BRUNO
A comemoração da vitória se estendeu até mais tarde, nos reunimos no quarto do Douglas, para jogar conversa fora e assistir a algumas disputas brasileiras em outras modalidades.
No meio da conversa, o assunto "Rússia" surgiu, e era impossível evitar que aparecesse.
Apesar da nossa felicidade em passar para a semifinal, jogar contra a Rússia não será fácil.
No último jogo eles simplesmente nos derrotaram por três sets a zero, e no próximo, não podemos deixar isso se repetir.
É consenso geral que precisamos adotar uma postura mais firme nesse jogo, semelhante a do jogo contra a França e Japão.
E é exatamente isso que Renan frisa no treino.
Passamos a manhã inteira estudando as estratégias russas, e principalmente o bloqueio, que se tornou nosso maior terror.
Os russos são altos, e bem fortes, é difícil quebrar o bloqueio deles na base da "porrada". As vezes é muito mais num questão de jeito, do que de força.
Quando estou retornando pro treino da tarde, pós almoço, encontro com uma velha conhecida na entrada do ginásio.
— Bruno? — Anna aparece a minha frente. Desde o dia que Estela nos flagrou aos beijos, não a vi mais.
— Oi, quanto tempo! Que surpresa você por aqui.
— Eu vim fazer a cobertura dos jogos, pelo site que eu trabalho. Demorei um tempo pra vir te procurar porque e estava juntando coragem.
— Coragem pra quê?
— Pra te pedir desculpas. Todo aquele caos que eu causei na sua vida, a matéria tendenciosa, eu sei que poderia ter te custado muito caro.
— Com todo o respeito, Anna, mas não é a mim que você deve pedir desculpas. Renan e Estela quase foram demitidos por sua causa. Foram eles os mais prejudicados pela sua mentira.
— Eu sei disso, tanto que pretendo procurá-los em breve, mas eu precisava falar com você antes.
— Tudo bem. Da minha parte não existe nenhum rancor, ou sentimento ruim.
— Muito bom saber isso — sorri — então isso significa que você concordaria em me dar uma entrevista? — As entrevistas dela sempre me deixam apreensivo.
— Sobre o que seria?
— Suas expectativas para o jogo de amanhã, contra a Rússia. Eu prometo não distorcer nenhuma fala sua!
— Se você promete, eu aceito — concordo, rindo — depois do treino eu te ligo e a gente combina.
— Ótimo!
ESTELA
Leal queixou-se de dores no ombro, e devido a importância do jogo de amanhã, passei quase o dia todo o atendendo.
Começamos com massagem e terminamos com as ventosas nas costas, e no fim do dia ele parece bem melhor.
Pouco vejo Bruno, agora que as dores dele passaram, já não nos encontramos com tanta frequência no trabalho.
No fim da tarde, meu expediente se encerra, embora Renan continue reunido com Bruno, capitão do time, e alguns auxiliares para conversar sobre o jogo.
Participamos de todos os pódios das últimas olimpíadas. Em 2012 com a prata, e em 2016 com o ouro.
Fora as anteriores.
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Red Zone - Bruno Rezende
FanficEstela Martin é uma fisioterapeuta muito conhecida no mundo esportivo, mais especificamente do vôlei, há 10 anos atua em um clube francês e possui uma carreira consolidada no exterior. Sua "fama" se deve ao fato de ter conseguido ajudar jogadores fa...