XV

672 82 12
                                    


Clara estava em seu quarto escrevendo uma carta à amiga Analice quando Dada entrou apressada.

- Pensei que o sinhozinho estava aqui. Não o encontraram em toda a fazenda. - disse nervosa.

- Aconteceu algo, Dada?

- Não, sinhá. É que o patrãozinho tem visita.

Dada continuava chamando Gabriel sempre pelo diminutivo carinho.

- A sinhá pode receber a visita antes que o sinhozinho chegue. Eu fico nervosa com aquele homem. Ele é tão bonito e inteligente. - Clara sorriu com a intimidação de Dada. Ela que sempre parecera uma leoa para defender quem amava parecia se sentir pequena em relação ao visitante.

- Será que Gabriel não se chatearia em me ver recepcionando uma visita? - perguntou, cautelosa.

- E por que seu marido iria ficar chateado, sinhazinha? Vosmicê num é mulher dele? - a negra senhora bufou.

- Tem razão, Dada. - falou mais confiante. - Diga ao visitante que logo chego. - a mulher assentiu e ia se retirando quando Clara a chamou. - Dada, por favor, prepare-nos um refresco de maracujá.

- Sim, sinhá.

Clara olhou-se no espelho e ajeitou o cabelo, alisou o amarrotado invisível do vestido e foi. Ao chegar na sala, admirou-se ao ver o homem. Era negro, bem vestido, com a barba bem aparada. Tinha aparentemente mais de 40 anos.

- Bom dia. - falou de maneira cordial estendendo a mão. - Sou Clara Braga. - era a primeira vez que usava o sobrenome do marido para se apresentar a alguém e achou que ajustou-se perfeitamente ao seu nome.- Esposa de Gabriel.

O homem que estava sério, sorriu.

- Muito prazer, senhora Braga. - Ele pegou a mão de Clara e num gesto cavalheiresco, beijou o dorso. -Não sabia que Gabriel havia se casado. - Clara percebeu que aquele homem tratara seu marido pelo nome, com certeza eram íntimos. -  Sou Luís Gama.

- O prazer é meu, senhor Gama. Por favor, sente-se. - disse indicando uma cadeira à sua frente.

Luís Gama sentou-se e ela fez o mesmo na cadeira com três lugares ao lado da poltrona em que ele se sentou.

- Infelizmente meu marido não se encontra em casa no momento. Mas já estão a sua procura pela fazenda.

- Eu aguardo, senhora Braga, afinal, vim sem aviso prévio, muito menos sem convite.

Dada chegou com os refrescos.

- Espero que o senhor goste de refresco de maracujá. Com um calor desses pedi a Dada que nos fizesse um refresco. A não ser que o senhor prefira café. - falou sorrindo enquanto Dada o servia.

- Não, senhora. Fico feliz com o refresco. O calor está absurdo e nem chegou ainda o verão.

Clara sorriu e após Dada servi-la, retirou-se.

- Verdade. Quando dezembro chegar, não suportaremos o calor. - Clara tomou um gole do refresco.  - Desculpe-me, senhor Gama, mas de onde o senhor conhece meu marido?

Era uma vez... a Bela que Salvou a Fera (em FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora