XXV

626 80 8
                                    


 Antônio Simas apontava uma carabina. Gabriel conhecia aquela arma perfeitamente, fora ela que o exército brasileiro usou na Guerra do Paraguai. Haviam sete cartuchos nela. Sete tiros. Ele temeu. Não por ele. Por ela. A sua esposa. A mulher que mudara a sua vida. O anjo que Deus lhe enviara pra alegrar a sua vida. Ela era a sua própria vida. E se algo acontecesse à Clara, Gabriel certamente morreria.

- Você está cercado por meus homens, Antônio. Está sozinho. É melhor sair por bem, antes que eu mesmo acabe com a sua vida.

Antônio gargalhou, então como um insano, o sorriso esvaiu-se. - Vou fazer um buraco bem no meio da sua fuça. Além do mais meus homens estão me esperando.

Sansão, um dos homens de confiança aproximou-se do patrão e falou-lhe tão baixo que nem Clara que estava perto pôde ouvir. Gabriel assentiu e Sansão voltou a ficar atrás do patrão.

- Olhe para trás de mim, Antônio. - Antônio franziu o cenho, sem entender nada, mas o fez. - Seus homens foram rendidos e sabe quem nos ajudou? - ele nada respondeu. - Os homens pretos que eram seus escravos. - Antônio olhou-lhe com mais fúria, se é que isso era possível. - Eu disse eram seus escravos porque agora eu vou ajudá-los a escapar das suas garras. Eles serão livres como sempre devia ter sido.

- Eu vou acabar com você, Gabriel Braga.

- Faça isso e você estará morto num piscar de olhos.

- Eu posso até morrer, mas antes eu acabo com você. - ele deu um passo à frente, aproximando-se mais de Gabriel.

- Gabriel! - Clara o chamou como num lamento e se aproximou mais dele, segurando-o por trás na parte da cintura.

- Como você pôde me trocar por isso, Clara? - perguntou, mas o rosto de Clara estava encostado nas costas do marido e nada respondeu. - Gabriel Braga é um monstro. 

-É sua última chance, Antônio. - avisou Gabriel.

Ele queria demonstrar à Antônio que estava seguro de sim, mas seu coração batia freneticamente por medo de algo acontecer à sua Clara. 

- Dê adeus ao monstro do seu marido, doce Clara.

No momento em que Antônio engatilhou a arma, como o herói que era, Fera pulou na sua direção e seus dentes fincaram no braço do verdadeiro monstro ali presente. Tudo aconteceu tão rápido que não houve reação de ninguém. A arma fora disparada. Apesar disso, Fera não soltou o braço de Antônio. Gabriel voltou-se para Clara e a abraçou. Os homens de Gabriel conseguiram render Antônio. Ele se debatia e conseguiu pegar uma faca escondida em sua bota. A gritaria era geral. Clara, apesar do alvoroço, sentia-se segura sendo envolvida pelos braços protetores de seu marido. Com a faca, Antônio tentou atacar os homens, mas levou da pior, sendo atingido por faças e pauladas. Então não conseguiu mais lutar. Estatelou-se no chão.

- Patrão? - era a voz de Sansão.

Mas ele não conseguia soltar a esposa. 

- O patrão está ferido. - ouviu Sansão falar, mas, simplesmente não conseguia soltar-se de Clara.

- Gabriel, por favor? - ela ouvira Sansão também e começou a se preocupar quando tentou desvencilhar-se do marido e o seu aperto não lhe permitia. - Meu amor, você está ferido. Solte-me.

Era uma vez... a Bela que Salvou a Fera (em FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora