A mechanism to suspend the guilt.

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Ponto de vista — Eileen Copeland.

Eu jamais vou conseguir explicar qual foi a sensação primária ao ver essa cena ali na minha frente. Sério, eu nunca vou conseguir demonstrar com palavras o que me acertou ao ver o meu irmão daquela forma. Acredito que esse baque foi tão intenso que eu fiquei completamente congelada no lugar por alguns segundos, com meus olhos fixos naquela imagem que eu jamais conseguiria esquecer até Alex me fazer voltar à realidade ao tirar Hayden da banheira.

Quando Alex o deitou no chão molhado eu pude ver o quanto ele estava sem cor, não parecia circular sangue algum em seu corpo, principalmente em seu rosto, que estava totalmente pálido e com a boca quase puxada para um tom de roxo. Me ajoelhei ao seu lado, levantando sua cabeça e nem conseguindo dizer algo por estar completamente em choque.

— Merda, merda, merda! Hayden, acorda, cara! — Alex dizia dando leves batidas no rosto de Hayden, obviamente não tendo resposta. Imediatamente eu fiquei ajoelhada ao lado dele, começando a fazer uma massagem cardíaca para tentar alguma reação.

— Hayden, por favor, reage! — chorei enquanto ainda fazia a massagem cardíaca nele, com esperança de que Hayden pudesse reagir em algum momento. Olhei para Alex por um segundo, vendo que ele estava no chão e nem se importando de estar todo molhado assim como eu. — Alex, chama uma ambulância!

Mesmo que eu estivesse completamente desesperada, eu sabia que precisava ter pelo menos um pingo de calma para saber o que eu estava fazendo, então levantei bem a sua cabeça e abri a sua boca, usando meus dedos para tampar suas narinas e coloquei meus lábios em torno da boca de Hayden, soprando o ar que inspirei pelo nariz para a boca dele por um segundo até que o seu peito se elevasse. Eu nunca fiz respiração boca a boca na vida, mas naquele momento eu precisava tentar de tudo para salvar o meu irmão.

— Vamos, Hayden... — supliquei puxando mais ar em meus pulmões para fazer mais uma tentativa de respiração boca a boca.

Eu não sei quantos minutos ficamos ali, na verdade pareciam horas intermináveis deste terrível pesadelo onde eu rezava para todas as divindades existentes para que meu irmão permanecesse aqui. Eu conseguia sentir a pulsação fraca dele e mesmo que meus braços estejam completamente sem forças e eu esteja quase sem conseguir respirar por já estar soluçando compulsivamente, eu não podia parar.

Mas parei quando os paramédicos adentraram o banheiro com uma rapidez que minha mente conturbada não conseguiu captar com tanta atenção. Apenas vi o momento em que o enrolaram em uma manta térmica dos pés ao pescoço e o colocaram sobre uma maca, correndo contra o tempo para o levarem para o hospital mais próximo enquanto os vizinhos agora pareciam ter saído até do duto de ventilação para saber o que estava acontecendo.

Eu continuei sentada no chão molhado com as mãos sobre a cabeça enquanto deixava o choro vir como se tivesse deixado um dique desmoronar completamente dentro do meu peito, me perguntando como isso foi acontecer e por quê. As perguntas são tantas e o medo de não ver mais o rosto do meu irmão me deixa a ponto de ter um infarto.

— Amor, amor. Olha pra mim. — Alex se ajoelhou à minha frente, tirando minhas mãos do meu rosto inchado e provavelmente vermelho para que eu pudesse olhar para ele. Ainda que não tentasse transparecer, Alex estava abalado. Os olhos piscavam com inquietude, a boca entreaberta não conseguia emitir uma frase completa e as mãos que se moldavam em meu rosto estavam trêmulas. — E-ele vai ficar bem, tá bom? Precisamos ir com eles para o hospital agora...

— E se ele não... — solucei sem conseguir terminar a frase só de pensar no pior que poderia acontecer e Alex negou ligeiramente com a cabeça.

— Ele vai ficar bem, amor. E-ele vai sim... — ele continuou tentando me encher de pensamentos positivos mesmo com tudo ao redor conspirando para o contrário. Ele me ajudou a me levantar enquanto eu apenas consegui trancar o apartamento e deixar a chave na portaria antes de entrar no carro com Alex para seguirmos a ambulância.

Our Worst Nightmare | Alex Turner (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora