é uma dessas coisas — se ele conseguir dobrar um, estará de bom tamanho.
— Acha que eu não consigo?
— Sim, na verdade eu acho que você não sabe nem como se dobra um guardanapo — e sou capaz de apostar que não estou errada.
Vamos retirando os guardanapos brancos, e as fitinhas douradas de dentro das caixas, fico entre Murilo e Bruno, com minha mãe à minha frente do outro lado da mesa. Ela consegue dobrar alguns, meu irmão também, mas Bruno está completamente perdido. Quase fazendo um origami com o pano.
— Não é assim que se dobra — chego mais perto do levantador, que para o que estava fazendo e me olha — está amassando, não dobrando. Quer ajuda? — Ele sabe que não está fazendo do jeito certo, e aceita minha ajuda.
Com muita paciência, o explico como dobrar corretamente o pano e colocar a fita dourada em volta. Dobro um deles, fazendo praticamente um passo a passo para ele, que não tirou os olhos de mim nem por um segundo.
— É assim que se dobra um guardanapo — depois de dobrado, o entrego para Bruno — agora é a sua vez.
— Tudo bem, vamos tentar. Com uma professora tão habilidosa, não é difícil aprender — talvez eu não seja tão habilidosa assim, já que ele ainda não consegue.
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Red Zone - Bruno Rezende
FanfictionEstela Martin é uma fisioterapeuta muito conhecida no mundo esportivo, mais especificamente do vôlei, há 10 anos atua em um clube francês e possui uma carreira consolidada no exterior. Sua "fama" se deve ao fato de ter conseguido ajudar jogadores fa...