CXVI

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A manhã se fez presente quando os raios da luz solar invadiram o quarto. Cristiano não se lembrou de quando foi parar ali, sua última memória foi estar no sofá, conversando com Léo, enquanto planejavam mais alguns detalhes do casamento. Percorrendo o olhar, notou estar sozinho e, que na mesinha perto da cabeceira, havia uma bandeja com frutas cortadas, um café com pires em cima, tampando-o e um sanduíche natural com pão integral.

Ele deu um breve suspiro e se sentou, torcendo um pouco o pescoço de um lado para o outro, em seguida fazendo o mesmo com os braços. Aproveitou um pouco do momento para pegar o celular e checar alguma novidade importante antes de puxar a bandeja ao colo para que notasse um bilhete lá escrito. Tentando conter um sorriso, ele negou com a cabeça, rindo baixinho. Nunca sequer tinha recebido um antes. Era sempre Cristiano que fazia com as garotas -- e não havia emoção alguma como há que tem agora--, não conseguiu fazer nem para Léo, ao menos que se lembrava. Agora tinha mais essa. Se sentia extremamente feliz.

"Uma comida leve para manter a forma que você nunca perderia. E eu te disse que conseguia pegá-lo facilmente.

- LM10"

Um rubor se espalhou por sua face e o português tratou de limpar a garganta, forçando-a um pouco ao notar que tinha ficado sem graça. Era estranho como o fazia se sentir. Messi não era a pessoa mais sociável de todas, mas ele se esforçava agora. Tinha mudado muito. Abriu seu mundo particular para que Cris entrasse e tentasse entender a lógica por trás da bagunça. A intenção dele nunca seria arrumá-la, isso era tarefa de Léo, mas sim apoiar. E isso ainda conseguia ser estranho. Apaixonar é estranho. Amar é mais ainda. Por mais que doía admitir, ainda sentia uma confusão interna quando parava para analisar o tipo que amava. As suas raízes o diziam que era errado. Contudo, já não as ouvia. Ainda tentava se manter em seu papel como algo dominador ou algo como "alfa", quando se sentia na obrigação de protegê-lo ou tomar as decisões como se ele fosse o homem e Léo a... Parou seus pensamentos ali, passando a mão no rosto, resmungando por ter na mente isso. Não, ele não era mulher. Por que, então, o "não ser" deveria ser errado? Não sabia. O que tinha noção é que nem o papel que lhe foi atribuído socialmente e de forma psicológica, conseguia fazer. Messi também o tratava de uma forma que não estava acostumado. O viu em posições bem íntimas e o explorou. Se alguma vez já se imaginou com o sexo oposto, com certeza não foi em se permitir ser tocado dessa forma. Aquela vez em que abriu a exceção ao argentino, não foi nada ruim, pelo contrário, mas se sentia menos capaz quando olhava para aquele cuidado que não era acostumado. Teria que ser, o casamento lhe proporcionaria muito mais. Se acostumar não é opção, é o fato.

- Pare de pensar nisso... -- suspirou alto, se sentindo culpado por pensar assim. -- Tu o conheces, não pensaria menos de ti...

Messi não merecia tais questionamentos. Cris deveria ficar feliz pelo gesto. Relendo o bilhete, ele conseguiu sorrir e pôs na gaveta, não querendo jogar fora. Era outra característica do gajo, o sentimentalismo em pequenos e grandes atos. Aquele era um muito significante. Assim que destampou o café, deu um gole e pegou o celular, decidindo checar como Dybala estava.  Não teve notícias do amigo, e deveria ter. Porém, a ligação apenas caiu e não teve outra escolha, se não ligar para o espanhol que o atendeu depois de alguns toques.

- Nos vimos ontem. está com saudades, guapo? -- a voz de Sérgio e seu deboche o fez revirar os olhos. -- Alguém vai ficar com ciúmes.

- Não sejas convencido. Não teria do que ter ciúmes. Perto de Léo, tu não chegas nem perto -- revidou com um tom de humor, fazendo o outro gargalhar.

For him  ✪ | CR7 & Messi | BoyxBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora