- Capítulo 60 -

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- JOANA FLORES -

— Bom dia, mamãe! — Isabel veio caminhando do corredor e esticou os bracinhos para que eu pudesse colocá-la sentada na banqueta alta da ilha da cozinha.

— Bom dia, meu amor — Sorri e acariciei seus longos cabelos. — Dormiu bem meu anjinho?

— Sim.

A peguei no colo e a coloquei sentada na banqueta dando beijos no alto de sua cabeça.

— O que vai querer comer no café da manhã — apontei para as variedades de alimentos que escolhi para o café da manhã.

— Isso! — ela apontou para a caixa de cereal.

Sorri.

Enchi a tigela de leite, e depois acrescentei o cereal sobre o olhar atento da minha filha.

O dia estava começando, e diferente dos dias anteriores, acordei disposta. Até pensei em levar Isabel para passear no shopping ou visitar o zoológico, a fim de distrair a mente, até que eu pensasse no que fazer para honrar o acordo que fiz com Edgar.

Entreguei a Isabel, a tigela cheia de cereal mergulhado no leite, puxei uma banqueta, me sentei e enchi uma xícara de café forte. E enquanto eu bebericava a xícara, observava Isabel comer seu cereal, de cabeça baixa e pensativa, fazendo muito silêncio para uma criança. Não que minha filha fosse do tipo de criança sapeca, mas naquela manhã seu silêncio ou o que eu poderia comparar com "bom comportamento", me incomodou.

Eu deveria me preocupar?

Não, ela era apenas uma criança, afinal que tipo de preocupação ela poderia ter?

— Mamãe, quem é aquele homem que veio aqui ontem?

Me engasguei com café. Tossi abanando meu rosto buscando o meu fôlego que fugiu para algum lugar do apartamento.

— O-homem? — Gaguejei surpresa.

— Sim. Ontem tinha um homem aqui na porta falando com você — ela levou uma colher cheia até a boca, mastigou e me encarou como se quisesse respostas. — Eu estava quase dormindo quando ouvi as vozes, então me levantei da cama e fiquei escondida atrás da porta, ouvindo tudo.

Limpei a garganta para conseguir falar sem gaguejar.

— Ele... Ele é um...

— Ele é meu pai de verdade, não é?

Arregalei os olhos, como ela sabia sobre aquilo?

— Isabel, como você sabe disso?

Ela olhou fixamente para sua tigela.

— Desculpe Mamãe, é que um dia sem querer eu ouvi uma conversa sua com o papai Gael. Você disse que não queria que eu soubesse que meu pai de verdade estava vivo.

Mirei seus olhos verdes escurecidos e me questionei se aquela era ou não uma boa hora para falar sobre aquele assunto.

— Eu já disse que não gosto quando você fica bisbilhotando a conversa dos adultos! — esbravejei.

Ela se encolheu em seu lugar e ficou em silêncio.

Senti todo meu corpo tenso com aquela conversa. Ela era apenas uma menina de seis anos, tinha que estar ocupada com suas brincadeiras e não no fato de saber quem era seu pai biológico!

— Desculpe, mamãe — falou com as sobrancelhas baixas.

Respirei fundo, cruzei os braços na frente do peito e molhei os lábios.

— Sim. Ele é seu pai de verdade. Mas ele não é um bom homem, ele fez muito mal para a mamãe, por isso eu escondi você dele. Eu tinha medo dele tirar você de mim...

— Ele está doente, não está?

Senti um nó se formar em minha garganta quando notei o tom triste na voz da minha filha.

— Querida, ele...

E, mais uma vez, ela me interrompeu.

— Eu posso conhecê-lo?

Engoli a saliva com dificuldade. Encarei a xícara a minha frente com o mais doloroso pesar e respondi:

— Sim.

Isabel sorriu.

— Pode ser hoje?

— Pode, apenas termine seu café e eu vou te levar até ele...

— Pode, apenas termine seu café e eu vou te levar até ele

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