- Capítulo 44 -

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- GAEL CARTIER -

Miserável.

Foi a última coisa que pensei quando sai do salão com Joana em meus braços enquanto ela se desmanchava em lágrimas. Ela estava arrasada, e eu péssimo por tê-la levado àquele evento e sem querer ter promovido um encontro com aquele degenerado.

Só de imaginar a cena, de ver ele obrigando Joana se deitar com ele, meu sangue fervia na veia. Se Joana não tivesse pedido eu teria dado uma lição naquele imundo.

— Você está bem? — Era a quarta vez que eu fazia a mesma pergunta a Joana que encolhida no banco de trás da limusine só fazia chorar.

— Eu estou com medo, Gael. E se ele tentar tirar a minha filha de mim?

— Só passando por cima do meu cadáver — murmurei.

Pedi que o motorista nos deixasse no prédio onde havia um heliporto. Eu queria levar Joana para meu bangalô, que ficava reservado em uma área praiana da cidade, era um lugar tranquilo e eu tinha a certeza de que Joana ficaria melhor quando tivesse contato com aquela linda paisagem.
Depois de entrar no helicóptero fomos deixados na entrada dos bangalôs.

Enterrando seus pés na areia, Joana caminhava ao meu lado segurando seu salto, enquanto o vento levava seu vestido junto de seus cabelos que estavam caídos sobre os ombros. Vez ou outra ela suspirava cansada e sentida. Ela estava tão frágil que senti o desejo de abraçá-la bem forte e dizer que ela não estava sozinha, mas preferi o silêncio.

Abri a porta do bangalô e dei passagem para que ela pudesse entrar e se acomodar. Joana caminhou meio cambaleante, e sentou-se em um sofá de madeira com almofadas coloridas que ficava embaixo da janela que tinha a vista inteira para o mar.

Ela se encolheu deixando com que seu cabelo caísse sobre seu rosto.

Sem tirar os olhos dela, retirei a gravata borboleta e o suspensório. Eu ainda estava tentando assimilar o que havia acontecido. Eu não sabia na íntegra como Joana se sentia depois de ter contato com seu agressor, mas de uma coisa eu tinha certeza: ela precisava de todo apoio necessário.

Fui até a pequena cozinha americana que havia nos fundos do bangalô e peguei um copo com água para ela, e quando voltei para o local onde ela estava, Joana já estava sentada, recomposta, com as mãos unidas em cima do seu colo, mas o que mais me chamou atenção era o fato de ela estar segurando o cheque que a dei minutos antes de ela ser importunada por aquele sujeito.

— Eu trouxe água — estiquei o copo em sua direção.

— Obrigada.

Ela pegou o copo e deu um gole longo, logo depois colocou o objeto sobre a mesinha de centro e voltou a olhar para a o papel em sua mão.

— Precisamos conversar — sua voz estava chorosa e manhosa. Eu queria abraçá-la, beijá-la, dar colo a ela, mas eu não sabia como me aproximar. Ainda havia uma enorme barreira entre nós.

Me sentei ao seu lado no sofá e a encarei em silêncio. Naquele momento eu sabia que alguém precisava falar, e esse alguém não era eu.

— Eu odiava você — ela começou se esforçando o máximo para que sua voz não embargasse —, mas com o tempo descobri que passei a sentir coisas...

Meu coração deu um salto no peito. Eu estava ouvindo certo?

— Mais ódio? — Brinquei.

Ela riu triste.

— Não, eu... Passei a te observar e admirar como homem, Gael. — Continuei calado, mas dentro de mim havia uma queima de fogos digna da virada de ano, um gêiser expirando água fervendo para todo lado. — Eu só não quero ir embora, e deixar meus sentimentos escondidos, como fiz até o dia de hoje. — Ela molhou os lábios e direcionou seus olhos escuros e brilhantes em minha direção. — Gael, eu não posso mais esconder de você... Eu me afeiçoei a você mais do que deveria. Eu passei a sentir sua falta quando você não estava em casa, e quando você implicava comigo eu me sentia feliz, pois eu sabia que seus olhos estavam em mim, e eu ainda tinha a sua atenção. Mas, agora acho que essa história chegou ao fim. Eu preciso ir embora, me esconder com minha filha em um lugar onde aquele infeliz não nos encontre.

A Garota perfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora