Alguns dias haviam se passado. Gabriel já estava impaciente em ficar todos aqueles dias na cama. Apenas se conforma porque sua esposa também passou ali com ele. Faziam amor com tanto cuidado pelo medo de Clara. Gabriel já estava com os ferimentos curados, mas não queria perturbar seu doce anjo. E também pelo fato de que Clara estava dormindo demais, provavelmente muito cansada devido a estar cuidando dele todos os dias, incansavelmente.
Enfim o natal chegara. A ceia de Natal foi celebrada no imenso jardim da fazenda. Uma enorme mesa fora montada para abrigar todos os convidados da família Braga. Carlos e Analice, Luís Gama, Dada, Sansão e todos os empregados da fazenda. Todos festejaram. Todos como iguais que eram. A noite fora prazerosa. Gabriel fizera questão, como todos os anos, de presentear seus trabalhadores com uma excelente bonificação. A diferença era que aquele ano ele tinha Clara e ela desejou uma ceia. Ele, claro, estava ali para realizar todos os desejos da esposa.
Clara estava sentada à penteadeira, quando os dois estavam no quarto já prontos para dormir, escovando seus cabelos e olhava para o marido pelo espelho. Gabriel estava na cama, encostado na cabeceira, com uma perna em cima da outra.
-Por mais que eu ame essa visão, quero você aqui pertinho de mim. - Clara deu aquele sorriso que iluminava sempre sei dia, sua vida, mas continuou com a sua atividade. -Amor, quero dar-lhe meu presente.
-Presente?- indagou ela, surpresa, parando de escovar os cabelos e virando-se para ele.
-Claro que sim. achavas que tinha esquecido de ti? - ela negou e levantou-se.
- Não, não achei. Também não me esqueci de ti.
Clara sentou ao lado do marido. Gabriel tocou-lhe o rosto de maneira carinhosa. Ambos sorriram.
-Tens idéia do quanto te amo? - Clara tocou-lhe a face coberta por cicatrizes.
-Tenho, pois é o mesmo tanto que eu.
Gabriel sorriu e entregou uma caixa de veludo azul para ela.
- Pensei muito no presente para ti. Eu queria te dar o mundo.
- Eu já o tenho. - ela o interrompeu. - Se tenho a ti, meu amor, tenho o mundo, a lua, o sol e todas as estrelas.
- Minha doce Clara. Acho que você não aceitaria esse presente, então. – Ele tentou puxar a caixa de suas mãos, mas ela não permitiu.
-Eu jamais faria tamanha desfeita, marido. Eu já adorei o presente.
– Clara, você nem abriu a caixa.
– Sim, eu sei. Não preciso abrir. Eu já adorei.
– Isso é ridículo.
– Não é, não. Tudo que vem de ti é maravilhoso, por isso estou certa que vou adorar. Já adorei.
Gabriel gargalhou.
- Por que não te encontrei antes, minha doce Clara? - então beijou-a docemente nos lábios.
Clara abriu e um colar de ouro com rubi em forma de coração.
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Era uma vez... a Bela que Salvou a Fera (em FINALIZADO)
RomanceÉ 1876. Seis anos após a Guerra do Paraguai, Gabriel regressou da guerra com parte do rosto desfigurado. Ele afastou a todos e vive recluso em suas terras por achar-se um monstro, uma fera. Mas isso está prestes a mudar com a chegada da doce e bela...