- Capítulo 32 -

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- JOANA FLORES -

Tão logo precisei enfrentar meus temores. Assim que cheguei em casa, dei de cara com Gael sentado no sofá da sala, com as pernas abertas, bebericando uma taça de vinho tinto. Sua feição assim como de costume estava neutra. Através de suas expressões faciais não dava para saber o que passava em sua cabeça, ou melhor se eu estaria ou não  muito encrencada depois do que fiz com ele, essa era a minha única preocupação.

— Boa noite — falei e dando pequenos passos em direção as escadas centrais.

— Aonde você estava? — Me perguntou em tom sério.

— Procurando emprego — respondi entre os dentes.

- E... Você conseguiu?

Bufei jogando o cansaço daquele dia fracassado sair pelos meus lábios.

- Infelizmente não,  mas não vou perder a esperança, em breve vou conseguir um emprego e sair da sua casa.

Ele me olhou levantando apenas uma sobrancelha enquanto tomava sua bebida.

- Ah, eh Docinho... - fez cara de desdém junto de um meio sorriso debochado e voltou a olhar para o copo.

Odeio quando ele me chama de Docinho.

Até pensei em passar por ele, subir as escadas e seguir meu caminho, mas me convenci de que eu precisava me desculpar. Eu não tinha mais condições de ficar me escondendo dele ou o evitando, pois como diz o dito popular: "Galinha de casa não se corre atrás".

Contornei o sofá e me sentei de frente para ele, coloquei minha bolsa no colo e o encarei.

— E... como está sua coluna? — Perguntei sem saber ao certo como iniciar o assunto do desastre da noite anterior.

— Melhor — respondeu seco o suficiente para me mostrar que ele havia ficado chateado. Eu sabia que havia passado dos limites.

— Não quero que fiquemos brigados.

Ele sacodiu o líquido da taça, bebeu tudo e descansou a taça na mesa de centro. Depois se jogou para trás no sofá e me encarou.

— Brigados? Não... não... imagine. Esqueça o que aconteceu.

Sorri boba, nunca pensei que fosse tão fácil.

— Sério?

Ele confirmou com a cabeça.

— Não vou ganhar nada ficando com a cara virada para você.

Juntei minhas mãos no colo, olhei para ela e comecei a recitar meu discurso de arrependimento:

— Que bom que você me entendeu... pensei que a situação entre nós fosse ficar irredutível novamente por causa do ocorrido, mas fico feliz que você seja um homem maduro e está sendo paciente... Eu também quero me desculpar por ter...

Me calei quando vi três mulheres lindas entrar pelas portas da frente.

Uma delas era loira, tinha silicones nos seios, sua pele era pálida e seu corpo era muito bem trabalhado em aparelhos de musculação. Seus lábios eram carnudos envolvidos por um batom vermelho forte e seus olhos eram azuis, devidamente maquiados para à noite. Ela usava um micro vestido tomara-que-caia, que deixava quase todo seu corpo à mostra.

A outra era ruiva, lábios finos, olhos verdes, tinha a pele muito pálida, e sardas espalhadas pelo seu corpo. Assim como a primeira, ela tinha um belíssimo corpo de quem frequenta academias de musculação, e usava roupas curtas; uma sainha rodada e uma blusa que faltava pano para tapar o piercing do umbigo.

A terceira, era a mais linda de todas, uma linda morena de olhos castanhos escuros, lábios carnudos, corpo violão e usava um shortinho curto rasgado, e metade de uma blusa que revelava suas curvas com perfeição.

Senti minha autoestima cair de um precipício e virar poeira, todo meu corpo ficou tenso.

— Ora... Ora... já chegaram... — Gael pegou a mão da loira e a fez se sentar em seu colo.

— Chegamos gostoso — a loira avançou na orelha dele.

O safado sem vergonha puxou a morena para sua outra perna e a terceira se ajoelhou à sua frente, como se a minha presença ali não tivesse importância.

Maldito!

Uma esquisita vontade de chorar formou um nó em minha garganta. Por que eu estava sentindo aquilo, e por que ele estava fazendo aquelas coisas?

— Desculpe... — Ele me olhou com um sorriso safado. — Você dizia alguma coisa, não dizia?

Engoli meu choro e me levantei do sofá.

— Não tenho nada para dizer... eu vou para o meu quarto.

Subi os degraus ouvindo os gemidos e risos daquela sem-vergonhice que estava acontecendo. Finalmente quando cruzei o corredor, a lágrima presa no meu olhar escorreu. Eu estava me sentindo triste, desapontada, decepcionada, frustrada, eu estava me sentindo péssima ao ver Gael ao lado daquelas mulheres.

E, não bastando meus sentimentos expostos e humilhados daquela maneira, Gael passou por mim no corredor junto das três mulheres. E, quando olhei sua silhueta se movendo indo em direção a porta do seu quarto, notei que ele estava colocando a mão no bolso do shortinho da morena, enquanto ela envolvia seu braço no pescoço dele.

As outras duas o acompanhava rindo carregando consigo uma garrafa de champanhe.

Observei aquela cena com meu pequeno coração no peito. Entrei no meu quarto e fechei a porta atrás de mim, me encostei nela já não resistindo as lágrimas.

Chorei por minutos, até decidir que...

— Esse desgraçado, vai pagar por isso...

— Esse desgraçado, vai pagar por isso

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