- Capítulo 64 -

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- JOANA FLORES -

O pôr do sol com raios alaranjados ao lado de fora, foi a minha maior inspiração naquele dia. Olhei para cima do móvel, na direção das passagens de avião que comprei e enchi o peito de ar, depois aliviei os pulmões devagar sentindo todo meu ser se realinhar.

Eu precisava viver algo novo, esquecer o passado e seguir em frente... Edgar já não estava mais no meu caminho e eu já não era mais uma refém de Gael e seus caprichos. Eu estava livre! E foi pensando nisso que decidi que eu deveria ir embora com a minha filha, ir para algum lugar tranquilo onde fôssemos só nós duas novamente, pois, com o decorrer dos dias, me convenci de que Gael não me procuraria. E meu sonho de que tudo ficaria bem entre nós dois chegou ao fim.

Era fato: Gael Cartier era um canalha, só queria dormir comigo e depois de conseguir seu feito, ele simplesmente esqueceu da minha existência. Graças a Deus minha filha parou de falar nele, e começou a se interessar por novos assuntos, me trazendo assim certo alívio. Finalmente nossas vidas estava voltando ao normal.

Coloquei mais uma peça de roupa dentro da mala e espiei Isabel, que entretida assistia desenho animado na pequena sala.

Voltei ao closet e puxei mais alguns cabides para jogar dentro da mala, e foi aí que ouvi a campainha tocar.

— Eu atendo, mamãe! — Isabel deu um pulo do sofá e correu em direção a porta.

Eu apenas conferia de longe enquanto dobrava algumas peças.

— Olá pirralha! — Animada Margaret passou pela porta. — Você está linda — segurou o queixo da minha filha e sorriu dando um beijo em sua testa.

Sorri vendo a cena.

— Obrigada titia.

— Onde está sua mãe, pirralha?

— No quarto! — Isabel apontou em minha direção.

chacoalhei os dedos para que Margaret me visse.

— Amigaaaaa! — sorrindo e empolgada ela caminhou pelo corredor e entrou no quarto onde eu estava fazendo as malas, mas à medida em que ela se aproximava seus olhos iam examinando as duas malas abertas repletas de roupas sobre a cama, seu sorriso foi se esfriando. — O que é isso? E, para onde você vai?

Coloquei a última peça na mala e puxei o zíper.

— Tomei uma decisão, Margaret. Eu vou embora com a minha filha.

Entre seus lábios formou-se um "oh" e de repente ela ficou mais séria do que de costume.

— Não, você não pode ir embora! — exclamou.

— Por que não? Agora eu sou uma mulher livre, e Edgar deixou algum dinheiro, com isso eu posso dar uma vida melhor à minha filha — questionei.

— O quê? O velho tarado te deu dinheiro, e você aceitou?

— Não! — fiz cara de nojo. — Não me interprete mal. Antes de morrer ele deixou alguns bens em nome de Isabel. Queria se retratar. E, eu não vou submeter a minha filha a uma vida infeliz por orgulho.

— Oh! Entendi... — ela olhou para o chão e abafou o som da voz — Ele não vai gostar nada, nada, de saber sobre isso — murmurou entre os dentes.

— O quê?

— Nada, nada! Eu disse que você não pode ir...

Soltei um sorriso confuso.

— E, por que não, Margaret?

Ahn... — Ela mordeu o lábio e sentou na cama. — Bem... você não pode ir, porque... porque... eu... eu vou dar uma festa de aniversário! E, nós poderíamos usar esse dia para fazer uma despedida!

— Ah, é, seu aniversário... — Me lembrei.

Ela riu voltando a sua empolgação inicial.

— Por favor, Joana, vai ser muito importante para mim! — fez biquinho.

Cocei a cabeça e ela riu com a segurança de quem sabia que eu não ia negar aquele pedido.

— Eu vou viajar na próxima segunda então... acho que tenho o final de semanaaa! — dei um gritinho empolgado.

— Isso! — ela cerrou os punhos com o sorriso de quem estava tramando alguma coisa. Mas, seja lá o que fosse, valeria à pena, afinal eu aproveitaria aquela festa para me despedir das pessoas que tiveram papéis tão importantes em minha vida. Margaret, merecia a minha presença em um dia tão especial, e eu faria aquele esforço.

 Margaret, merecia a minha presença em um dia tão especial, e eu faria aquele esforço

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