- Capítulo 21 -

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- GAEL CARTIER -

— Um almoço? — Perguntei a Cristina com o celular pendurado entre o ombro e a orelha enquanto eu assinava alguns relatórios.

Eu estava trabalhando no escritório da minha empresa, quando recebi a ligação de Cristina dizendo que Joana queria que eu fosse almoçar em casa. A princípio sorri, aquele poderia ser um sinal de que Joana, começou se portar como uma boa garota e resolveu se redimir por todas as brigas e discussões frequentes que tínhamos, mas meu sorriso não durou muito. Pelo pouco tempo de convívio, eu sabia que "preparar almoços" não era de seu feito. Logo fiquei desconfiado.

O que levaria, Joana preparar meu almoço, depois da terrível guerra de tortas que tivemos?

— Sim, filho, ela quer que você venha almoçar em casa — Cristina respondeu.

Joana só pode estar aprontando.

Cocei a cabeça intrigado.

— O que ela está aprontando, hein?

— Ela só acordou predisposta hoje.

Predisposta? Sei!

Respirei fundo.

Me levantei da minha cadeira e peguei a chave do meu carro.

— Tudo bem, diga a ela que eu estarei presente, na verdade já estou deixando o escritório, só vou passar no banco e conversar com meu gerente, logo depois eu vou para casa almoçar com essa maluca.

Cristina riu, e eu tive a leve impressão de que foi um riso nervoso, e durante a conversa ao telefone ela parecia apreensiva.

Depois de conversar com meu gerente, dirigi de volta para casa, animado e até mesmo surpreso por saber que Joana decidiu fazer um almoço para mim.

Ri ao me lembrar de seus olhos arregalados e sujos de torta pensando que eu estava morto.

Incrivelmente cheguei junto com o motorista que deixei encarregado por levar e buscar Isabel no colégio. Assim que ele abriu a porta do carro, a pequenina deixou a mochila no chão e correu em minha direção esticando os bracinhos para que eu a pegasse no colo e a girasse no alto como ela gostava.

A peguei no colo e perguntei como havia sido a aula, ela me contou que fez um trabalhinho com massinhas de modelar, e que ganhou uma estrelinha de bom comportamento da professora.

Ainda com a pequena no colo, entramos em casa, Joana veio ao nosso encontro, pálida, de olhos arregalados e trêmula. Como nos dias anteriores ela não me deu ordem para sair de perto da menina, ela apenas pediu que eu a colocasse no chão pois a filha já era grandinha e estava ficando pesada.

Sua atitude suspeita me deixou com as antenas em pé. Havia alguma coisa errada com aquela mulher.

— Então quer dizer que você preparou o meu almoço — zombei e coloquei a pequena no chão.

— Isabel, vá trocar de roupas para almoçar, vai. — Joana falou depois de dar um beijo receptivo na menina que saiu correndo escada à cima.

— E, eu? Não ganho beijo, não?

— Não seja palhaço! — ela relinchou, feito uma égua brava.

— Tudo bem, sua mal-humorada. O que mandou fazer para o almoço? Estou com fome.

— Sua comida favorita — ela disse.

Levantei a sobrancelha intrigado.

— Você não sabe qual é a minha comida favorita.

— Perguntei a Luz, ela me disse que é macarrão ao molho branco — ela falou evitando me olhar.

— Só espero que não tenha posto veneno de rato nele.

— Então você prefere veneno de algum outro bicho? É só falar que eu providencio.

Foi a primeira vez que vi sair uma piada de sua boca.

Ri com bastante vontade, até Cristina aparecer com os olhos arregalados demostrando explicitamente a aflição que a atingia no momento da ligação.

— O almoço já está na mesa — ela disse e olhou sorrateiramente para Joana. Elas trocaram um olhar preocupado, mas mesmo assim tentaram agir naturalmente.

Gesticulei em direção a sala de jantar.

— Primeiro as damas.

— Primeiro as damas

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