Capítulo 16 - Reconciliação (Final Alternativo)

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Não achei que em alguma noite futura estaria à espera de Conte, nervosa, andando de um lado para o outro e mexendo nas panelas pela milésima vez.

Mas aqui estava eu. Exatamente assim.

Prometi que não iria tentar "matá-lo" com a pimenta, e por causa disso li cada rótulo, e segui à risca as receitas.

Tudo para ter um jantar incrível.

Eu ia abrir meus sentimentos, outra vez, para ele. E se a declaração desse errado pelo menos a comida precisava ser boa.

E fácil. Quanto mais complexa, maior a chance de eu me confundir com os ingredientes e dar tudo errado.

Zeus me olhava, enquanto eu colocava um pouco mais de água no arroz. O cachorro estava deitado à beira dos meus pés, mastigando o ursinho de pelúcia que Bruno me deu, mas que agora já era praticamente seu.

— Você acha que isso vai ficar bom?

Perguntei olhando para o cachorro. Não esperava uma resposta, claro, mas a reação dele poderia ser um sinal. Cachorros possuem um faro muito aguçado, não é?!

Zeus ergueu um pouco a cabeça, soltando o brinquedo da boca, e me olhou.

— É um sim?! Seu pai não é muito exigente com comida, mas eu não posso servir papelão à ele.

Comprei uma jaca verde, para tentar fazer "carne" de jaca.

Na primeira vez que saímos juntos Conte me levou à um restaurante vegano, em São Paulo, e o prato que nós dois pedimos foi esse.

Mas recriar a comida daquele dia, não estava sendo nada fácil.

O primeiro obstáculo foi conseguir trazê-la para casa, era muito pesada, e eu ainda carregava outras coisas, como arroz e feijão.

Meus dedos estavam ficando vermelhos quando em fim deixei as sacolas sob a bancada da cozinha.

Zeus logo veio correndo, pulando em cima de mim, à espera de algo que eu tivesse comprado para ele.

Os brinquedos da última vez que fui ao centro estavam escondidos debaixo da sua coberta. Ele tinha esse hábito, de esconder suas coisas, e inclusive objetos da casa, sob a cobertinha azul que eu o cobria.

Dei os petiscos à ele e Zeus saiu, tão rápido quanto chegou, a caminho da varanda.

Carreguei a jaca até o tanque, no lado de fora, e a abri ao meio.

Essa foi a parte mais difícil.

Com a fruta cortada, passei óleo nas mãos, e fui retirando os gomos e colocando em uma vasilha. Eu nunca tinha comido jaca, não sabia qual era o gosto, tudo que eu tinha era um tutorial do YouTube ensinando a prepará-la.

E quando a vi pronta, mal acreditei que eu havia feito aquilo.

Parecia carne de verdade, o cheiro e o gosto estavam bons. E lembravam o sabor de frango.

Pelo visto eu não era um fiasco total na cozinha.

Podia adicionar ao meu currículo que além de molho de cachorro quente, também sabia fazer carne de jaca.

Pontualmente às vinte horas escutei batidas na porta, três, para ser mais precisa. E só poderia ser Conte.

Ele não costumava se atrasar, e eu não estava esperando por mais ninguém.

Abri a porta e era o argentino, ele trazia consigo uma garrafa de champanhe Dom Perignon, rosé, e um sorriso de canto no rosto.

Entrou e assim que ouviu sua voz, dizendo  boa noite, Zeus correu, vindo da varanda, e foi abarcado pelos braços de Facu.

 Red Zone - Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora