It's hard to get around the wind.

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Ponto de vista — Eileen Copeland.

"Você sabia que você estava grávida?"

Aquela indagação ficou em minha mente desde então. Nada parecia passar na minha cabeça, nem mesmo as palavras da minha mãe de um lado e as palavras da psicóloga do outro lado. Foi como se... aquilo ali fosse o fim da linha.

Como se fosse a confirmação de que o que já estava ruim poderia piorar, e muito.

E não, obviamente eu não sabia. Eu não tinha nem como desconfiar, já que aparentemente estava tudo bem. Exceto pelos enjoos que eu sentia, mas para mim já era algo rotineiro, ainda mais pela situação de estresse que eu estava vivendo, então não foi algo que me deixou preocupada. Disseram que eu estava de quase três meses, o que me fez pensar que provavelmente seria aquele tipo de gravidez que eu sempre tive medo de ter na adolescência. Quer dizer, estar tudo bem durante nove meses, menstruação regular e sem um pingo de barriga, e de repente sentir uma leve dor na barriga, ir ao hospital e do nada voltar com um bebê nos braços.

Fiquei pensando em cada mínima possibilidade desde então. Em como seria a reação de Alex ao souber. Provavelmente ele surtaria, mas talvez iria gostar da ideia depois do surto, já planejando destruir uma das paredes da nossa casa para construir um quarto, de preferência ao lado do nosso para ficar o mais perto possível. Pensei em como seria vê-lo crescer aqui dentro, sentir os chutes, descobrir o sexo, pensar nos nomes e talvez entrar em um dilema com Alex por eu gostar de um nome e ele gostar de outro... tanta coisa que me faz querer chorar e chorar enquanto eu vejo o tempo passar estando presa a essa cama de hospital, vendo as mesmas pessoas e vivendo a mesma rotina de tomar as medicações e fazer a fisioterapia.

Era o quinto dia ali desde que eu havia acordado, alguns colegas vieram me visitar nesses dias, trazendo presentes, abraços e palavras de conforto como "vocês vão sair dessa" e "vai ficar tudo bem". Mas não. Eu não sinto que vai ficar tudo bem por um bom tempo.

— No que está pensando agora, querida? — escutei a voz da psicóloga bem distante enquanto eu estava com o rosto virado para a janela, assistindo ao voo de pássaros que iam em direção oeste. O céu estava bonito hoje, e o clima parecia propício para uma caminhada tranquila em algum parque. Eu gostaria de poder estar lá fora agora para comprovar isso.

— Queria estar em casa agora. Com Alex, Alyssa, Brian e... — engoli em seco, não continuando minha linha de raciocínio e afastando a ilusão de estar em casa agora como se tudo fosse voltar ao normal.

— Logo você estará, Eileen. Claro que você vai ter que se adaptar com toda essa mudança que teve em sua vida... terá que viver um dia de cada vez. — dizia, sua voz era tão calma, eu gostaria de conseguir me concentrar nela por muito tempo e guardar todos os seus conselhos para um dia usá-los, mas não consigo.

Ela disse mais algumas coisas, talvez frases de efeito para que eu me sentisse melhor, até que a fisioterapeuta entrou para nossa sessão de fisioterapia da manhã. Uma coisa que me deixa ligeiramente aliviada é saber que agora irei me livrar desse gesso na perna e irei substituir por uma bota ortopédica, possibilitando me livrar da cadeira de rodas e me deixando andar por conta própria.

— Posso te soltar? — a médica perguntou quando me firmei nas duas pernas, logo após retirar o gesso e calçar a bota. Eu ainda me segurava na cabeceira da cama, meu pai estava logo ao lado, talvez para me proteger caso eu acabasse me desequilibrando.

Confirmei com a cabeça, sentindo ela me soltar. Permaneci imóvel, respirando com calma e tentando não me desesperar. Era como se eu tivesse virado um bebê e tivesse que reaprender a andar, era tão estranho. Com calma, dei o primeiro passo com a perna lesionada, sentindo-a pesada. Logo, outro passo, e outro, e outro.

Our Worst Nightmare | Alex Turner (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora