Passei dias com a cabeça a mil, pensando e tentando organizar tudo o que já senti e ainda sinto.
Eu fui apaixonada pelo Bruno durante praticamente todo o ensino médio, passei anos o vendo através de postagens do Instagram e quando dei por mim, estava trabalhando com ele, o recebendo na minha casa.
E por falar nisso, ele tem sido tão presente aqui em casa. Veio algumas vezes visitar a minha mãe, e ela adora recebê-lo. Sempre mostra as mesmas fotos em todas as vezes, e conta as mesmas histórias Mas mesmo assim ele presta atenção em tudo o que ela diz.
Pesquisei um pouco mais sobre o Alzheimer, e de acordo com os estudos, filhos de casais onde um dos dois tem a doença, possuem 50% de chances desenvolver, e quando se é mulher o número se torna ainda maior. Já que ser do sexo feminino é considerado um dos fatores de risco, pois mulheres possuem maior tendência.
Ler sobre me fez pensar sobre tudo, minha avó materna, Cecília, morreu com essa doença, estou assistindo minha mãe trilhar o mesmo caminho, seria esse o meu destino daqui anos?
“Exercite seu cérebro”, “o mantenha sempre ativo”, todos os livros/sites dizem a mesma coisa quando se trata de formas para prevenir o Alzheimer. E é isso que eu vou fazer.
Acordo bem cedo, mais ainda do que de costume e saio para caminhar pelo condomínio. Nessas horas eu gostaria de ainda ter um cachorro, o meu noivo e eu tínhamos um, um Pitbull, mas ficou com o meu ex. Seria perfeito passear com ele agora, sinto saudades.
Retorno para casa, meus pais estão no jardim, minha mãe molha as plantinhas e meu pai a acompanha, já o meu irmão está sentado à mesa, tomando café da manhã.
Passo direto por ele, indo até o banheiro tomar um bom banho quentinho. Coloco o uniforme, arrumo o cabelo, e vou para a cozinha tomar café com o meu irmão que ainda está lá.
— Bom dia irmãzinha, acordou cedo hoje — me sento, enchendo um copo com suco de laranja e pegando um pão de queijo.
— Sim, aproveitei para caminhar.
— Uma fisioterapeuta esportiva sedentária seria uma boa contradição. É como tatuador sem tatuagem, mecânico com carro novo.
— As vezes eu queria saber como a sua mente funciona, alguém deveria analisar. Será alguma herança de família ser esquisito?
— Não sei, acho que a única coisa herdada nessa família é Alzheimer —vou fingir que não escutei isso.
— Por falar em Alzheimer, antes de irmos para o CT, você me leva numa loja de brinquedos?
— O que Alzheimer tem a ver com uma loja de brinquedos?
— Diretamente nada, mas eu quero comprar alguns jogos de lógica, quebra cabeças, para exercitar o meu cérebro.
— Ah sim, claro, levo sim. Mas com uma condição.
— Não, eu não vou fazer um discurso no seu casamento.
Murilo insistiu tanto para que eu fizesse um discurso, de madrinha, no casamento dele. Recusei, óbvio, não faço a menor ideia do que falar.
Por onde eu começaria um discurso sobre amor, união, paixão e matrimônio se não tenho uma relação sólida assim? Tive poucas experiencias com o amor.
— O tópico do discurso não está aberto à discussões, você vai fazer, é seu papel de madrinha. Eu quero te pedir um favor, muito importante, buscar uns documentos no cartório para mim, lá em Saquarema. Pedi transferência para a base da aeronáutica em Belo Horizonte, um dos meus superiores vai vir aqui hoje à noite buscar, são muito importantes. Eu buscaria mas só ficam prontos mais tarde e eu tenho que resolver alguns detalhes da viagem.
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Red Zone - Bruno Rezende
FanfictionEstela Martin é uma fisioterapeuta muito conhecida no mundo esportivo, mais especificamente do vôlei, há 10 anos atua em um clube francês e possui uma carreira consolidada no exterior. Sua "fama" se deve ao fato de ter conseguido ajudar jogadores fa...