Capítulo 37: Casamento

1.4K 186 132
                                    

Andrew Minyard

Andrew puxou a fumaça do cigarro sentindo a nicotina tentando combater a adrenalina que percorria suas veias, ele se inclinou um pouco sobre o parapeito de vidro, tentando ver os carros passando pelas ruas iluminadas, mas eram tão pequenos quanto formigas.

Fazer um acordo com Neil não foi nem de longe a coisa mais estúpida que fez em relação a ele, mas a primeira foi tê-lo deixado ficar em seu time e pior ainda, acha-lo atraente.

Neil, que nunca escondeu de Andrew que tem algum grau de associação com os Moriyamas. Neil, que o chamou para ir à uma cidade infestada de Moriyamas e Andrew aceitou, e ainda levou Kevin a tiracolo. Neil, que tinha uma mente tão fodida como a de Andrew e uma escuridão interna ainda maior. Neil. Neil. Neil. Andrew passava muito tempo pensando em Neil e isso era um problema.

Para começar esse não era nem o verdadeiro nome dele. Nathaniel, Kevin dissera duas vezes e nas duas a reação de Neil foi violenta, mas por que? Por que aquele maldito perigo que apenas Andrew parecia perceber que cercava Neil o atraía tanto, mesmo com todos aqueles alarmes disparado em sua cabeça?

Ele tinha alguma intimidade com Ichirou, a julgar pelo jeito com que falou dele mais cedo, então talvez estivesse mais próximo dos chefões do que Andrew havia pensado e do que ele havia dado a enteder. Talvez fosse mais problema que valesse a pena.

Não que Andrew pudesse manda-lo embora, não mais. Ele tinha um acordo com Neil, por pelo menos aquele ano e ele cumpria suas promessas, mesmo que os outros não o fizessem, mesmo quando todas aquelas promessas quebradas dilacerassem sua carne como cacos de vidros, mesmo que os outros não conseguissem mante-las. Andrew não se importava, ele manteria sua maldita promessa por si mesmo e por Neil se ele não fosse capaz.

Ele terminou o cigarro e se afastou do parapeito, voltando para dentro, para a cobertura de Neil a tempo de ve-lo saindo da porta que tinha apontado ser seu quarto com o cabelo ruivo molhado, um terno azul escuro que se assentava muito bem em seu corpo e uma gravata ainda desfeita pendurada no pescoço. Andrew não sabia se queria puxar as duas estremidades  daquela gravata e beija-lo ou enfiar uma de suas facas nele e ver o sangue manchar a camisa branca que ele usava debaixo do blazer. Neil não balança, Andrew disse a si mesmo, ele está fora dos limites.

—Oi, Drew—ele andou lentamente pelo corredor, a calça se agarrando em suas pernas musculosas. Andrew nunca estava preparado para forma como Neil o chamava, se ele não balançava, por que ele tinha que parecer tão atraente naquele momento ou em todos os outros? Idiota, maldito idiota. Andrew se cansaria dele em breve e ele iria embora, então Andrew poderia voltar para sua vida normal e chata e passar os seus dias de faculdade na névoa confusa das drogas.—Tenho que sair, você se importa de ficar aqui sozinho por um tempo?

Andrew cruzou os braços.

—Para onde?—ele pensou que aquilo parecia uma namorada ciumenta, mas tirou o pensamento da sua cabeça, se Neil manteria Kevin, ele não podia estar morto e era perfeitamente normal Andrew saber se o viciado estava indo se jogar de cabeça em algum problema.

Neil franziu o cenho.

—Ichirou vai se casar, aparentemente. É, eu sei, é estranho, mas não é um casamento de verdade, sei lá, nunca entendi o que se passa pela cabeça da mulher dele.—Neil tirou o cartão magnético do bolso e o deixou em cima do balcão.—Fique a vontade e se precisar de alguma coisa é só pedir para o pessoal da recepção. Se você quiser sair por aí, é só pedir a Tanya a chave de um dos carros e um guia, se quiser. Mas amanhã vou te levar para conhecer as principais atrações de Nova Iorque, tudo bem?

Guns, rackets and foxesOnde histórias criam vida. Descubra agora