A felicidade não é uma utopia, ela é real. Nós que a procuramos nos lugares errados.
Achamos que seremos felizes quando tivermos um emprego melhor, concluirmos a faculdade, nos casarmos, ou sejamos pais. Tudo bobagem.
Passamos tanto tempo pensando em quando seremos felizes, no futuro, construindo mais e mais obstáculos para alcançar a felicidade real, que a esquecemos hoje.
Do Rio eu fui direto para Pipa, e após um mês lá, eu não via mais aquela Estela sobrecarregada, nervosa e aflita, carregando o peso do mundo nos ombros. Eu me sentia leve.
Acordava cedo e passeava com Zeus todas as manhãs, me alimentava de forma correta, lavava a louça e limpava a casa ouvindo música. E o principal, totalmente offline.
Avisei ao irmão que estava indo pro Nordeste e uma vez por semana nos falávamos, apenas. Escondi o roteador de internet dentro da gaveta do guarda roupa, e a tranquei com chave, não queria correr risco nenhum de abri-la e ter uma recaída.
Confesso que nos primeiros dias foi difícil. Era um hábito entrar nas redes sociais, mas aquele meio havia me feito tanto mal, que eu precisava ficar distante. E fiquei.
No tempo livre, eu ia à praia, dava uma volta pela cidade, pintava. Comprei uma tela e algumas tintas e pincéis, minha mãe era professora de artes e tinha um talento imenso para a pintura, talvez eu também tivesse.
Queria retratar a praia. O mar com suas ondas. A areia quente. O Sol que beijava as águas sempre que se levantava.
Passei horas encarando as águas azuis e construindo meu quadro. Não era nenhum Monet, mas até que eu não estava indo tão mal.
O trabalho era tranquilo, e silencioso. Além do som das ondas, o único barulho era das patas de Zeus sobre o piso, correndo de um lado para o outro pela casa. Até que deitasse ao meu lado, e ficasse mordendo o seu ursinho enquanto eu pinto.
A calmaria só foi interrompida por batidas incessantes na porta.
Eu não fazia a menor ideia de quem poderia ser.
Meu irmão tinha vindo me ver? Bom, sendo Murilo, eu não duvido de nada.
Abri a porta e fui surpreendida ao ver que era Luiza quem estava me visitando.
— Oi Estela! — Ela sorriu. — Eu fui no mercadinho aqui do outro lado da rua, e vim a casa aberta. Aí pensei em dar um oi. Saber como você está.
De todas as pessoas que eu imaginei que poderiam estar à minha porta, Luiza era a última da lista.
Não éramos "amigas", mas eu gostava muito dela. A história de vida, do quanto batalhou para conquistar suas coisas, me fazia nutrir uma grande admiração por ela.
Uma mulher muito determinada a conquistar seus sonhos. E forte.
— Garota, por que você se escondeu aqui?
— Queria um pouco de paz. — Servi o café para ela na xícara branca, de porcelana, com pequenas rosas azuis. E Luiza logo o colocou na boca, sem se importar com a alta temperatura do líquido. Recém coado.
— E conseguiu?
— Sim. — Me sentei a sua frente, e peguei uma rosquinha de polvilho, dentro do pote de vidro. — Pela primeira vez em meses, eu sou uma pessoa muito feliz.
— Que bom ouvir isso! — Luiza era sempre sorridente, alegre. Em nada lembrava a "carancuda" que Facu dizia que ela era, quando se conheceram. — Sabe, Conte está aqui também.
Eu não encontrei com ele pela cidade, e sem internet, como veria as publicações dele? Por isso não sabia que Facu estava aqui em Pipa.
— Na pousada da sua mãe? — Dei um gole no café quente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Red Zone - Bruno Rezende
FanfictionEstela Martin é uma fisioterapeuta muito conhecida no mundo esportivo, mais especificamente do vôlei, há 10 anos atua em um clube francês e possui uma carreira consolidada no exterior. Sua "fama" se deve ao fato de ter conseguido ajudar jogadores fa...