Capítulo 12: "Você poderia trabalhar em um circo arremessando facas"

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Andrew estava eletrico e hiperativo, andando pelo apartamentos de Wymack tentando encontrar algo mais interessante do que escutar o treinador e Kevin discutindo sobre quem deveriam recrutar. Ele cantarolava uma música qualquer e batia o dedo na moldura da janela, observando os carros e pessoas la embaixo.

-Minyard, se você parasse de zumbir no meu ouvido ajudaria muito-Wymack reclamou e Andrew o ignorou, odiava os efeitos das drogas tanto quanto ele, mas Wymack poderia sair de perto e fingir que Andrew não estava nas nuvens, enquanto ele próprio não tinha esse privilégio.

Kevin continuava reclamando sobre qualquer candidato que Wymack escolhia. Totalmente chato e tedioso, Andrew pensou.

Ele se viu pensado em um certo ruivo de olhos azuis em tudo que sabia sobre ele, e apesar Andrew ser incapaz de se concentrar muito tempo em um só pensamento, Neil passava um tempo considerável em seus pensamentos e isso era totalmente irritante. Andrew tinha vontade de quebrar Neil em vários pedaços e colocar cada um deles em um microscópio. E se para isso precisasse desistir de alguns segredos, então que seja.

Ele havia arrancado tudo que Kevin sabia sobre Neil no outro dia após seu encontro no Eden's, mas tudo que Kevin contou, Andrew já sabia ou havia adivinhado, a única informação interessante de fato foi que o ruivo gostava de contrariar Riko e confronta-lo.

O celular de Andrew vibrou em seu bolso, trazendo-o de volta a realidade.

Número desconhecido
Ei, Minyard, estou na sua porta
gostaria de ir dá um passeio?

Andrew olhou pela janela e viu um carro preto estacionado, estreitou os olhos e viu alguém encostado nele, acenando. Ele desligou o celular sem responder, mas não antes de salvar o número. Os cantos da boca de Andrew se repuxaram tanto para cima que doía.

-Onde você vai?-Kevin perguntou quando Andrew foi para a porta.

-Sair.

-Ainda não estou pronto para ir.

-Quem disse que estou chamando você?-disse Andrew abrindo a porta.

-O que?

A porta se fechou com um baque.

Neil jogava um jogo aleatório no celular enquanto esperava pacientemente Minyard chegar, ele não havia dado nenhuma confirmação de que estava vindo, mas Neil preferia pensar que não tinha sido ignorando, não depois de passar horas tentando encontrar Andrew.

Ele guardou o celular quando ouviu o barulho de passos, Andrew havia levado poucos minutos para descer até o térreo e dar a volta no prédio.

-Oi, Drew-Neil acenou.

Andrew tinha um grande sorriso, mas seus dedos se contraíram e ele parecia prestes a puxar uma faca e cortar Neil em pedaços.

-Se me chamar assim de novo, vou arrancar sua língua.

Neil deu os ombros.

-Como me achou?-Andrew perguntou.

-Pedi para alguém rastrear a placa do seu carro-Neil respondeu mas quando percebeu que aquilo era estranho, ele franziu o cenho.-Desculpe?

-Não acredito em arrependimento-Andrew respondeu e então começou a atravessar a rua.

Neil apressou em ir atrás dele.

-Onde você vai?

-Não te interessa. Não estou com vontade de jogar hoje.

-Então por que você veio?-Neil indagou. Ele percebeu que Andrew caminhava para uma pequena praça arborizada que ficava de frente para o prédio.

-Porque é um pouco menos chato do que ficar lá em cima.

-Bem, já que você não quer jogar, não vamos jogar. Vamos apenas conversar sobre coisas inúteis.

Andrew se sentou em um banco debaixo de uma árvore e começou a desfiar uma folha que havia pegado no chão.

-Você não tem mais nada o que fazer, não?

Neil sorriu.

-Na verdade, não. Tenho muito tempo livre.

-Já percebi, sempre aparecendo convenientemente onde estou, eu deveria me preocupar?

-As primeiras duas vezes foram pura coincidência ou talvez tenha sido o destino.

Andrew continuava empenhado em despedaçar folhinhas, mas os cantos de seus lábios estavam repuxados para cima.

-Não existe essa merda de destino.

-Nisso eu tenho que concordar com você. O futuro depende puramente de nossas escolhas e vontade de viver.

-Coisa que você parece não ter muita.

Neil sorriu.

-Acho que é mais uma coisa que eu e você temos em comum, raposa.

Neil conseguia facilmente acompanhar os tópicos de Andrew, que estava elétrico com a medicação então pulava de assunto para o outro, mas Neil não se importava, aquela era uma distração bem vinda.

Já havia se passado um bom tempo, Neil estava explicando a Andrew toda a teoria sobre arremesso de facas e a matemática envolvida, Neil sabia que Andrew estava ouvindo pela forma que ele balançava imperceptivelmente a cabeça de vez em quando, mesmo que seus olhos vagassem por todo ambiente e a pilha de folhas despedaçadas aos seus pés fosse grande, até que seu celular tocou.

-Estou fazendo amizades novas-respondeu depois de atender o celular.-Ah treinador, não esfaqueei ninguém, ainda-ele fez uma pausa.-Diga a Kevin para descer então, ou eu tenho que buscá-lo pela mão?-outra pausa, dessa vez mais rápida-Tchaaau, treinador.

Pelo murmúrio de uma voz vinda do celular, Andrew tinha desligado o celular na cara de Wymack, o treinador das Raposas.

Neil soltou um suspiro e se levantou.

-Acho que está na hora de ir embora.

-Esta fugindo de Kevin?-Andrew perguntou com um sorriso zombeteiro.

-Estou fugindo de todas as exigências irritantes que ele vai começar a fazer.

Neil colocou as mãos nos bolsos e olhou em direção ao prédio de Wymack, então se voltou para Andrew.

-Até mais, Drew.

Em um piscar de olhos havia uma faca fincada no tronco da árvore, havia passado tão próxima de Neil que ele pôde sentir o vento. Ele olhou inpressionado para a faca e depois para Andrew novamente.

-Você conseguiu fazer isso só com uma simples explicação? Uau. Eu levei uma semana.

E provavelmente teria sido mais tempo, se Lola não tivesse começado a ameaça-lo dizendo que se não acertasse o maldito alvo chamaria seu pai.

O sorriso zombeteiro de Andrew deu lugar a algo mais cruel e feroz.

-Eu aprendo rápido. Além disso, eu disse disse o que aconteceria se me chamasse de Drew de novo.

Neil puxou a faca da árvore e a jogou para cima uma vez antes de dizer:

-Você nunca disse que eu não poderia te chamar assim-então guardou a faca no bolso e deu uma batidinha.-Vou guardar isso como lembrança. Treine um pouco mais e em breve você já pode trabalhar em um circo arremessando facas.

Antes que Andrew pudesse retrucar ou exigir a faca de volta, Neil deu as costas e foi na direção onde havia estacionado o carro.

Guns, rackets and foxesOnde histórias criam vida. Descubra agora