- Capítulo 35 -

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- GAEL CARTIER -

O médico nos levou até o quarto onde a menina estava repousando, e depois de dar a Joana algumas orientações, ele nos deixou a sós com a menina que distraída deitada na cama, olhava fixamente para a TV que exibia o filme do Shrek.

- Meu amor. - Joana e eu nos aproximamos do leito, quando a menina nos viu sorriu e esticou os bracinhos em nossa direção. Joana se jogou para cima da filha e a beijou na testa. - Estou tão feliz que você esteja bem, meu amor - acariciou seu rostinho angelical.

Segurei com cuidado a pequena mão que estava com uma intravenosa liberando a medicação, e sorri.

- Eu também estou muito orgulhoso de você, princesa. Você está sendo muito forte.

Isabel riu mostrando as mesmas encantadoras covinhas que a mãe tinha.

- Príncipe, por que você e a mamãe estavam brigando? - A menina perguntou com os olhinhos entristecidos.

Joana e eu nos entreolhamos.

- Há... sim... nós... nós, só estávamos conversando, acertando as indiferenças. - Balbuciei sem jeito.

- Filha, adultos têm suas diferenças, mas fique tranquila, Gael e eu somos bons amigos.

Mentirosa!

- E como vocês se conhecerem...?

E mais uma vez, Joana e eu trocamos um olhar cheio de questionamentos.

Engoli a seco me questionando: o que está dando nessa menina para falar sobre essas coisas justamente agora?

- Nós nos conhecemos no meu último trabalho, meu amor... - Joana tentou uma explicação, mas parou depois de me ver olhar em sua direção com a testa franzida e os olhos semicerrados. Certamente a fiz se lembrar do incidente com o Whisky.

- Eh. E, sua mamãe foi uma mocinha muito malvada comigo - resmunguei.

Joana me deu um beliscão de leve no braço sem que a menina percebesse.

- - movi os lábios esfregando o braço.

- Não quero que briguem. Não gosto de brigas. Mamãe você disse que não ia ser malcriada com o príncipe... - Resmungou a menina.

Joana e eu trocamos um outro olhar e naquele momento, eu tinha uma certeza: Isabel era a minha aliada. Embora fosse péssimo saber que nós estávamos dando mal exemplo para aquele ser tão doce.

Respirei fundo disposto a resolver aquela situação.

- Nós nunca mais vamos brigar - estiquei o dedo mínimo em direção de Joana. Ela também esticou seu dedo e fizemos uma promessa de dedinho na frente da menina. - Promessa de dedinho.

Isabel riu novamente.

- Mamãe, porque eu não tenho um papai? A Buninha disse que tem um papai.

Já haviam algumas semanas que Isabel chegava do colégio falando dessa amiguinha chamada "Bruninha". Ela sempre contava todas as brincadeiras e sobre as coisas que elas conversavam no colégio. Com toda certeza a menina estava sendo um espelho para Isabel.

Joana pareceu ficar constrangida, ou sem resposta para aquela pergunta. Não é por menos, eu sabia o quanto era difícil falar sobre o passado. E no caso de Joana era um passado terrível e obscuro.

- Porque seu pai foi morar no céu há muitos anos, filha.

A menina enrugou a testa e esticou um beicinho para chorar.

A Garota perfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora