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A partir daquela notícia, a mente e o olhar de Léo se tornaram turvas, e tudo que lembrou de ter feito foi largado tudo para trás e corrido até o carro, em busca do hospital em que poderiam tê-lo levado. Seu coração não batia corretamente, sentia longas contrações, como se os impulsos nervosos não estivessem fazendo todo seu ciclo de forma normal, o que significava que cada batimento era estremecido pelo corpo todo, como se seu peito gritasse de agonia por pensar o pior.

O português tinha sido levado a um hospital próximo. Por sorte, não foi nada tão grave, tanto para ele quanto para o cara do outro carro. Porém ainda estava desacordado, o que impossibilitava a equipe de saúde continuar com as aferições, e falar com precisão o que resultou. Tudo que já sabiam é que precisavam medicá-lo, ver possíveis sequelas, e observar quando acordaria. Já o homem do carro que foi batido tinha uma torção no punho, e reclamava de dores, mas estava acordado, fora de perigo e medicado. Quando soube quem foi que bateu em seu precioso carro logo parou suas reclamações e olhou surpreso para a equipe. Era óbvio que não iria achar ruim, tinha uma oportunidade de conhecer um ídolo e ainda conseguir uma grana boa com o que poderia vir a ganhar.

A mídia, logo quando soube, se encarregou de cercar o hospital com seus repórteres e câmeras. Os fãs também se amontoavam ao redor, sendo necessário que a guarda do hospital interviesse. Apenas quando Léo se aproximou, descendo do carro, que o deixaram prosseguir. O mesmo nem ligava para as perguntas e lentes direcionadas para seu rosto, tratou de apressar seus passos para dentro do lugar. Não foi difícil de achá-lo, bastou ligar o rádio do carro que os próprios veículos de imprensa divulgaram o endereço. Assim que entrou, foi até a recepcionista que estava um tanto assustada por todo aquele alvoroço, e ainda mais por ver o argentino indo em sua direção. Mais que depressa, a mulher tateia alguns papéis e pega um adesivo de visitante, entregando a ele, já imaginando quem iria ver.

- Ele está no quarto 904, último andar, senhor. -- ela sorri no final.

O homem cola o adesivo na camisa e parte rumo ao elevador, apertando desesperadamente o botão para que descesse em seu andar, porém parecia que iria demorar, então olhou de um lado para o outro, reparando que estava sendo observado e comentado por tudo que fazia. Até que viu uma porta da saída de emergência e foi até ela, entrando no corredor para subir aquelas escadas. Aquilo sim era um verdadeiro treino. Podia sentir seus pulmões falharem em busca de mais ar, só que ele não podia parar. Tinha que chegar até onde Cris estaria. O que, obviamente, demorou um pouco, porém não parou até sair do corredor quando chegou ao andar. Estava tão aflito que só reparou na fala da moça quando andou olhando de porta em porta, algo em vão, já que a de Cristiano seria a única com seguranças na entrada.

"Último andar". O que aquilo significava? Sempre entendeu que, quem está nos últimos, é porque estão em pior fase, então seria essa uma verdade aplicável em tal situação? Com o coração apertado, apenas precisou se aproximar para que os seguranças o olhassem e conversassem algo em seus aparelhos, liberando depois de minutos a entrada do mesmo. Messi entrou reparando primeiro no homem deitado no leito com alguns aparelhos ligados em si, ele apertou os lábios parando seu andar em frente a ele. O enfermeiro terminava suas anotações quando reparou no jogador que acabou de chegar e sorriu, tentando reconfortá-lo.

- Não se preocupe, certamente ficará bem. -- volta seu olhar ao paciente por breves minutos. -- Tenho que preparar alguns medicamentos, deixarei vocês à sós.

Passando pelo mesmo, ele se retira da sala indo até onde a equipe estava. Léo, de canto, o viu ir e respirou fundo, voltando a se aproximar do cara deitado. Sabia que não era nada grave, mas mesmo assim, não se sentia nenhum pouco aliviado. Observando seus detalhes e logo abaixando o olhar para as mãos que estavam lateralmente, de cada lado de suas extremidades, Lionel se permitiu dar um mínimo sorriso que lhe doía.

- "Eu não sei se posso te abraçar direito." -- o argentino fechou os olhos um pouco para relembrar. -- "Não sei se gosta de estar sempre junto, também não sei até que ponto poderia chamá-lo de meu. Eu te respeito." -- manteve o sorriso fraco, colocando as mãos nos bolsos voltando a abrir bem os olhos. -- Lembra disso? Cris, eu não esperava que você fosse ser a pessoa que me tiraria da zona de conforto e me arremessaria em meio a uma jaula de leões de zero a 100. Porque foi assim que eu me senti quando nos aproximamos, depois quando achei que tivesse o perdido. Foi assim também quando senti e vi sua decepção, e a notícia mais... -- engoliu em seco, olhando para baixo. --... eu não sei descrever isso, mas você conseguiu. Você conseguiu, Cristiano, é novamente o assunto. Eu não ligo e nunca liguei em ser o melhor, em ter a atenção, só quero que saiba que você é. Sempre foi, nunca é sobre mim, se estou no topo, é porque me levou lá com nossas comparações constantes que permitiam meu desenvolvimento. Entenda só, tudo que te peço é que, já que me levou ao topo, não me deixe cair, eu não gosto de altura, e não poderia ficar sem você. E sei que, sem sua presença comigo, é o que poderia acontecer. Não há topo sem quem o fundou, não há disputa sem quem começou, não há Lionel Messi sem Cristiano Ronaldo. Já pensou nisso? -- encarou sua face que permanecia estática. -- Não acho que sua fé em si mesmo seja um crime, eu quero que saiba que pode contar comigo lhe falando todos os dias o quão incrível.. é. -- a voz do pequeno falha, tentando engolir algumas lágrimas atrevidas. -- Falam que eu que sou um alien por fazer o que faço, mas quem é a pessoa em sã consciência que acorda três da manhã para ir treinar? Quem tenta, falha e tenta até conseguir, não volta para a cama quente até acertar tudo como quer? Quem chega antes de todos e saí depois de cada um se retirar? Eu te disse que não driblava, duvidei de você, e peço perdão, porque isso levou à nossa briga juntando com o fato de que eu seja um completo idiota. Eu acredito que me ama, senão não ia ter ficado com minha queixa horrível sobre você e ter o feito ter uma má noite e o obrigado a ir treinar. Só que não precisa provar para mim nada. Eu brinquei. Uma brincadeira estúpida que tirou seu sono. Eu também brinquei quando disse sobre seu ego, e isso te tirou novamente de mim e lhe colocou no hospital no final juntamente com o fato de eu não me conter direito ao seu lado, não foi?! -- riu totalmente sem humor, passando as costas da mão debaixo das órbitas. -- Me magoou ver que relutou em ir me defender contra eles depois do que fizeram comigo no campo, só que parando para pensar, o que eu faria se estivesse no seu lugar? Eu mal consigo falar com a minha família, e você me assumiu para a sua. Por que eu insisto em estragar tudo? Não consigo nem disfarçar o jeito que te olhei naquele bar e agora suspeitam disso. Meu amigo te perturba, e eu assisto de braços cruzados, quando finalmente reajo, jogam na mídia, invertendo tudo contra nós. E eu te liguei depois para perguntar o que poderia fazer para amenizar as coisas... - o mesmo parou sua fala, sem forças para olhá-lo. --... entendeu agora como eu só faço besteiras? E-Eu preciso de você.

Ele olhou para Cris finalmente e, quando ia pegar em sua mão, desiste, reprimindo o ato.

- Não posso. Agora sou eu quem não sabe o que pode fazer. Saiba que também o respeito muito, e eu sei que somos meio que... uma bomba relógio prestes à explodir alguma hora. E eu não quero que sofra quando isso acontecer. Não quero voltar a ser esse antigo Messi, aquele que ou tenta acompanhar o ritmo dos outros e finge ser o que não é ou aquele que vive sozinho em seu próprio mundo, sendo humilhado por pessoas que falam que sou estranho, autista ou muito pequeno. Não é uma ofensa para mim, não é nem algo de ofender, não sei nem como falam isso. Eu tenho uma característica que me impede de ser sociável e faz ter limitações, tanto no meu desenvolvimento quando em aprendizado, não consigo sustentar nem o olhar direito, então eu me fixei no futebol, ele é a única coisa que eu consegui ser bom na vida, e agora você veio, e me deixou aprender um pouco, mas eu não sou gênio nisso, então eu falho constantemente, não sei me desempenhar em nós tanto quanto você. Tento e parece que consigo o efeito contrário. O que eu sou? Você me mostrou o que posso ser. E eu me descobri ao seu lado. Então... acho melhor... -- ele prolonga a frase tentando as melhores palavras. --... realmente aceitar isso, e o deixar com sua vida feita. Não sou parte da sua família por mais que eu queira, não posso ser parte da sua vida mais do que nossa profissão exige, e não posso te perguntar o que devo fazer agora. Porque realmente não... Não sei.

Assim que ele termina, seu rosto estava completamente vermelho do choro e de sua vergonha que sentia em cada palavra dita. Esperava que Cristiano tivesse o ouvido, tinha colocado toda sua sinceridade nisso, então era importante. Porém, ouviu logo um dizer, em meio aos barulhos dos aparelhos que antes somente preenchiam o lugar:

-... Mas eu sei o que deve fazer. -- a mulher de cabelos longos, a ex do português, diz após se escorar na maçaneta da porta, o olhando desafiadora. -- Deixar meu homem e todos nós em paz!

For him  ✪ | CR7 & Messi | BoyxBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora