Red Zone - Bruno Rezende

Capítulo 41 - Ultimato

Conte ainda tentava se explicar, dizendo que não teve intenção de machucar a moça, mas Luiza, como Fernando havia dito, é difícil. Não amolece nem por um segundo.

- Nós dois erramos - a nordestina admite - eu me distraí, e você também. A culpa é dos dois.

- Concordo - finalmente eles entram em consenso sobre algo - aceita minhas desculpas?

- Aceito.

- Esse é um bom momento para você pedir desculpas também, por ter me xingado.

Luiza o olha, dos pés a cabeça.

- Eu acho que não. Te xinguei porque você mereceu, é um arrombado.

Os dois começam tudo outra vez.

E vê-los discutindo, faz com que eu tenha um deja-vu, das vezes em que discuti dessa mesma forma com um certo alguém.

- O que passa aqui? - Mendez entra na quadra, e a primeira coisa que vê é um grupinho, tendo uma conversa "exaltada". Péssima forma de começar o dia de trabalho.

- Nada demais - Isac responde - a irmã do Cachopa está contando sobre o dia que ela conheceu Conte, lá em Natal.

- No sabia que Fernando tinha una hermana!

- Mas eu tenho - o levantador apresenta Luiza ao técnico, que a cumprimenta sorridente.

Com Marcelo presente, não teria como os dois continuarem, os jogadores foram mandados para a quadra, treinar, Luiza se sentou na arquibancada para assistir, e eu fui ser entrevistada pelo técnico.

- Fiquei muito feliz quando recebi tu ligação! - Senta-se á minha frente, pegando meu currículo em mãos para analisa-lo.

- E eu fiquei ainda mais feliz por saber que você ainda não havia contratado ninguém.

- Recebi ótimos profissionais, muito qualificados, e caso você não aparecesse nesses próximos dias, já sabia exatamente quem contratar.

Durante a entrevista de emprego pergunta a respeito das minhas formações acadêmicas, pretensões salariais, as mesmas perguntas de sempre.

Questiona minhas experiências passadas, na França e na seleção.

— Conversei com Renan, sobre você, e ele rasgou elogios a seu respeito — uau! — Fez um excelente trabalho com Bruno, tem um currículo impecável, com experiências no exterior, é uma pessoa de fácil convivência — lista todas as coisas que ouviu do técnico brasileiro — dito isso, não tenho outra opção, a não ser te contratar.

— Sério?! — Mal consigo acreditar, fico tão empolgada que quase pulo da cadeira.

— Claro. Quando pode começar?

— Por mim começaria hoje mesmo — rio — mas preciso organizar minhas coisas, o senhor sabe como mudanças são complicadas.

— Em primeiro lugar, não precisa me chamar de senhor, não sou tão mais velho do que você — ri — e em segundo, pode ficar a vontade para começar amanhã. Pode ser?

— Com certeza, o senhor, digo, você não vai se arrepender por ter me contratado.

— Tenho certeza disso.

Saio da sala de Mendez, mais feliz do que jamais estive nesse últimos dias.

Não consigo parar de sorrir por um instante que seja.

Encontro Fernando no corredor, encostado na parede, como que esperando por mim.

— E aí, conseguiu? Pela sua cara de felicidade, eu acho que sim.