Our Worst Nightmare | Alex Turner (CONCLUÍDA)

I don't want to be nice and you know that.

Ponto de vista — Eileen Copeland.

Dois dias após o ocorrido, eu decidi agir. No maior sigilo, eu diria. A única pessoa que sabia o que eu estava planejando era Matt porque eu arrastei ele para ir junto comigo enquanto ele arrumava uma desculpa convincente para sair da Empire mais cedo e me acompanhar para a minha ''diligência''. Eu pareço um agente público falando assim, mas não posso evitar se a pessoa que escreve isso já tem essa expressão automática na mente.

Eu tenho um plano. Quer dizer, parte de um plano. Talvez 12% de um plano completo. Mas é um plano.

E enquanto eu tento planejar os outros 88% restantes, escutei o característico som de passos intercalados, pés pesados descendo os degraus da escada juntamente com o barulho de passos ainda menores e rápidos contra um piso como se aquela criatura estivesse numa corrida contra o tempo e a qualquer momento o chão iria abrir sob ele. Em outras palavras, Alex havia acabado de descer e o desesperado do Brian estava o acompanhando feliz da vida como se tivesse engolido uma bateria de trator.

— Bom dia. — escutei sua voz um pouco distante mas eu já sabia que ele estava na cozinha, o aroma de seu perfume se misturou ao cheiro do meu omelete com queijo canastra. Não sou uma fã de omeletes, mas hoje eu estava com vontade de comer, ainda mais com o queijo, orégano e tomate seco acompanhados.

— Bom dia. — respondi não precisando olhar para trás, haja vista que ele estava bem ali do meu lado, abrindo a parte suspensa do armário para buscar uma caneca. É um bom momento para dizer que seu cabelo está ''normal''? Quer dizer, ele voltou a usar o gel de cabelo, e, junto às roupas formais de sempre, parecia o velho Alex que eu conheci. — Quer um? — perguntei a ele apontando para o omelete. Eu poderia fazer outro para ele sem problemas, ou eu daria este aqui para ele e faria um para mim.

— Ahn, não... — ele negou com a cabeça enquanto enchia a caneca quase até a borda de café puro. — Eu vou ficar só com o café. — ergueu a caneca suavemente antes de dar um gole generoso que o fez dar um breve limpar de garganta ao final. Dei de ombros como se dissesse ''tudo bem'' e coloquei o omelete sobre o pratinho vazio que eu já havia deixado ali ao lado.

Segui para a mesa do café da manhã, sentando-me em uma das cadeiras vazias e começando a comer. Alex estava ligeiramente concentrado em memorizar quais ruas deveria evitar para não ficar preso no congestionamento segundo o jornal da manhã, que sempre tira uns minutos durante toda a programação para alertar os motoristas sobre acidentes ou congestionamentos. Ele tem o GPS para fazer isso por ele, mas ainda assim prefere assistir ao noticiário.

Preferi ficar em silêncio mesmo que minha garganta esteja arranhada demais pela ansiedade em querer contar para Alex o que eu planejava fazer. Quer dizer, na verdade eu não sabia se era uma boa ideia dizer a ele, ele poderia ficar zangado ou chateado, ou então iria querer entrar no meio disso, e tudo o que eu menos quero é envolver mais gente nessa história toda. Eu saberei lidar bem com aquele verme.

— Você quer me dizer alguma coisa? — escutei Alex perguntar, sua voz parecia distante demais para mim. Ou era só eu quem estava distraída demais encarando a parede em tons de cinza do cômodo. Levantei o olhar para ele, ele já não prestava mais atenção na televisão ligada em volume baixo, mas sim em mim e no meu rosto provavelmente inexpressivo por não saber o que dizer. Em como dizer. — Você está muito inquieta. — abaixou o olhar para minha mão que segurava o garfo com força entre os dedos. Eu nem tinha me dado conta disso até seguir o seu olhar.

— Não, eu... — engoli em seco discreta, soltando o garfo sobre o prato que tinha o omelete inacabado.

— Tem certeza? — levantou uma sobrancelha, completamente sugestivo e até um pouco intimidador. Como se ele realmente soubesse que eu tenho algo entalado aqui na garganta mas vai continuar me persuadindo como quem não quer nada.