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Os pensamentos de Clara iam longe. Mil coisas se passavam por sua cabeça. Antônio estava ali para fazer o mal. Ele era um homem terrível, afinal.

- Filha, nós viemos buscar você. - Aquela voz tirou-a do transe em que se encontrava. Clara olhou então para o padre. - O seu noivo diz que você está sendo mantida presa. - seus olhos dispararam para Antônio. - É verdade que o dono dessa fazenda, o senhor Braga, a tem aqui contra a sua vontade?

- Não estou aqui contra vontade.


- Por Deus, Clara, como não? - a voz de Antônio era doce. Aquela voz não a enganava mais.- Macedo disse que a viu com Gabriel Braga e você estava totalmente amedrontada.

- O senhor Braga lhe fez algum mal, filha? - o padre João perguntou verdadeiramente preocupado. - Foi ele o responsável pelo seu sumiço no dia do seu casamento com o senhor Simas?

- Não, padre João. Gabriel é o homem mais honrado que já conheci. No dia que encontrei o senhor Macedo tive medo. Muito medo.

- Então vamos embora.- interrompeu Antônio. - Aquele monstro não será capaz de lhe fazer mal algum.- os olhos de Clara foram de amedrontados à irados.

- Gabriel não é nenhum monstro. Você é. - acusou-o.

- Filha! - a voz do padre era de repreensão. - Ele é seu noivo e veio aqui com as melhores intenções. Pediu a minha ajuda e viemos em paz para lhe resgatar. Ele está verdadeiramente preocupado com você.

- Eu não preciso ser resgatada, padre. Gabriel é bom.

- Mas ele raptou você no dia do seu casamento.

- Ele não me raptou. Eu fugi. Fugi de bom grado.

- Cale-se, Clara. - tinha raiva na voz de Antônio. Ele estava mostrando o seu verdadeiro eu. Ele percebeu o olhar do padre e voltou à sua farsa. - Você é doce e boa. Compreendo sua necessidade de cuidar de cachorros feridos. - aquilo até seria irônico, pois sua pequena fera estava ali porque fora, de fato, um cachorro ferido. Mas aquele ser maléfico estava se referindo à Gabriel e, isso, ela não poderia permitir.

- Estou aqui porque quero. Estou aqui porque amo Gabriel. - ela foi contundente.

- Estou farto dessa sua conversa. Você irá conosco. Agora. - ele a pegou pelo braço e Clara tentou se desvencilhar.

Foi nesse momento que Gabriel entrou em sua sala-de-estar e viu quando sua esposa estava presa à Antônio. Gabriel sentiu uma névoa vermelhar embaçar seus olhos. A sede de sangue atingiu seu âmago. Ele nunca quis matar tanto uma outro homem como ele queria matar Antônio Simas naquele momento.

- Solte a minha esposa agora, seu bastardo.

Mas ele não soltou. Gabriel a arrancou de seu aperto e a colocou atrás de si, protetoramente.

- Se você voltar a tocar com essas mãos sujas na minha esposa, juro que lhe mato, seu desgraçado. - a ameaça era cheia de ódio.

- Sua esposa? - perguntou o padre fazendo Gabriel olhá-lo, nem tinha notado a sua presença.

- Sim, padre João. Eu sou esposa de Gabriel Braga.

Era uma vez... a Bela que Salvou a Fera (em FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora