XVIII

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Um Dí Maria confuso acaba por sair da arena e andar até seu carro no estacionamento, pensativo sobre o que acabara de acontecer. Ele teve a atenção de Messi por algumas horas, os dois, sozinhos, tinha já feito seu dia, porém acabou por ganhar uma assistência do cara que mais odiava no momento. Aquela sexta não podia ser mais estranha.

Assim que destrava o carro, o argentino percebe os outros jogadores indo embora também e se encosta na porta, esperando que seu amigo, que mais queria que fosse outra coisa, aparecesse. Demora alguns minutos e Léo sai acompanhado de Neymar e Navas que riam de alguma coisa. Ao contrário do que sentia quando via Cris perto de "seu" pequeno, Maria não se enciumava com aquilo, pois sabia que não teria nenhum perigo. Ele ergue um dos braços acenando para os dois, enquanto mantém seu olhar logo após, ao cara que estava no meio de ambos.

- Quer carona, Léo?

Não havia necessidade, afinal ele teria ido para a arena com seu próprio veículo. Assim que iria abrir a boca para falar isso, mudou imediatamente de ideia com uma voz que conhecia bem.

- Messi, espera aí. -- Cristiano tinha falado alto chamando a atenção de alguns jogadores que ainda sobravam lá.

Neymar, ao fundo, já tinha entrado no carro, mas parou ao perceber a situação. Navas também estava atento àquilo já que com qualquer coisa, poderia precisar intervir. Mas não era preciso, Messi acelerou o passo e adentrou o automóvel de Dí Maria, fechando a porta rapidamente.

- Vamos, rápido! -- o outro entra também e dá a partida, enquanto Cris parava perto do carro sem acreditar naquilo.

- Estás a fugir de mim agora? -- pergunta em vão. Não ganhou resposta alguma, então permaneceu parado no mesmo lugar vendo os dois partirem. -- Ótimo. Que se danem.

Diz entre os dentes com uma nítida raiva, se virando para o próprio veículo. Ele não demora muito a sair de lá e voltar para casa, sem entender o porquê de Messi ter fugido assim dele. Está certo que disse algo errado no jantar, não deveria, e foi justamente para pedir desculpas que ia falar com ele, mas agora não se importava mais. Se fosse possível, diria coisas piores ainda.

No estacionamento, o goleiro se aproximava do carro de Neymar dando umas batidas no vidro, o fazendo descer.

- O que está acontecendo? -- questiona-o seriamente. O brasileiro o encara por alguns segundos e dá um longo suspiro. Sabia que Keylor era amigo de Cris faz tempos, e achou seguro admitir o que era aquilo. -- Não acredito. -- ele fala por fim, ao ouvir todo o relato.

- E isso é só o começo. -- Neymar escora no banco e suspira passando a mão no rosto. Ele olha de um lado para o outro, indicando com a mão para o carro de Messi ainda lá. -- Nem pensou direito, abandonou até o próprio carro só para fugir.

- Temos que fazer algo.

- Eu já tentei, agora esgotou as ideias.

- Você tentou... sozinho. Agora vou ajudar também. -- ele escora na porta e passa a língua entre os lábios, pensativo.

Navas acaba por articular um plano que Neymar mais tarde reconheceu como algo meio ousado, mas que tinha grandes chances de funcionar. Os dois resolveram quando colocá-lo em ação e se despediram, indo embora. Aquilo ia dar certo, tinha que dar.

Ao mesmo momento, Dí Maria parou o carro na frente da casa de Messi e o olhou preocupado. O pequeno tinha ido calado a viagem inteira, sabia que ele estava assim por causa do português, mas não sabia o motivo exatamente.

- Quer me contar o que aconteceu? -- vira-se para ele. Léo nega com a cabeça tirando o cinto e olhando para fora do veículo como se quisesse fugir de lá. -- Não precisa me esconder nada.

- Eu... -- torce os lábios e abre a porta. -- ... só... Obrigado.

Sai do carro sem olhar para o amigo e entra em casa, respirando fundo. Messi escora na porta e coloca uma das mãos no rosto, jogando a mochila no chão. Se sentia um fracassado, uma vergonha. Se mais cedo estava bem, agora aquilo tudo tinha se esgotado. Nem ao menos ele entendia o porquê tinha corrido. O que sabia é que as palavras de Cris ainda estava martelando sua mente. "Aquilo estava um tédio." Ele sabia que não era o ser humano de melhor companhia do mundo, só não pensava que era tão ruim assim.

- Não sei porque ainda tento. -- Fala para si mesmo e tira aquela camisa jogando no cesto, subindo em seguida para o quarto.

O mesmo desligou o celular e deixou-o guardado na gaveta. Se fosse tão péssimo assim, não iria querer contato com ninguém. Logo após fazer isso, observou o próprio reflexo no espelho. Tinha tomado coragem o suficiente para se tatuar, para deixar a barba, e não para ser alguém de verdade. Pensava que aquilo o tornaria mais interessante, com o ar de homem que tanto queria transmitir. Ele não era um incapaz, não queria mais se sentir assim. Levando a mão até os cabelos, lembrou-se de quando os tingiu de loiro. Pela primeira vez, se sentiu bem. Tinha dado um passo além de sua zona de conforto, tudo isso, para decair dessa forma.

Na manhã de domingo, Neymar tinha decidido ligar para Messi para começar o plano, mas apenas caia na caixa postal. Então decidiu fazer isso com Cris que estava na parte de fora de casa, passando mais um tempo com os filhos, os observando brincar nos brinquedos que tinha mandado colocarem. O mesmo abaixa o olhar para o celular em sua coxa, observando o nome no visor e suspira, bloqueando a tela e deixando o aparelho no chão. Já até imaginava o motivo. O que custava deixá-lo em paz? Desde quando sua vida passou a ser "Messi, Messi e Messi"? Lembrando-se do dia anterior, Cristiano tinha acabado de entrar em casa quando jogou com força a mochila contra a parede. Nunca, nunca em sua vida se sentira daquela maneira. Era como se Léo soubesse o efeito que causava e se aproveitava daquele. Jamais precisou correr atrás das pessoas nesse sentido, e era inaceitável que começasse agora.

Desde aquele momento, o português voltou a sua rotina normal tentando afastar os pensamentos do menor. Ele voltou a dar algumas chances para umas modelos que conheceu em suas viagens, passou mais tempo com seus filhos, treinava e fazia o que gostava. Era tarefa difícil manter o que pensava em controle, vez ou outra sua mente projetava alguns momentos que poderia viver com ele, porém Cris não cedeu em momento nenhum.

- Pai. -- Cristianinho se aproximou sujo de terra e grama. -- Estou com fome.

- Vou arrumar algo para vocês comerem. -- ele diz e o menino assente. O mais velho parece pensar um pouco. -- Já percebeu o quanto o papai está lindo hoje? -- percebeu que o filho cruzou os braços.

- Vai começar a se achar de novo?

Cristiano ri e nega com a cabeça se levantando. Ele pega a filha em um dos braços, e faz o mesmo com o outro, enquanto os dois últimos o seguia para dentro de casa. Ao estarem todos limpos e almoçados, o moreno havia os deixado tirar um cochilo, enquanto aproveitava para descansar um pouco no sofá. Ele percebeu que o brasileiro tinha mandando uma mensagem, mas acabou ignorando até responder outra.

[13:19]

- Vai ficar ignorando
mesmo?

- Estava ocupado, mas pode dizer. Aconteceu algo?

- Não, só queria avisar que
vai ter um encontro do time
hoje na casa do Navas, já que
amanhã viajamos para nossa primeira partida na CL.

- Quando decidiram isso e eu não sabia?

- Acho que você estava
ocupado com outras coisas...

- Não comece.

- Tá bom. De qualquer forma,
está avisado. Esteja lá às 19:00 :)

Ele mandou a localização da casa do goleiro, ao final. Cristiano não o respondeu mais e bloqueou o celular, jogando-o para o lado. Com o braço apoiando sua cabeça, ele encara o teto por breves instantes imaginando que teria muito em jogo nessa temporada que se inicia. Primeiro que isso traria dinheiro para seu time de verdade, a Juve, segundo que ele também queria a taça, terceiro que a França era um lugar novo, e não tinha nada demais em querer conquistas novas. Foi pensando nisso que ele acabou a cair no sono aproveitando o silêncio da casa.

For him  ✪ | CR7 & Messi | BoyxBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora