Capítulo 19 - Atrasos (Final Alternativo)

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Acordei antes do horário marcado, uma forte dor abdominal, um pouco abaixo do umbigo interrompeu meu sono.

Corri para o banheiro. No fundo, eu tinha uma ideia do que deveria ser, mas ao lembrar das conversas que tive com Facu na noite passada, e da empolgação dele, eu queria estar errada.

Infelizmente não estava.

Era uma cólica menstrual, o sangue estava no short do meu pijama.

Não havia bebê nenhum. Foi apenas um atraso.

Eu tinha gostado da ideia, da hipótese de ter um neném, ou um niño como Conte diria. Mas tudo bem. Não era pra ser, né?!

Senti a água acumular nos meus olhos, não havia sido um aborto espontâneo, ou talvez fosse, eu nem sei se em algum momento estive grávida.

Aos trinta e cinco anos, você se agarra a qualquer possibilidade de estar esperando por um bebê.

Um atraso normal se torna uma tábua de salvação para a maternidade.

E se dessa vez não ocorreu, podia ser um sinal de que o exame daria positivo, ou que o destino não queria que fôssemos pais.

Voltei para a cama, mas não consegui dormir. Passei a noite em claro, olhando o teto, olhando Conte dormir.

Eu não devia ter falado pra ele, tinha que ter feito o teste primeiro, esperado mais um pouco, ele ficou tão empolgado com a possibilidade de ser pai, e agora seremos dois decepcionados.

Logo que o Sol nasceu fui para a cozinha. Não estava conseguindo voltar à dormir, então, preferi levantar e ir preparar o café. Ah, e arrumar as coisas de Zeus.

Ele vai ficar com Luiza e quando eu voltar, vou dar uma passada aqui em Pipa para buscá-lo e seguir para Minas.

Peguei uma das minhas malas de viagem e coloquei os brinquedos dele, junto com o cobertor, e a mantinha rosa — que ele adorava.

— Você se comporte, ouviu garoto?

Zeus deu um único latido, esse era o jeito dele de dizer: sim.

Fiz um carinho entre suas orelhas, e ele logo se jogou no chão, deixando a barriga à mostra. Nunca vi um cachorro que gostasse tanto de receber coçadinhas na barriga.

Sempre que tinha a oportunidade pedia.

— Já está na hora de sair?

Conte entrou na cozinha, seu andar era um pouco arrastado, e não parava de coçar os olhos. Zeus correu até o argentino, que apesar do cansaço, fez carinho no queixo do cachorro.

— Ainda não. — Deixei as malas de Zeus perto da geladeira. — Pode voltar pra cama, quando der a hora eu te chamo.

— E você?

— Perdi o sono.

— Teve outro pesadelo? — Ele abarcou meu corpo pela cintura, seus braços estavam a envolvendo por completo. — Outra cobra subindo em você?

Era pior do que todos os pesadelos que já tive na minha vida. Porque era real.

Senti um profundo arrependimento de ter contado à ele, mas já estava feito, e já que eu não estava grávida, precisava esclarecer a situação.

— Eu acordei com uma dor abdominal bem forte.

Conte franziu as sobrancelhas, e levou uma das mãos que apertavam minhas costas, para minha barriga.

— Está tudo bem?

— Está, era só uma cólica menstrual.

Aquele mesmo sentimento que tive no banheiro se repetiu. O vazio no peito, a vontade chorar... se antes eu não queria sair de Pipa, naquele momento eu gostaria de poder me enfiar em um buraco na areia e não sair nunca mais.

 Red Zone - Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora