XLI

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Então o tempo passou. O jogo contra o Lille foi mais difícil do que creram que poderia ser. O técnico optou por diversificar o time, deixando com que quem não teve muita oportunidade nos últimos dias, assumisse as posições. O que significava que Cristiano e Neymar ficaram no banco por um bom tempo antes de o brasileiro entrar primeiro quando perceberam que precisariam de ajuda. O placar não saía do 1x0 para o time adversário, então foi necessário que Neymar montasse um ataque junto a Icardi. Dí Maria, Verrati e Herrera ficavam escalados no meio do campo para ajudar a montar as jogadas, o que resultou em um empate. Alguns cartões amarelos foram distribuídos aos jogadores de ambos os times, Marquinhos tinha um por ter derrubado um cara que havia tentado chutar a bola depois que tinham provocado uma falta. Do banco, o português observava aquilo atento. Sabia que não deveriam ter tanto trabalho enfrentando aquele time que ele sequer sabia citar um nome de quem estava por lá. Erguendo um pouco a cabeça para o lado, seu olhar cruza com o de Léo que olhava atento entre o jogo e para Cristiano, na área de convidados. Seu tornozelo tinha melhorado bastante, conseguia caminhar tranquilamente e aos poucos voltava a correr, claro que não pôde ser escalado de primeira, porém não evitou de vir prestar apoio aos seus companheiros. O jogo estava bem acirrado, não sabia o porquê não estariam conseguindo avançar. A defesa tinha que se manifestar toda hora para barrar os avanços dos oponentes. Messi sabia que se continuassem a depender tanto deles e atacar menos, iriam perder mesmo. Podia ler a expressão do maior e sabia que estava se segurando muito para não demonstrar a raiva em ficar no banco junto aos outros reservas. Vez ou outra, o via tentar ajudar a trocar a tática de armação do time junto ao treinador, porém acabava sendo ignorado em suas tentativas de ajudar e só conseguiu entrar nos minutos finais, como um último sopro de esperança.

O português tinha conseguido usar a raiva que teria adquirido em ser ignorado, deixado de lado e quase perder, quando aproveitaram de um lance que começou da saída do goleiro até invadir a zaga adversária em uma divisão de passes entre o Icardi e Maria, quando a bola chegou nos pés de Cris que não demorou a confundir o goleiro lançando de lado ao brasileiro. Este driblou um zagueiro e outro lateral que subia tentando marcá-lo e arremessou novamente ao português que marcou de cabeça. Naquele momento, Léo se levantou da cadeira em que estava sentado e gritou comemorando o gol que seria como um suspiro de alívio ao time francês. Ele já estava atento quando a jogada começou, confiava que seu amado iria agir, e assim foi. O final do placar foi 2x1 ao PSG com o gol de Cristiano nos acréscimos. Saindo do campo após trocar de camisa com um dos jogadores, o português vasculhou seu olhar por onde o argentino estaria anteriormente, não o achando. Então continuou a descer o túnel, indo ao vestiário juntos aos outros que comemoravam a vitória surrada. Somente depois quando tinha acabado de tomar um banho, Cris leu uma mensagem de Messi sobre o estar esperando no carro. Dessa forma, tratou de se apressar e sair de lá. Já não estava tão contente, teria seus pensamentos enfurecidos por tamanha falta de profissionalismo ou conhecimento do técnico. Não que o maior soubesse tudo, só que era óbvio algumas coisas que teria o avisado, e mesmo assim, à toa. Quando chegou no estacionamento, ele avistou o carro de Messi ao longe e caminhou até ele, adentrando após acelerar o passo. Colocou rapidamente a mochila sobre o chão e virou o tronco em direção ao argentino que iria falar algo até não ter a chance por tê-lo beijado. O beijo deles agora seria uma mistura da tentativa de Lionel tentar o acalmar, acompanhando seu ritmo, e de Cristiano descontando a raiva nisto. Passando as mãos pela cintura do outro, o bronzeado o apertava contra si, o fazendo suspirar. Eles apenas se afastaram quando o ar lhes faltou.

- Hum... -- Léo respirou um pouco ofegante.

- Hoje foi um desastre, só queria tu a jogar comigo ou para salvar-nos daquela catástrofe -- ele virou-se para frente, cruzando os braços. -- Talvez Pochettino te ouviria, claro, quem sou eu perto de você? -- revira os os olhos, enquanto o baixinho o observava em silêncio, com pena por ter deixado as coisas acontecerem dessa forma. -- Mas se ele acha que pode desprezar a mim daquela forma, está muito enganado. Não vou perder por um técnico que não sabe o que faz.

Ao final de suas palavras, ele pensou um pouco no que disse e suspirou, passando a mão no rosto.

- Desculpe, não tens nada a ver com minhas reclamações.

- Lógico que eu tenho. -- o argentino fica olhando para ele e torce os lábios, desviando para o volante. -- Te disse que não iria deixar passar sozinho por nada, que se fosse para ser meus inimigos iriam ser, então não vou te deixar. -- ele pensa um pouco. -- Eu tenho que voltar logo a jogar. Você... Pode me ajudar a treinar meu físico? -- Cristiano o olha nessa última parte, meio surpreso. -- Acho que deve ser um bom treinador. Claro, se você quiser.

O quão irônico seria aquele pedido. O maior rival seu estaria contando com sua ajuda para voltar aos gramados, além de ter virado sua vida de cabeça para baixo, sendo o cara que estava ao lado quando sempre precisa e que não quer mais ficar sem. A vida era e é algo estranho. As coisas nunca ficam estáveis, vivem em constante mudança, e essa foi a de mais inusitada que lhe aconteceu. Tentando disfarçar o sorriso, Cris assentiu com o pedido e pôs o cinto.

- Vamos para minha casa.

Léo não era atento tanto aos detalhes, mas se forçou a ser quando se trata de assuntos que envolvem o futebol e, agora, Cristiano. O português teria feito para si um campo de treinamento próprio em casa. Tinha um na Itália. Quando estava no time blanco também tinha na Espanha, e pensou que seria conveniente ter um igual na França. Quando estava em seu tempo livre, o homem pegava a bola e jogava sozinho pelo gramado, tentando ensaiar jogadas, situações, sempre se colocando em movimento para nunca perder a forma, não importa o que sua idade e todos lhe diziam. Após chegarem, Cris tornou a colocar a mochila nas costas e andou com Messi até o gramado. Como o baixinho confiou seu preparo nas mãos do português, ele tinha que planejar bem o que fariam. Então a primeira coisa foi ajudá-lo a se alongar com cuidado. Léo se segurava nele, enquanto o observava abaixar, esticando uma das pernas por alguns segundos até levantar, abaixar novamente eesticar a outra. Em seguida, colocou alguns obstáculos para que passasse ao redor devagar e depois mais rápido, sem esbarrar em nenhum. Quando terminou, o ajudou a dar alguns polichinelos, atento ao tornozelo machucado e a pressão que exercia sobre eles. Por ter ficado poucas semanas parado, tinha que dar um tempo vez ou outra para cobrar a respiração e voltar a se aquecer.

- Está indo bem. -- Cris o disse, depois de voltar com uma garrafinha em mãos e entregar a ele, que deu uns goles no isotônico.

Depois que terminou de beber, ele deu alguns passes devagar com o maior, tentando acelerar o ritmo um pouco. Léo tentou jogar a bola de um pé para o outro, errando algumas vezes, mas conseguiu no final manter a sequência. No final, treinaram alguns dribles, Cris tinha desaprendido depois de ficar muito tempo sem fazer, então era mais lento nisso, o que possibilitava Messi a dar uma "caneta" no meio de suas pernas e correr um pouco, jogando a bola contra as redes. Ele para depois de conseguir, respirando fundo e voltando para pegar novamente e continuando a treinar os passes. Dessa vez, o português conseguiu interceptá-lo, e pegou a bola no meio de sua jogada, o fazendo segurar nele para não cair, por ter que parar rapidamente.

- Tudo bem? -- CR7 o viu se erguer direito, se afastando, e abaixou, olhando para o tornozoleiro do pequeno, vendo nenhum sinal de piora.

- Estou bem, só não pronto para esbarrar em caras grandes. -- riu constrangido.

- Não precisa se preocupar com isso. O único que esbarrará será em mim. -- ergueu a cabeça dando uma piscada para ele antes de se levantar. -- Continue mais um pouco e depois descanso. -- entrega a bola novamente para ele e se afasta, o olhando.

Teria demorado mais alguns minutos para que o observasse se sentar cansado na grama, então optou por ir até ele, se sentando ao lado e servindo como encosto para que se apoiasse, enquanto descansava um pouco.

For him  ✪ | CR7 & Messi | BoyxBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora