- Capítulo 58 -

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- GAEL CARTIER -

Alguns dias depois...

Algumas semanas passaram, e eu ainda não tinha notícias de Joana e nem de Isabel. Eu não sabia onde elas estavam e com quem estavam. Se estavam bem ou passando por algum tipo de privação.

Dentro do meu peito, um turbilhão de sentimentos intensos me esmagava. Só de lembrar do olhar triste, aborrecido e desapontado de Joana em minha direção, enquanto ela saía portas fora segurando Isabel em seus braços, eu me sentia o mais indigno dos homens.

Me levantei da cama sem sentir interesse pela vida lá fora. Meu celular insistentemente tocava... Todos queriam falar comigo, sócios, amigos, minha secretária, Armando, mas eu não queria falar com ninguém, eu não queria fazer nada além de ficar no quarto me martirizando por ter sido tão insensível com os sentimentos da mulher que eu amava.

Eu estava acabado.

Após olhar sem interesse para a bandeja de café da manhã que Luz me trouxe no quarto, caminhei até meu mini bar, peguei mais uma garrafa de Tequila e voltei a me jogar na cama.

Tirei o lacre da garrafa e virei o líquido no gargalo.

Passei os últimos dias me embriagando, para não ter de lidar com a merda da minha realidade. Eu era um homem rico e infeliz, pois com todo meu dinheiro e prestígio, eu não conseguia comprar o mais importante: a minha felicidade, que era ao lado de Joana e Isabel, as duas pessoas que marcaram a minha vida, e me ensinaram valores além de uma vida regada de luxo.

Fechei os olhos sentindo o ardor da bebida descer pela minha garganta, trazendo as lembranças dos nossos melhores momentos juntos.

Eu amava aquele o sorriso tímido de covinhas profundas, o temperamento radical, até mesmo as teimosias de Joana. Foi impossível não pensar também em Isabel me chamando de pai, me fazendo sentir estranhamente protetor, eu amava aquela criança como se fosse minha própria filha.

Acho que nada no mundo seria capaz de me fazer mais feliz do que aquelas duas.

— Irmão? — De súbito, Júlio entrou no meu quarto segurando uma pasta de documentos. Ele se sentou aos pés da cama. — Estou indo para o aeroporto. Georgina resolveu encerrar a viagem mais cedo. Sophia está sentindo muita falta da mãe, então decidi que é hora de ir para casa.

— Tudo bem — Falei.

— Você precisa de alguma coisa? Vai mesmo ficar bem sem mim?

— Sim. Não se preocupe.

Meu irmão suspirou pesado e me encarou.

— Me dói muito te ver assim.

— Assim como? — Perguntei. Dei um gole longo na garrafa de bebida que estava em minha mão.

— Acabado — foi direto. — Ficou assim quando nosso pai morreu, quando acordou na UTI e descobriu que não conseguia mover as pernas, e quando Jasmine te abandonou, e agora está assim por causa da Joana. E, sinceramente eu lamento muito por tudo, pois ela era uma boa mulher.

— Não precisa jogar na minha cara que sou um fracasso como homem.

Meu irmão me avaliou por um tempo.

— Você não é um fracasso. É apenas impulsivo e acaba se esquecendo que suas atitudes vão resultar em consequências, boas ou ruins.

— Então, me deixe enfrentar minhas consequências do meu jeito.

Meu irmão molhou os lábios e suspirou cansado. Ficamos em silêncio reflexivo até que ele voltou a falar:

— Já pensou em ir procurá-la?

— Ela está com medo de mim, Júlio. E, eu já fiz bastante mau a ela, prefiro deixar tudo como está. — Respondi.

Meu irmão negou com a cabeça discordando do meu ponto de vista.

— Olha... Armando me entregou isso, pediu que eu te entregasse pessoalmente, já que você não quer falar com ninguém — ele esticou a pasta em minha direção. Olhei sem interesse e voltei a dar mais um gole na bebida. Nada mais fazia diferença naquela altura do campeonato. — Bem já que não quer ler. — Ele abriu a pasta e pegou algumas folhas. — Se trata de seu divórcio e o documento comprovando que o nome de Joana está limpo.

Só então peguei os papéis e me sentei na cama.

— Agora você tem motivos para ir procurá-la.

— Eu não vou fazer isso. — Resmunguei.

— Deixa de ser cabeça dura, Gael. Esse seu orgulho já fez você perder muita coisa, não acha?

Virei a garrafa no gargalo mais uma vez enquanto conferia os documentos. E estava tudo lá, minha liberdade de um casamento infantil e mal pensado e a prova de que Joana não era uma criminosa. Seu nome estava limpo.

— E, você acha que ela vai querer me ver? Depois de tudo?

— Bem, eu não posso te ajudar em tudo. A decisão de ir procurá-la vai precisar tomar sozinho. Mas se quer um conselho: ficar deitado nessa cama enchendo a cara o dia todo não vai ajudar. Se a ama, lute por ela

Encarei as íris azuis do meu irmão. Ele tinha razão, toda vez que eu precisava de ajuda ele estava lá para me socorrer, mas naquele momento eu precisava agir sozinho e tomar uma decisão importante.

Naquela manhã me despedi do meu irmão e de Sophia, eles entraram no carro e foram embora, me deixando sozinho naquela casa tão grande, que antes era preenchida com os risos e as brincadeiras de Isabel, mas agora só restava o silêncio.

Eu tinha duas opções, ficar em casa me lamentando e me sentindo derrotado por ter perdido os amores da minha vida, ou me levantar e tentar lutar por tudo o que construí nos últimos meses ao lado de Joana e Isabel... então escolhi a opção, que embora não fosse a mais cômoda, era a que me trazia paz...

 então escolhi a opção, que embora não fosse a mais cômoda, era a que me trazia paz

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