Capítulo 25 - Novos rumos, velhos conhecidos

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— Para quem vai sua torcida hoje? — Fernando e eu conversamos no corredor, próximo à sala de fisio.

— Óbvio que para vocês! Para quem mais seria?

— Não sei. Talvez para um certo ponteiro argentino — ri —  eu juro que vou entender se você não conseguir torcer contra ele.

— Que bom, porque eu não iria conseguir mesmo — Eu ri, mais de nervoso do que qualquer outra coisa. Se bem que qualquer nervosismo que eu sinta agora, não se compará ao que irei sentir mais tarde. Dentro de quadra.

— O que a melhor fisioterapeuta do país não iria conseguir? — Bruno surge atrás de mim, me dando um leve susto. Cumprimenta Cachopa e os dois me olham.

— Jogar vôlei — respondo, com o primeiro pensamento que tenho — Fernando me chamou pra jogar com ele algum dia, mas eu sou péssima.

— Verdade — o levantador do Cruzeiro concorda — parece que tem medo da bola.

— Ah sim — Bruno parece ter acreditado — por um instante, achei que Cachopa estivesse roubando a minha fisioterapeuta — ri.

— Jamais! Mas tenho que admitir, Estelinha faz uma massagem muito boa, você devia experimentar — dá uma batidinha no ombro do amigo, e despede-se de mim com um abraço rápido, indo treinar.

— Então, acho que hoje vou querer experimentar a tal massagem. Pode ser?

— Claro! Acho que vai ser bom aliviar a tensão antes de um jogo tão importante — abro a porta da sala, a segurando, e faço um gesto para que o jogador entre. Assim que ele o faz, a fecho — deita ali e você pode tirar a camisa enquanto eu pego o relaxante?

— Posso.

Com o levantador deitado de bruços, passo o relaxante muscular nas suas costas, massageando-a delicadamente.

— Nervoso para o jogo de hoje?

— Um pouco, a Argentina jogou bem com a Rússia, talvez hoje seja diferente. E você?

— Estou tranquila — minha resposta provoca um leve riso nele.

— Mentindo para mim de novo Tetela?

— De novo?

— Sim. Mentiu ali no corredor — pelo visto eu estava enganada e ele não acreditou em nada do que eu falei — e agora está mentindo de novo.

— Como você sabe que eu menti lá fora?

— Porque eu conheço você. E ainda levou o Cachopa pro caminho da mentira! Ele não costuma fazer isso, você está influenciando ele — diz em um tom de brincadeira.

— Você quer a verdade? — Pergunto, e a resposta é afirmativa — estou nervosa com o jogo, achei o time um pouco apático no último e fico apreensiva.

— Também achei — torna-se sério — não sei explicar o motivo, mas algo no grupo não está dando liga. Nosso entrosamento não está muito bom.

— Vocês conseguem ajustar essas coisas com o tempo, não se preocupe.

— Pelo menos ainda tenho entrosamento com você.

— Tem?

— Tenho, você não acha?

— Nos últimos tempos você parecia mais chateado comigo do que entrosado.

— Porque eu estava chateado com você. Se coloca no meu lugar, imagina descobrir que a mulher por quem você sempre foi apaixonado, está ficando com você enquanto ainda é namorada de um argentino? 

 Red Zone - Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora