It's these times that it tends to start to breaking off, to start to fall apart.

77 10 15
                                    

Ponto de vista Eileen Copeland.

Que porra é essa? Uma ameaça?

Lendo e relendo aquela mensagem de trás para frente e de frente para trás, eu não conseguia chegar a nenhuma outra conclusão que não seja essa.

Uma ameaça aos meus pais.

Olhei novamente ao redor, dessa vez de forma mais minuciosa. Meus olhos varreram quase cada centímetro daquele vasto estacionamento, procurando por alguma coisa que acabasse de vez com minha paranoia, sentindo meus dedos se fecharem contra o pedaço de papel involuntariamente, tamanha era a minha apreensão misturada à confusão e incredulidade diante do que estava acontecendo.

Ousei até mesmo olhar para dentro dos carros, encarando seus para-brisas, numa egoísta esperança de encontrar um outro papel, com uma outra frase em tom de ameaça. Apenas para que eu tivesse a certeza de que aquilo não estaria acontecendo comigo e exclusivamente comigo. Mas não encontrei nada.

Os próximos? Será que isso tem a ver com o que aconteceu com Daniel? Ou pior... com Hayden?

Respirei fundo inúmeras vezes, soltando o ar devagar pela boca, tentando tomar as rédeas da situação da melhor forma possível. Eu sentia meu coração levemente apertado, como se algo estivesse me comprimindo aqui dentro e me impedindo de tomar a decisão correta.

Me abaixei um pouco, ficando de joelhos rapidamente apenas para olhar debaixo do meu carro, como se eu fosse encontrar algo ali. Deus, eu estou ficando louca, isso não pode ser real.

— Eileen, você está enlouquecendo. — digo para mim mesma, elevando os olhos para o céu, que aos poucos começava a assumir uma coloração escura. Logo ficaria preto, tão preto quanto melaço. — Isso não significa nada. Absolutamente nada. Você está tão aflita com o caso de Daniel e com o que houve com Hayden que está começando a alucinar. — abaixei o olhar, agora encarando o pedaço de papel amassado sobre minha palma aberta e relativamente suada. — Seus pais estão bem e tudo o que precisa é ir para casa, tomar um bom banho, ter uma noite de amor com Alex e ir dormir. É exatamente isso. — finalizei, suspirando brevemente após escutar o que eu mesma disse, tentando me convencer disso enquanto assentia com a cabeça devagar.

Abri a porta do carro, entrando em seguida e jogando a bolsa no banco do passageiro e o papel amassado na pequena lixeira portátil, próximo ao câmbio de marcha. Fiquei encarando o nada, na tentativa falha de esvaziar minha cabeça e novamente me induzir de que está tudo bem. Ninguém vai ameaçar meus pais, ninguém.

Peguei o celular, abrindo a agenda e ligando para o número da minha mãe, apenas para confirmar de que ela estava bem e que eu poderia ir tranquila para casa. Ela não atendeu.

Tudo bem, ela pode estar tomando banho ou fazendo um de seus bolos, já que agora ela está fazendo doces e salgados por encomenda para poder passar o tempo e ter uma renda a mais. Talvez o meu pai esteja desocupado e atenda o telefone.

Meu pai também não atendeu. Nem quando liguei uma segunda vez.

— Tá tudo bem, Eileen. Vá para casa e ligue novamente quando você chegar. Eles com certeza irão atender. — afirmei novamente para mim mesma, clicando uma vez no botão na lateral direita do celular para desligar a tela, agora colocando a chave na ignição e a girando, dando a partida no carro.

Os dois primeiros quilômetros percorridos desde que saí do estúdio foram tranquilos, exceto quando me apercebi que a cada cinco segundos que eu tirava os olhos da estrada, era para encarar a pequena bolinha de papel amassada dentro da lixeira. Olhos no trânsito, olhos no papel amassado. Olhos no carro azul marinho à minha frente, olhos no papel amassado contendo aquelas palavras que agora rondavam minha mente como uma música chata de um comercial que custava a sair da cabeça. Olhos no semáforo vermelho, olhos em uma ameaça provavelmente iminente que não me deixará dormir à noite.

Our Worst Nightmare | Alex Turner (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora