Capítulo 18: Matt Boyd

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Pouco depois de sair da sala de Abby, Neil encontrou o recém chegado que parecia ter dois metros de altura se comparado com as outras raposas que Neil tinha conhecido, parte dessa ilusão provavelmente se dava pelo seu cabelo negro espetado para cima, duro de gel. Neil o reconheceu facilmente, Matthew Boyd.

Matt andou até Neil e estendeu a mão, Neil inclinou o pescoço um pouco para cima para olhar o rosto de Matt, sem deixar que seu olhar vagasse demais pelas marcas desbotadas de agulha que cobriam seus braços e apertou sua mão.

—Matt Boyd—o cara disse sacudindo a mão de Neil—Estou no terceiro ano e sou defensor titular das raposas. Você deve ser o Neil.

Neil não respondeu nada, porque o treinador saiu de seu escritório para jogar um molho de chaves em Matt, que se virou antes que as chaves o atingissem.

—Jesus, treinador, oi para você também.

—Digo o mesmo, você passa na frente da minha porta aberta sem mais nem menos. Isso vale pra você também, Josten.

Neil colocou as mãos nos bolsos e disse:

—Você não estava a vista quando eu cheguei.

Wymack revirou os olhos e jogou outro molho de chaves para Neil.

—Essas são as chaves do estádio e dos portões, pergunte a Kevin para o que serve cada uma.

Neil pegou as chaves no ar e as guardou no bolso, fazendo uma nota mental para depois colocá-las junto com as chaves do seu apartamento e do galpão.

—Cadê os monstros?—Matt perguntou depois de olhar em volta.

—Provavelmente destruindo a Torre das Raposas.

Os "monstros" deveriam se referir ao grupinho de Andrew, que pelo que Neil sabia eram os únicos além dele e de Matt que estavam em Palmetto State.

—Por que eles podiam ir para Torre das Raposas e eu não?—Neil protestou.

—Por que aqueles três idiotas podem ficar de olho em Andrew. Eu não vou deixar você vagar por aí sem supervisão.

—Você está me tratando como uma criança.

—Parabéns, Matt, você é a nova babá de Neil—Wymack continuou, ignorando as palavras de Neil.

Neil bufou, ele não precisava de uma babá, mas não disse nada.

Abby apareceu na porta de seu escritório e encostou na soleira, ela parecia estar totalmente recuperada.

—Bem vindo de volta, Matt. Você viajou bem?

—Bem o suficiente—ele voltou seu olhar a Neil.—Já que você não se instalou no alojamento, eu te dou uma carona, onde estão suas coisas?

Neil apontou para sua mala.

—É só isso.

Matt parecia ligeiramente surpreso.

—Não sei como você planeja passar o ano apenas com essas coisas. Você tem que ver o quanto eu trouxe na minha caminhonete.

Neil deu os ombros.

—Não preciso de tantas coisas assim.

—Pensei que já estavam de saída—disse Wymack.

—Não senti sua falta, treinador—Matt disse.—Vamos, Neil.

Se Neil tinha achado o carro que Ichirou havia dado a ele chamativo, isso era porque não tinha visto a caminhonete monstruosa azul que poderia fazer um buraco no estádio sem perder a velocidade de Matt. O bagageiro da caminhonete estava cheio de móveis e os bancos traseiros cheios de malas e caixas, Neil demorou para encontarar um espaço para deixar sua própria mala. Assim que entrou, a caminhonete ganhou vida com um rugido silencioso e Matt partiu do estacionamento.

—Me diga que ainda não conheceu os monstros, cara.

—Os conheci uma vez, quando assinei o contrato—Neil não diria que já tinha conversado com Andrew antes, ou que conhecia Kevin há muito tempo.

—Que bom, Dan odiaria saber que sua primeira impressão de nós seria a dos vagabundos.

—Eles são...interessantes.

—Interessantes—Matt repetiu.—Acho que essa é a descrição mais inofensiva que ouvi sobre eles até hoje.

—Por que vocês os chamam assim?

—De monstros? Você vai descobrir. Ah, aí estamos—Matt apontou para a janela.

A maioria dos edifícios, escritórios e dormitórios de Palmetto estavam dentro de um circuito gigante chamado Rodovia Perimetral. A Torre das Raposas era uma excessão, já que foi construído no topo de uma colina, o morro teria sido agradável para os alunos relaxarem no tempo entre as aulas, se alguém não tivesse tido a ideia de construir o dormitório dos atletas no topo. A torre tinha quatro andares e contava com seu próprio laboratório de informática e estacionamento. O carro de Andrew era o único estcaionado lá.

Matt ignorou todas as vagas de estacionamento a favor de parar ao lado da calçada. Neil o ajudou descarregar as coisas e levar os móveis que precisavam de dois até o dormitório no último andar. O que foi um pesadelo, já que a maioria não cabia no elevador, então foi preciso carregar os móveis pela escada.

Matt explicou de quem era cada quarto, Andrew, Kevin, Nicky e Aaron estavam no mais próximo ao elevador. Depois vinha o quarto de Dan, Renee e Alisson. E o mais afastado do elevador era o quarto de Neil, Matt e Seth.

Neil escolheu a cama suspensa, já que Matt era alto demais para ela e aparentemente Seth tinha horários estranhos. O colchão estava nu, então Neil precisaria comprar roupa de cama, cigarro e algumas outras coisas para o dia a dia e a faculdade. Ele deixou Matt arrumando suas coisas enquanto foi até até a rua indicada por Matt onde poderia comprar as coisas, Neil não se importou de deixar sua mala em qualquer lugar, ele trouxera um cartão de crédito ao invés de dinheiro em espécie e não podia carregar facas e armas em um aeroporto, então não tinha nada demais naquela mala. Ele teria que esperar por pelo menos 12 horas enquanto Devan trazia seu carro e suas armas por terra, o que o deixava um pouco nervoso.

Quando Neil voltou ao dormitório, Matt tinha acabado de sair para buscar Dan e Renee no aeroporto, então Neil aproveitou para arrumar suas coisas. Ele percebeu que Matt já tinha se apropriado de uma das mesas, onde tinha montado seu computador. Ele também tinha instalado uma televisão e videogame. E um sofá. E várias outras coisas de utilidade comum estavam espalhadas pelo dormitório.

Neil já tinha reparado nos alarmes anti incêndio no dormitório e ele se perguntou se a fumaça do cigarro poderia aciona-los. Ele deu os ombros e saiu para o corredor, planejando ir para fora. Mas assim que saiu do seu dormitório, percebeu Andrew saíndo do dele também.

Guns, rackets and foxesOnde histórias criam vida. Descubra agora