When you look at me like that, my darling, what did you expect?

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Ponto de vista — Eileen Copeland.

Depois da entrevista e eu ter levado um esporro federal da Janine, quase do mesmo nível que ouvir um podcast de duas horas da minha mãe me xingando por eu ter feito uma merda, meu dia terminou com uma bela discussão com Alex porque eu simplesmente estava pilhada demais para querer conversar enquanto ele de certa forma me pressionava para abrir a boca logo. Não foi um dia muito bom.

Mas, algumas semanas depois, felizmente estava tudo bem de novo. Tão bem que agora íamos jantar fora em um restaurante requisitado da cidade. Isso é bem a cara do Alex que gosta de jantar fora sem motivo algum, mas a desculpa que ele me deu dessa vez é que queria comemorar a chegada de meus pais aqui. Mas a questão é que meus pais só chegam amanhã, então eu sei que é só uma desculpinha dele para sairmos juntos, e eu adoro isso.

Enquanto eu escovava meu cabelo no banheiro, encarando meu reflexo no espelho para ter certeza de que eu não deixaria uma mecha de cabelo passar batido, conseguia escutar a voz de Alex no quarto pela porta entreaberta. Ele falava com alguém no telefone, e não demorei para descobrir que era assunto de trabalho quando escutei a palavra ''Empire'' sair da sua boca em meio ao sotaque.

Escolhi um vestido de seda cor de carmim, chamativo por sua desenvoltura ao se encaixar com meu corpo, valorizando minhas curvas que geralmente ficam escondidas debaixo das calças e suéteres que eu costumava usar. Eu gostava de vermelho, especialmente deste vermelho miscigenado ao tecido leve e justo da seda, que me trazia uma autoestima daquelas. Optei por usar um scarpin preto, mais para inflar um pouco meu ego e me sentir mais bonita do que para tentar ficar da altura de Alex quando andarmos lado a lado.

Com o tempo, aprendi a fazer maquiagens mais elaboradas, e dessa vez não economizei em gastar toda a minha concentração para fazer um delineado impecável em ambos os olhos, destacando minhas íris azuis junto aos tons de dourado cintilante nas pálpebras. E claro que não podia faltar o batom vermelho. Era aquela pequena cereja do bolo que eu sempre gostava de deixar para o final. Eu gostava dos tons de vermelho dos meus batons, Alex adorava mais ainda pois tudo o que ele queria fazer era tirar ele da minha boca no final da noite. E ele conseguia.

Desliguei a escova rotativa e guardei no seu lugarzinho no armário do banheiro, saindo logo em seguida e vendo Alex em pé, com o celular sobre o ombro esquerdo enquanto o pescoço estava curvado e o ouvido encaixado no alto falante para que ele pudesse tanto escutar o que a outra pessoa estava falando quanto para ter as mãos livres para dobrar as mangas da camisa branca um pouco abaixo do cotovelo, altura suficiente para que a sua tatuagem no antebraço ficasse à mostra.

Ele estava de costas, não notando minha presença no quarto e muito menos vendo o quanto eu estava vidrada nele dentro daquela roupa. A calça preta sempre realçou bem a sua bunda e isso é inegável, assim como a corrente dourada em seu pescoço destacava aquela região, mesmo que ficasse quase o tempo todo por baixo da camisa.

— Não, mas exatamente como eu te dis... — Alex proferia, se virando no exato momento em que eu estava ajustando a alça de minha bolsinha sobre meu ombro. Ele se calou, não finalizando sua frase enquanto a boca estava levemente escancarada e as pálpebras não desciam e subiam para que ele pudesse piscar. — Ah, eu preciso desligar. Surgiu uma emergência aqui agora. — Alex finalmente disse depois de um tempo ainda me olhando, provavelmente escutando a outra pessoa o chamar do outro lado. — É, isso. Depois, depois, tchau. — disse rápido e desligou sem delongas.

— Então? Qual a emergência, Turner? — perguntei sarcástica enquanto via a sua boca se curvar para um sorriso.

— Você, meu amor. Chame uma ambulância. — declamou dramático ao levar uma mão ao peito e se aproximar devagar, agora arqueando as duas sobrancelhas.

Our Worst Nightmare | Alex Turner (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora