I'm pinned down by the dark.

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Ponto de vista — Eileen Copeland.

Involuntariamente, eu abri os olhos. Um de cada vez, tentando me acostumar com aquele estranho clarão que fazia minhas pupilas se retraírem num instante.

Mexi a cabeça para o lado, a fim de tentar descobrir onde eu estava. Um campo verde e vasto seguia até o horizonte, o céu azul impecavelmente sem uma única nuvem podia ser visto quando eu elevava mais os meus olhos. Percebi que minha cabeça estava deitada sobre algo macio, e quando a levantei mais um pouco, vi Alex ali, o corpo dele estava apoiado sobre os cotovelos, a cabeça tombada para trás lhe dava uma expressão serena junto aos olhos fechados.

Mas logo ele os abriu quando percebeu a minha movimentação ao me levantar devagar de seu colo que até o momento era aconchegante.

— Ei, você acordou. — ele sorriu para mim, me dando um leve apoio com a mão enquanto eu me equilibrava para ficar sentada. Eu estava confusa, minha cabeça girava enquanto eu olhava ao redor tentando procurar algum sentido no que estava acontecendo.

— Alex... onde estamos? — perguntei olhando para ele, que ainda tinha um sorriso sutil no rosto. Ele fez um biquinho minimamente fofo enquanto retraiu os ombros levemente.

— Eu não sei. — respondeu desviando o olhar rapidamente para o horizonte, semicerrando um pouco os olhos para que a claridade não o incomodasse. Que falta fazem seus óculos de sol agora. — Mas é um lugar bonito, não acha?

De fato era. Aparentemente só nós dois estávamos ali sobre a grama curta, como se fosse recém-aparada. Uma árvore que eu não conseguia identificar a espécie parecia pairar sobre nossas cabeças, e eu podia sentir as gotículas de orvalho deslizando nas folhas e caindo sobre a minha pele. As colinas adiante pareciam ter sido desenhadas a mão, assim como o córrego que cruzava a paisagem até provavelmente desaguar em um rio não tão distante daqui. Era como se estivéssemos dentro de um dos panfletos de uma igreja evangélica que mostrava como seria o mundo se todos aceitassem a Jesus e vivessem em perfeita comunhão e harmonia.

Mas tem algo errado. Algo muito errado. Eu não sei o que é, não sei diferenciar se isso é real ou não, se deveríamos estar aqui, se aconteceu algo antes disso. Por mais que eu force a minha mente para buscar alguma explicação, nada vinha na minha cabeça, absolutamente nada.

— O que houve, querida? Tem algo errado? — Alex perguntou com a cabeça inclinada, sua mão fazia um carinho gostoso ao deslizar por meu ombro e descer até próximo ao cotovelo. Sua pergunta tinha um ar curioso e talvez preocupado enquanto eu massageava a testa com uma das mãos, começando a ficar perturbada com a incoerência do fato.

— Eu não sei, acho que sim... n-não faz sentido. — comecei, agora estreitando o olhar para o encarar. Ele me olhava sugestivo com as duas sobrancelhas levantadas, talvez esperando que eu continuasse a falar algo. — Nós não deveríamos estar aqui, deveríamos?

Alex deixou as sobrancelhas caírem devagar conforme um outro sorriso fraco surgia entre os lábios. Eu não fazia ideia do que isso poderia significar.

— Não, não deveríamos. — ele negou devagar com a cabeça, levando sua mão para acariciar os fios dianteiros do meu cabelo, os olhos pareciam transmitir uma calma que eu não sabia de onde estava vindo enquanto ele deslizava os dedos pelos fios desde o meu couro cabeludo até a pontinha.

— O que aconteceu? — perguntei aflita. De algum modo eu sei que aconteceu algo grande, algo talvez inacreditável. Mas eu não sabia o que era, eu não consigo me lembrar.

Alex permaneceu em silêncio por um tempo, como se estivesse procurando as palavras certas para me dizer enquanto eu faltava explodir em ansiedade, buscando por respostas que provavelmente ele não saberia me dar.

Our Worst Nightmare | Alex Turner (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora