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Depois de ambos arrumarem o que era necessário, partiram para a nova "aventura" noturna. Messi tentava desviar dos galhos que batiam contra sua pele, enquanto andava. Já Cristiano tinha em mãos uma lanterna que ajudava a enxergar o caminho, e também levava uma mochila consigo.

- Falta muito? -- o argentino perguntou já cansado de ter a pele arranhada e percebendo que estavam um pouco longe da casa.

- Não, estamos chegando.

Continuaram a andar até que pararam perto de um lago. Cris colocou a mochila no chão e tirou de lá uma barraca, começando a montá-la.

- Desde quando você sabe acampar?

- Bom, já faz um tempo. Há várias coisas sobre mim que não sabes. Essa é só uma delas. Agora não fique parado aí! Pega alguns gravetos secos para fazermos uma fogueira decente.

Diz autoritário para o menor que obedeceu meio pensativo. Tinha encontrado galhos, gravetos e tudo que perfurou ele enquanto andava, então não seria difícil encontrá-los. E ele tinha certa razão, apenas andou um pouco e encheu a mão e o colo com vários pedaços de gravetos antes de retornar.

- Hum... Serve?

Ele perguntou não recebendo resposta alguma já que Cris estava em uma pequena luta para manter a barraca de pé. Messi deixa os gravetos no chão e se aproxima, tentando o ajudar de alguma maneira. Ele segura de um lado e o outro faz o mesmo, conseguindo montar com sucesso.

- Ah... - Cris suspira ao ver aquilo pronta. -- Obrigado. -- ele desvia o olhar para os gravetos no chão, acendendo com a ajuda de um isqueiro.

Ao ver a fogueira acessa, Lionel se sente um pouco mais confortável por ter um ponto de luz em meio a um ambiente totalmente estranho. Poderia ter qualquer tipo de coisa por lá, ele não era medroso nem nada, mas é algo que se deve pensar. O pequeno se senta no chão em frente ao fogo e estende as mãos, sentindo o calor aconchegante.

- Frio? -- Cristiano perguntou um pouco preocupado. Ele se virou para pegar algo na mochila e nem viu quando o argentino negou com a cabeça. -- Tome, se cubra.

Diz colocando no colo do outro uma coberta. Messi abre a boca para responder que era desnecessário, mas muda de ideia quando vê Cristiano se sentar ao seu lado. Por algum motivo, aquilo o desconcertou por instantes.

Talvez fosse porque nunca imaginou que o homem com quem estava acompanhando poderia se preocupar com ele daquele jeito. Aliás, por que ele se preocupava ao ponto de chamá-lo para ajudar em suas negociações de clubes? Nunca haviam trocado mais palavras que o necessário em seus encontros e agora são...O que eles são? Messi não sabia. Amizade seria estranho, então o que era? Cristiano também não sabia. Ele agiu por impulso em convidar seu rival para passar um tempo em sua casa que era um templo sagrado em que restaurava suas forças. Sua fortaleza da solidão. Apenas chamava sua família para lá, nem sua própria ex-namorada e mãe dos seus filhos tinha o privilégio que Messi tem de ser escoltado, cuidado, alvo de preocupações e toda essa vontade de estar com ele que o português tinha. Está certo que sempre se importou com o bem-estar de todos. Quando estava atuando na seleção, ajudava seus companheiros no que precisavam. Seja nas lições de casa que João Félix tinha até projetar treinos duros com Pepe. Em seu time, ajudou a levantar a moral de Dybala o deixando marcar gols em sua frente, e sempre esteve a disposição do técnico para auxiliar no desempenho do time. Ele era um bom amigo e pessoa, mas chegar a fazer o que está fazendo ultrapassa os limites. Única coisa que ambos sabiam é que aquilo era estranho.

E que, definitivamente, não eram ou são amigos.

- Cristiano? -- questiona com os olhos focados na fogueira e continua sua fala quando ouve um "hum" em resposta. -- Por que está me ajudando?

Após a pergunta dele, um silêncio é instaurado naquele pequeno acampamento. Era uma boa pergunta, e Cristiano podia ser incrível no nível máximo, mas ele não tinha resposta para aquilo. Suspirando ao perceber isso, ergue seus ombros em um gesto simples. Messi o observa fazer isso e volta sua atenção para frente.

- Eu não sou como falam. -- o homem arrisca dizer. -- Quando falam sobre mim... Eu sei que aparento ser um maldito narcisista que só pensa em si mesmo e o odeia. Mas eu também tenho sentimentos. -- respira fundo passando a mão no rosto. -- Por céus, eu não sou um robô! Eu treino muito para poder ter vitórias, prêmios, conquistar ao público, provar que... sou melhor que você. -- Messi arregala os olhos e vira o rosto para ele que continua. -- Sim, eu faço isso. E é frustrante saber que treino tanto para um argentino pequeno que veio do outro lado do oceano nascer com isso nele. É horrível ter que ficar alimentando uma competição entre nós que apenas eu me importo em competi-la, porque você... só entra e faz. Sei que sou incrível, mas você é um degrau a cima para meu desgosto.

Ele se levanta jogando um graveto no fogo, e vira procurando um lugar para ir após aquele desabafo repentino. Por que foi falar isso para Messi? Se sentiu um completo idiota.

- Eu vou... -- para de falar se assustando com um abraço do camisa 10.

Seus braços estavam caídos nas laterais de seu corpo. Aquilo estava acontecendo mesmo? Sempre via que Messi não era de muito contato e, de repente, ele quem toma iniciativa?

- Acredite... Nem com todo talento do mundo, eu poderia fazer isso melhor que você.

Leonel diz um pouco baixo, mas de maneira séria. Brincar não era muito com ele, às vezes abria exceções, mas aquela não era uma. A frase foi como algo que ele necessitava ser dito, senão ia enlouquecer, pois era verdade. E não gostava nada de ver aquele homem que sempre admirou por ser confiante, talentoso e focado tão para baixo. Era como se doesse nele. Cristiano, por sua vez ao ouvir tais palavras ficou se questionando se eram aquilo mesmo, se eram verdadeiras, mas Messi não mentiria, então só podia ser real.

Piscando um pouco seus olhos ainda meio surpreso, ele leva as mãos para os ombros do menor que se preparava para soltar a cintura do outro, mas para ao ver que seu abraço era correspondido. Apertando-o levemente, Cris fecha seus olhos sentindo tranquilidade pela primeira vez naquela semana.

Ambos continuam naquele abraço, com seus pensamentos mergulhados por um oceano de ideias. Não tinham pressa em sair daquele momento, por que teriam? Se o fizessem, sairiam daquele mundo intocado em que criaram em questão de segundos.

- Fico feliz em ouvir isso. -- Cris fala por fim, ainda apertando-o em seus fortes braços. -- Mas não precisa tentar me confortar, devia ser ao contrário.

Um riso assoprado é ouvido do menor.

- Eu passei a vida toda com pessoas passando a mão na minha cabeça me tratando como um bebê e um doente. Me deixa ver como é ao contrário. -- diz meio contrariado, enquanto se separavam. -- Não que eu esteja comparando a situação ou te chamando de doente, mas...

- Eu entendi, tá tudo bem. -- o português diz com um leve sorriso nos lábios. -- Vamos ver como saímos revertendo os papéis.

Messi afirma com a cabeça sorrindo de forma genuína sentindo-se alegre e diferente pela primeira vez na vida. Ele iria cuidar de alguém. Alguém permitiu-o a fazer isso, além do que fazia pela sua família. Mas... como iria cuidar de alguém que sempre se cuidou muito bem? Ele pensou um pouco e pegou um pacote de salgadinhos, estendendo para o homem a sua frente.

- Quer?

Cristiano sorri com o gesto e pega um pouco mesmo que fosse quebrar sua dieta com isso. Messi fica feliz por aquilo também e ambos voltam a se sentar no chão, conversando sobre coisas que vinham em suas mentes.

For him  ✪ | CR7 & Messi | BoyxBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora