Our Worst Nightmare | Alex Turner (CONCLUÍDA)

Epilogue.

Dezoito anos depois.

— Me conta, prima. Como é lá no Brasil? Dizem que os caras são bem sarados. — Amelia Helders cutucou a mulher ao seu lado, que estava estranhamente distraída com a borboleta azul ciano com detalhes em preto que pousou no parapeito da janela do seu apartamento no bairro Chelsea, na capital inglesa.

— De fato, Lia. Mas convenhamos, tem que ter muita paciência. — respondeu, voltando a olhar para a mais velha que estava ao seu lado na mesa de café da manhã. — Fui em um tal de ''boteco'' na zona norte do Rio de Janeiro, um deles não parava de encher o saco. Precisei falar várias frases aleatórias em italiano para ver se ele parava de me encher. — terminou, a loira gargalhou enquanto equilibrava de forma impecável sua xícara de café expresso na mão.

— Homens. — pigarreou ao final, quando terminou de tomar fôlego. — Mas não se preocupe, uma hora alguém tão bacana quanto você irá aparecer, não tenha dúvidas disso.

— Tio Hayden disse que iria me levar em uma viagem com ele, tio Bill e o pequeno Ted até Chicago. Disse que lá tem pessoas que com certeza eu vou amar conhecer. — a de olhos azuis como os da mãe proferiu sem muito entusiasmo enquanto deixava sua panqueca pela metade. Na verdade, adoraria acompanhar seus tios e seu filho adotivo para uma animada viagem para uma das maiores cidades de Illinois, terra-natal do tio e de sua mãe. Mas a questão não era aquela no momento. — Não estou com tanta pressa assim, Lia. Tenho tantos projetos para finalizar comigo mesma que não penso em firmar os pés no chão com alguém agora.

— E não há nada de errado nisso, Allegra. Você ainda é jovem, está no auge dos seus 23 anos. Aproveite sua vida ao máximo e quando a pessoa certa aparecer, você saberá. — sorriu abertamente para a jovem ao seu lado, que retribuiu. Com certeza ela iria guardar esse conselho. Apesar de Amelia não ser tão velha assim, apenas alguns anos de diferença de idade, ela com certeza tinha bons conselhos que valia a pena seguir. — Aliás, que horas são...? — se perguntou olhando para o relógio de pulso, levantando as duas sobrancelhas. — Não deveríamos estar indo para a Empire uma hora dessas? — perguntou e a outra arregalou os olhos. Por um mísero minuto esqueceu de que dia era aquele.

— Droga, a cerimônia! Se eu me atrasar por um minuto o meu pai com certeza vai me estrangular. — levantou-se quase num pulo, por um triz iria derrubar a jarra vazia que antes tinha suco de cranberry que estava no centro da mesa do café.

— Eu não duvido muito, o tio Alex esperou a vida inteira dele por esse momento. — Helders riu ao passo que ajudava a outra a arrumar a mesa para não deixar nada bagunçado antes de saírem.

— Não pense que eu estou sozinha nessa, você também deveria estar lá comigo, tio Matt também é capaz de te dar um capote. — Allegra retrucou, puxando a bolsa do bengaleiro e indo trancar bem a janela da sala, vendo que a pequena borboleta voou no mesmo instante que ela se aproximou, antes dando uma volta completa ao redor dela e logo sumindo do seu campo de visão. Talvez seja um presságio para boa sorte.

— Pouco provável. O Sr. Helders está ocupado demais tentando disciplinar o famigerado Pete para ele não reprovar no ensino médio. — riram enquanto deixavam o apartamento. Allegra conseguia imaginar o tio ficando com os cabelos mais brancos do que o normal enquanto tentava ensinar álgebra para o filho caçula Peter, talvez para não se ver obrigado a tomar seu videogame e lhe proibir de sair à noite.

— Ainda bem que já passamos dessa fase. Não consigo imaginar o que o Sr. Turner seria capaz de fazer para eu não reprovar em alguma matéria na escola, talvez me deserdaria. — comentou, agradecendo por nunca ter reprovado na escola, mais ainda por já ter se formado e não precisar se preocupar em pensar no esporro quilométrico que levaria dos pais caso reprovasse por falta de interesse na matéria.