XVII

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No dia seguinte, Messi decidiu esquecer dele e o tirá -lo ao máximo de sua vida. Não era tarefa fácil, seu primeiro pensamento do dia foi justamente no mesmo, porém não queria que isso continuasse. Ele levantou cedo já que tinha dormido pouco e foi preparar seu café da manhã: café, misto quente e uma fruta amassada. Enquanto comia, pensava em como era sua vida antes de deixar Cris entrar nela. Era algo meio vazio, e embora não quisesse voltar a ser tão isolado em relação aos outros e ao próprio sentimento, sentia que seria a coisa certa a se fazer.

Deu um último gole em seu café, e o mesmo partia para o campo de treinamento do time. Não pretendia deixar aquilo abalá-lo, não iria dar a ele esse gosto. Leo pendura a mochila no armário e coloca seu uniforme da qual ainda o incomodava aquelas cores novas. Ele se abaixa um pouco amarrando por fim as chuteiras e anda um pouco pelo vestiário, notando o silêncio, algo que considerava perfeito. Ninguém iria chegar naquele horário, então se sentia mais sossegado em não precisar interagir com ninguém. Quando sai de lá, caminha tranquilamente até o gramado em que se abaixa respirando fundo e encara os aparelhos de treinamento perto de si. Ao fundo tinha alguns cones, obstáculos, as traves em cada lado e a bola guardada em um instrumento que atiraria assim que o apertasse. Quando o fez, não tardou em "matar" a bola com o peito, e dando um giro, a conduziu com maestria por entre os obstáculos que significavam os adversários que sempre quiseram o tirar de cena. Ao dar mais um toque na bola, Messi ergueria seu olhar destemido até calcular perfeitamente o ângulo que deveria dar desde o mais perfeito chute, ao gol mais certeiro. Ele não tardou a afundar o objeto no fundo nas redes. Sentia seu coração se aquecer por ter um momento à sós em seu mundo confortável. Se pudesse parar no tempo, e morar em alguma cena, com certeza seria nos campos, seria dando o melhor de si. Aquele sim era o Messi em que se orgulhava.

Outra bola era disparada e ele não demora a dar um pequeno drible, continuando a correr pelo gramado. O cheiro de chuva da noite anterior, somente dava aquele ambiente um aspecto mais acolhedor. Em cada movimento de passe que dava, algumas memórias lhe eram bombardeadas. Momentos bons. E eram neles que Messi queria focar a partir de agora. O que ele não sabia, é que não estava sozinho naquele lugar. Nas arquibancadas, um outro argentino o observava encantado. Tinha até mesmo esquecido que estaria nervoso com o mesmo por o estar ignorando todo o tempo, desde mensagens ao próprio time, só que agora, vendo aquela cena que seus olhos prazerosamente o mostravam, Dí Maria esqueceu por breves instantes o que iria falar antes de respirar fundo e dar seu melhor sorriso, levantando-se e descendo até entrar no campo.

- Tem espaço para mais um?

Messi vira para ele com o suor escorrendo pela testa e os lábios entreabertos. Sua mão destra passeava por entre as madeixas escuras, enquanto dava uma olhada sem importância para seu colega, que por sua vez, adorava a imagem em sua frente. Dando de ombros, Léo coloca a bola em sua frente e dá um passe para o argentino que a pega, e corre tentando desviar para ir ao outro lado. As horas passavam e os dois não percebem até que veem o treinador adentrando o gramado com a prancheta em uma das mãos e o apito em outra. O mesmo aponta com os dedos para que encerrassem, e outros jogadores surgem já indo se aquecer. Léo tinha conseguido esquecê-lo como tanto quis. Se sentia bem consigo mesmo até que seu árduo humor feliz se vai ao perceber o outro entrar por último.

Seu olhar nem sequer cruza com o dele, Cristiano segue seu rumo olhando fixamente para frente, enquanto se reunia para o aquecimento. O treinador tinha escolhido como seu parceiro o Icardi, que não poderia estar mais feliz com aquela chance. Não que Messi estaria observando o que acontecia com a dupla ao lado, mas vez ou outra se encontrava com o olhar preso a eles. Logo quando terminam de se aquecer, os times são divididos. Por ironia amarga desse destino, os capitães seriam escolhidos de forma planejada pelo técnico que aponta com o indicador para Cris, e o outro para Léo que torcia mentalmente para não ser ele, embora, percebera que foi em vão.

Meio contra a vontade, os dois se aproximaram ainda sem se olhar, enquanto o homem ao centro deles falava sobre as regras e olhava de um para o outro, jogando a moeda para decidir em quem começaria.

- Cris, você quer ir em qual lado?

- Posso ficar pela esquerda.

Em um rápido consentimento, o técnico se afasta apitando para os demais que já se encontravam cada um de um lado. Neymar acabou sendo escolhido para o time do camisa 7 e olhava de um para o outro, sabendo que aquilo não acabaria muito bem. Na outra ponta, Dí Maria estava com os braços cruzados em um protesto contra a sua escolha naquele lado do português. Só que não haveria tempo para reclamações. Quando o apito volta a tocar, um toque na bola marca o início do treinamento que não seria mais um rotineiro da qual eles não precisariam dar muito de si, e sim, algo que somente pela atmosfera, sabiam que cada erro seria algo não aceitável.

- Aqui!

Draxler ouviria Choupo-Moting gritar do outro lado e o arremessa a bola. Ao ver se aproximar, o atacante da equipe de Messi disputa o objeto no ar junto a Marquinhos que colocava os braços para tampar sua visão e conseguira cabecear a bola para o rumo de Paredes. Ele tenta a pegar, mas acaba deixando a bola passar por perto antes de Neymar atravessar a sua frente e tomar a posse novamente para o time de Cris. O brasileiro daria um toque nela para frente e correria de forma rápida até se aproximar da área. Por lá, Kimpembe o aguardava tentando barrar sua jogada. Cristiano ao mesmo tempo se aproxima da linha da zaga, deixando sua posição livre para Ney que dá um drible no zagueiro e arremessa para o português que tenta uma bicicleta, fazendo a bola bater contra a trave.

Messi de longe olhava aquilo com as mãos na cintura. Havia sido por pouco, se não tomasse mais cuidado, iriam perder em algo que seria apenas um treino comum. Os jogadores próximos se afastam e o goleiro pega distância, jogando a bola. Dessa vez, Verrati tenta disputá-la para dar chance ao lado argentino, porém acaba sendo empurrado ao chão e o técnico apita. Alguns jogadores se aproximam discutindo entre si. Ele havia caído na área próxima ao gol, portanto foi decidido que seria uma falta. Ao ver quem bateria aquilo, Cristiano ri sem humor se afastando, enquanto Messi se posiciona dando alguns passes para trás. Não é mistério para ninguém que ele goleou a rede naquela falta, dando o único gol aquela partida até o momento.

- Só assim para fazerem. -- Neymar brinca ganhando um empurrão de brincadeira do argentino.

- Depois sou eu quem precisa de ajuda para fazer gols. -- Ronaldo sussurra, afastando de lá e voltando a posição anterior junto aos demais.

Logo a partida retorna. O placar final seria de 3x2 para o time de Messi, com gols do mesmo, e um de cabeça de Thiago. Cristiano também deixou a dele e fez questão de dar uma das suas chances para Dí Maria que somente teve o trabalho de chutar a quina da chuteira da bola para quase empatar o jogo. Neymar havia tentado alguns gols e ensaiado passes com o CR7 que deixou alguns desnorteados, porém não teriam marcado a tempo. Não tinha sido ruim. O técnico anotava o desempenho do dia em sua prancheta, satisfeito pelo que acompanhou. Seu time logo estaria escalado para as primeiras partidas da Champions que logo se iniciariam. Em algumas breves palavras, o homem deu por fim ao treinamento e os jogadores se encontraram livres para ir.

For him  ✪ | CR7 & Messi | BoyxBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora