Capítulo 37 - De volta ao Brasil

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Pela primeira vez em todos esses meses, passei uma noite inteira sem ter um único pensamento com Bruno. Nada. Absolutamente nada.

Apenas o recordei ao ser acordada por sua ligação.

— Estela? — Diz assim que o atendo, respondo com um oi, sonolento, e ele começa a explicar o motivo de ligar tão cedo — Renan pediu para te ligar, ele está em reunião com os superiores dele, e quando acabar, que falar com você. Pode vir aqui no nosso andar?

Deve ser para acertar os detalhes da minha demissão.

— Claro — coço os olhos, me sentando na cama — só preciso me arrumar e já vou.

— Vou avisar a ele.

— Obrigada.

— De nada.

Bruno desliga, coloco meu celular de volta ao móvel próximo à cama e olho para o meu lado, vendo Facu dormir.

Ele se espalhou pela cama, que não é grande, um dos braços estão em cima de mim e o outro para a fora, a mão chega a encostar no chão.

É muito injusto um homem de praticamente dois metros de altura dormir num lugar tão pequeno.

Visto que tenho a reunião com Renan, e ele a cerimonia de recebimento da medalha, decido acordá-lo — mesmo que com muita dor no coração.

Seu sono é tão profundo, dorme feito uma criança depois de um dia inteiro brincando e correndo.

— Facu, vamos acordar? — O balanço, devagar. O argentino murmura algo, que não consigo entender bem o que é, então continuo tentando fazê-lo despertar — está na hora.

— No mami, no tengo que ir a la escuela — mami? Escuela?

— Você está em Tóquio, não é sua mãe, sou eu, Estela — passo as mãos por suas costas, deixo beijos em seu pescoço, mas nada o acorda.

Será que se eu disser que ele está atrasado, isso ajudaria?

— Conte, você está atrasado para receber a medalha, Mendez já bateu aqui umas cinco vezes! — Falo num tom mais alto, tentando ser convincente, e dá certo. Acorda tão desesperado, que cai da cama. Logo se levantando.

— Que horas são? O que você disse a ele? — Veste a cueca de qualquer jeito, corre a procura da calça, e eu rio.

— Calma, você não está atrasado e Mendez não esteve aqui. 

— No?! — Cessa a correria, respirando aliviado ao olhar as horas no relógio — a final ainda não começou, por que me acordou tão cedo?

— Tenho que ir encontrar com Renan, não posso te deixar dormindo sozinho aqui. Mas você não acordava, chegou a achar que eu fosse sua mãe — dou um leve riso — por isso inventei isso.

— Quase me matou do coração — volta para a cama, sentando ao meu lado — ele disse o que queria?

— Não. Na verdade quem me ligou avisando foi Bruno, não Renan. Mas deve ser algo relacionado a minha demissão.

— Achei que ele fosse mais esperto, te demitir dessa forma?! Marcelo contou que te chamou para o Sada, vai aceitar?

— Não sei, preciso de um tempo para pensar.

— A última vez que ouvi essa palavras de tu boca, a resposta foi no.

— Dessa vez é diferente! E estou feliz por ter acordado sem nenhum anel de noivado no meu dedo.

— Falei que não iria! Serei tu último amor, levando o tempo que for preciso, no tenho pressa. Mas se você for para o Sada, vou ficar muito feliz.

— Prometo pensar com muito carinho a respeito dessa proposta.

 Red Zone - Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora