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Any Gabrielly

Não tive coragem de olhá-lo nos olhos até então, eu odeio esse apelido, ainda mais saído da sua boca.

Me viro tentando esconder minhas emoções. Olho para o chão, subo meu olhar lentamente para que o contato dos nossos olhos não seja imediato, quando finalmente olho para o mesmo Josh tranquiliza sua expressão facial, o mesmo está com um palito no canto da boca, sorri ladino quando finalmente o olho.

Todos estão em silêncio, todos prestam atenção em nós, como se estivéssemos contracenando em uma cena de novela.

– Não vi você Joshy. – Uso o apelido que dei a ele quando namoravamos, ele detesta esse apelido.

– Que bela mentira, pode passar anos e você não aprenderá a mentir. Então? Não ganho um abraço?

Caminho a passos lentos, tentando aumentar o tempo de distanciamento entre nós mas infelizmente ele está a dois passos de mim.

– Não estou mentindo, se tivesse visto você lhe daria feliz aniversário, afinal, hoje também é seu aniversário. – Desconverso.

– Não vou morder você Any. – O mesmo caminha até mim, deixando sua garrafa de cerveja na mesinha de centro dos Urrea e envolve seus braços em torno de mim.

Um misto de emoções me toma, eu quero chorar, quero bater nele, quero dizer tudo que está na minha garganta há dois anos mas não vou dizer, isso acabaria com o clima da festa, já que o clima está meio estranho.

– Parabéns Beauchamp.

– Obrigada Gaby.

Me desvencilho dos seus braços e engulo a tristeza que me toma, logo pegando o copo de bebida que Sina havia preparo para mim mas como minha cabeça está a mil pensamentos por minuto, esqueço e pego o copo com a mão machucada e solto um gemido de dor.

– Cuida Any, sua maluca, essa é a mão que você se cortou! – Sina me repreendi.

– É, eu percebi. – Sussurro.

– O quê você fez na sua mão? – Ouço Josh questionar.

"Deixei um copo cair ao ver meu ex que eu ainda amo surgir do nada na casa do meu amigo. "

– Deixei um copo cair e um dos cacos me cortou.

– Você não mudou nada. – Diz e logo depois parece se arrepender de ter dito isso.

– Pois é, certas coisas nunca mudam. – Sibilo ao me levantar agora com o copo na mão não machucada.

– Vamos parar de agir como dois desconhecidos por favor. – Sussurra olhando para a TV que passa um jogo de futebol qual não sei que times estão se enfrentando, todos já estão conversando entre si e nem estão mais prestando atenção em nós dois.

– Não sei como agir com meu ex namorado que terminou comigo sem mais nem menos e foi embora horas depois. – Digo ao beber um gole da bebida sem olhá-lo.

– É complicado Any. Eu não queria fazer você sofrer. –  Dou risada da sua fala.

– Olha que conhecidência... você não conseguiu.

– Eu nunca quis que você chorasse Any, por isso acabei com tudo.

– Por quê não queria que eu chorasse? Por ter me feito de idiota? Por ter feito eu me apaixonar? Por ter pedido que fosse para sempre naquela maldita fonte dos desejos? Você nunca quis que eu chorasse, que piada.

Pego minha bebida e vou para o lado de fora da casa dos Urrea mas Josh me segue.

– Eu não queria que tudo tivesse terminado assim. – Sussurra atrás de mim, paro de andar e me viro.

– Então por quê não me disse o motivo que fez você ir embora?

– Eu não queria machucar você.

– Me conta Josh, responde essa pergunta que roda minha cabeça desde que vi você embarcar naquele avião.

– Você estava lá? – Questiona surpreso.

– Estava, fui ver o amor da minha vida me deixando sem uma única explicação. – Cuspo as palavras e isso parece afetar Josh, pois o mesmo força sua mandíbula.

– Foi melhor para você.

Solto uma risada ao limpar uma lágrima que insistiu em cair.

– Me diz Josh, por quê foi melhor para mim? – Me aproximo, encarando seus olhos.

– Devido a uma infecção tenho grandes chances de ser infértil. – Diz encarando meus olhos, isso me atinge como um tiro, fico estática olhando para o mesmo sem saber o que dizer, ou fazer.

[...]

– Hey Josh, segura a minha boneca, cuida para ela não acordar. – Digo a Josh que está sentado sobre o pano no gramado, mesmo pega a boneca todo sem jeito. – Essa é a Camila, minha filha.

Josh solta uma risada encarando a boneca, fico por mais ou menos cinco segundos vendo se ele não irá derrubá-la mas ele parece levar jeito para a coisa.

Você quer mesmo ser mãe Any.

Eu quero, de preferência uma menina, quero colocar laços em sues cabelos, usar roupas combinando.

você mesmo Gaby.

– O quê? Você não sonha em ter uma família? Filhos e alguém que ame, que faça você sorrir como um idiota ou até te irritar ao máximo mas você percebe que não vive sem ela e que até das brigas sente falta?

Isso é coisa de garota, eu quero ser jogador de Hóquei, sair correndo pelo gelo e marcar vários pontos e claro, ser famoso.

Isso parece perigoso. – Digo pegando a boneca das suas mãos.

Isso parece incrível, você não entenderia.

[...]

Lágrimas ameaçam a cair e tento me manter calma, o olhar de Josh transmite tristeza e sei que isso o afeta. Ele poderia ter conversado comigo, ter sentado e me dito, eu iria entender.

– Seu sonho é ser mãe Any, não me perdoaria se soubesse que você não realizou seu sonho.

– Pois é Josh, depois de você, eu nunca mais amei ninguém, me fechei para o mundo achando que o problema era eu. Desisti do meu sonho pois ele só fazia sentindo com você. Nós poderíamos ter resolvido isso conversando, mas não, você quis fugir, se esconder, resolveu você mesmo a situação.

– Não aceitaria ver você sabendo que não poderia dar a você o seu maior sonho.

– Nós poderíamos adotar, há várias crianças precisando de uma família, de um pai e de uma mãe. Não use isso como desculpa Joshua. – Sinto o ar me faltando e me sinto precionada estando com ele. – Eu preciso sair daqui.

Saio sem deixar que ele fale algo, pego o meu copo e bebo o último gole de uma só vez, deixo o copo sobre a ilha da cozinha e subo até o quarto de Noah, me sento em sua cama e deixo que lágrimas rolem, não irei impedi-las , já fiz isso demais.

Não esqueçam da "⭐" pois ajuda demais e comentem, os comentários me motivam a continuar.💕

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