-GAEL CARTIER-
— Você está ficando maluco? Me deixa ver se eu entendi bem: você obrigou a moça vir morar aqui com a filha dela?
Respirei fundo e respondi:
— Sim.
Não resisti, precisei contar ao meu irmão na íntegra tudo o que estava acontecendo. Cheguei no ponto da história onde eu queria solucionar todas as situações, então achei prudente pedir conselhos ao meu irmão.
— Tudo isso porque ela jogou Whisky na sua cara, depois de você a importunar?
Trinquei os dentes e encolhi os ombros.
— Sim.
Meu irmão soltou uma gargalhada gostosa que preencheu toda a sala onde estávamos conversando. Ele caminhou em direção a adega e pegou uma garrafa de Tequila.
— Você está ficando caprichoso igual ao nosso pai. Não aceita não como resposta — analisou o rótulo da garrafa e pegou um copo.
— Eu? Imagina.
— Tequila? — Ele esticou a garrafa em minha direção.
— Não. Não gosto desse. — Respondi.
Meu irmão riu.
— Caprichoso igual ao nosso pai! — afirmou.
— Cala a boca Júlio, não é porque você nasceu dois minutos antes de mim que pode me dar sermões.
Ele caminhou em minha direção com o copo na mão e se sentou na poltrona ao meu lado.
— Eu te conheço muito bem. Não trouxe ela para cá à toa, trouxe?
Neguei com a cabeça.
— Desde a primeira vez que a vi senti algo — confessei. — Pensei que ela fosse como aquelas mulheres que trabalham no pub, você sabe... Saem com homens por dinheiro, mas ela é diferente. Me rejeitou, rejeitou a minha proposta, e passa a maior parte do tempo resistindo a tudo o que tento demonstrar por ela, e isso me deixa louco. Você sabe como eu odeio ser ignorado e... Para completar eu não consigo parar de pensar nela.
Meu irmão estreitou os olhos em minha direção.
— Gael, você está apaixonado por essa moça? — Abaixei a cabeça, o silêncio que saía de mim falava mais que "mil" palavras. Meu irmão assentiu com a cabeça como se estivesse admirado — Eu fico feliz por isso. Feliz que tenha esquecido aquela diaba da Jasmine que só te fez mal.
— Gosto dela, mas não sei como demostrar isso, afinal ela está sempre me irritando e eu não tenho paciência.
Meu irmão riu.
— Suponho que seja geniosa.
— Sim, e como — respondi.
— É a Garota perfeita para você! — zombou rindo.
— Não sei porque ela age tão mal, eu sempre a tratei muito bem.
— Diga você, se fosse obrigado a viver na casa de um estranho... se eu fosse essa mulher, teria pânico de você — zombou novamente.
Dei um soco leve em seu braço.
— Deixa de ser idiota, Júlio.
— Não estou sendo — falou.
Ele jogou o corpo para frente, apoiou seus cotovelos em seus joelhos e me encarou deixando seu sorriso esfriar.
De repente, o ar ficou sério.
— Está fazendo errado, não se conquista uma mulher à força, irmão.
— Eu não estou à forçando! — me defendi sendo orgulhoso.
— Está sim. Está fazendo como o papai, controlando tudo. Deixe-a descobrir seu valor como homem, Gael. Se ela não te aceitou da forma como você se mostrou pela primeira vez, deveria deixá-la em paz, ou tentar conquistá-la por outros meios que não fosse "conquistá-la pelo seu dinehiro". - ele respirou fundo e olhou - Irmão... Se ela tiver que ir, deixe-a ir, mas se ela tiver que ficar, vai ficar e pronto! Só não seja cabeça dura e continue estragando tudo.
Assenti com a cabeça. Eu não queria admitir, mas, meu irmão tinha razão. Ele tinha toda razão.
— Eu não quero que ela vá embora, me apeguei a menina, e a ela também. Não sei como vai ser da minha vida sem elas. — Meu irmão riu. — Joana é uma garota incrível, forte, determinada, desobediente..., mas ainda sim é divina em todos os aspectos. E desde que elas vieram morar aqui, eu me sinto mais feliz. Completo. Não quero que nada disso acabe.
Meu irmão apertou o meu joelho.
— Não acredito que precisei vir da Itália para te dar conselhos amorosos.
Trocamos um sorriso cumplicie.
— Ainda bem, porque eu não sabia mais o que fazer. E, afinal... o que devo fazer?
— Deixe-a escolher se quer ficar ou ir, mas antes de tudo... — meu irmão puxou dois convites do bolso da calça. — Leve-a para sair, seu imbecil! — ele jogou os convites em mim.
Os espalmei e li.
— O que é isso?
— É a festa de gala da empresa do meu sogro, é um evento beneficente. Porque não aproveita a oportunidade e a convida para sair. Mas se ela negar, simplesmente aceite o não como resposta e cale essa boca.
Ri da forma como meu irmão me aconselhava.
E, de repente, Joana entrou na sala.
— Meninos, o almoço está na mesa.
— Maravilha, eu estava mesmo morrendo de fome — falei me levantando da poltrona.
Meu irmão e eu trocamos um olhar de cumplicidade e seguimos Joana.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Garota perfeita
RomanceJoana Flores é uma mãe solteira que aceita trabalhar em um dos pubs mais badalados da cidade para criar a filha, mas sua vida muda quando ela cruza com Gael Cartier, um milionário frio e caprichoso que confunde Joana com uma garota de programa. Ele...