Memories

032

Any Gabrielly

Uma coisa que adoro é que Josh faz tudo que eu peço, ele está na terceira tentativa de pegar um ursinho para mim naquelas máquinas sugadoras de dinheiro de pessoas tolas, qual você gasta algumas notas e não ganha nada.

– Vamos Josh, você era bom nisso.

– Vou mostrar pra você no que eu sou bom se não parar de me desconcentrar. – Ameaça com seus olhos vidrados na máquina, mordo meu lábio inferior e sorrio com sua fala.

– Na cama? – O mesmo solta uma risada fraca, mas não tira os olhos da garra de metal que se mexe de um lado para o outro. Me aproximo, me inclinando na sua direção, ficando bem próxima ao seu ouvido. – Como eu ouvi outro dia, você não transa com ninguém desde que terminamos, acho que perdeu o jeito. – O provoco.

– Você não sabe de nada. – O mesmo para de movimentar a garra do brinquedo, apertando o botão. – Isso só me deixou com mais vontade, não me provoque.

– Por quê? – Cruzo meus braços. – Vai me castigar?

Josh umidece os lábios e sorri logo em seguida. – Se esse é o processo pelo qual tenho que passar, tenho que controlar minha vontade de levar você para minha casa e te fazer minha de uma vez por todas.

– Eu nunca conheci sua casa.

– Você nunca mencionou que queria conhecer. – Rebate.

– Você nunca me convidou. – Bingo.

– Quer ir na minha casa? – Um sorriso pervertido surge nos seus lábios.

– Não. – Minto, eu quero mas acho que não é a hora.

– Eu sei que quer. – O mesmo se abaixa para pegar o ursinho que ganhou da máquina. – Pra você. – O mesmo me entrega a pelúcia.

Olho para a mesma e sorrio ao ver que ela tem desenho de um morango na barriga. – Que fofo.

– Quer ir para casa? – Assinto e Josh pega a sacola do meu vestido, como um bom cavalheiro.

– Sabe, você não mudou tanto com o tempo, claro, adquiriu um ar mais velho, você deixou de ter a aparência de um jovem rebelde para um cara de negócios, mas fora isso, continua o mesmo.

– E os anos de academia? Antes eu parecia um frangonte.

– Não diga isso, eu gostava de você daquele jeito.

– Não gosta do que me tornei?

– Gosto. – Óbvio que eu gosto. – O quê faz nas horas vagas?

– Box. – Diz simples, enlaçando nossas mãos.

– Muito sua cara. Lembro quando pendurou o velho saco de box do seu pai na garagem da sua casa e treinava todos os dias.

– Você sempre ia me ver treinar, sentava no chão, abraçando suas pernas enquanto treinava, eu gostava da sua companhia. – Lhe olho com uma das sobrancelhas arqueadas. – Eu gosto da sua companhia. – Solto uma risada ao ver seu nervosismo ao se corrigir de pressa.

– Eu também gostava de ver você treinar, se dedicando. Achei que seguirá a carreira no box.

– Aquilo era só uma diversão.

– Socar o saco de pancadas é divertido? – Questiono ao olhá-lo.

– É, todo o estresse e descontado no saco de pancadas. Meus problemas são descontados no saco de pancadas... e também meus erros.

– Você me ensina?

– Por quê quer aprender Box?

– Porque quando você vacilar comigo de novo, soco suas bolas! – Josh solta uma risada.

Paramos no elevador e aperto o botão, logo as portas se abrem e adentramos o mesmo. Ouço seu suspiro longo, encaro nossos reflexos no espelho enrolando a alça da sacola nos dedos, eu não sei o que fazer agora, a dinâmica entre nós está sendo interessante, estamos conversando sem magoas como prometido.

Sinto seus lábios no meu ombro e volto a realidade, vendo que me perdi nos meus próprios pensamentos. Josh  coloca seu queixo no meu ombro, abraçando meu corpo. Deito minha cabeça, encostando na sua, ficamos vendo nosso reflexo no espelho sem dizer nada, as vezes momentos bons não precisam de diálogos.

– Eu amo abraçar você. – Josh Sussurra no meu ouvido e acaricio seu braço com o polegar. – Eu não sei explicar como é bom estar com você novamente. Sinto falta de você reclamando que deixo a toalha molhada sobre a cama. – Solto uma risada encarando nossos reflexos no espelho. – Sinto falta de você pedindo atenção, manhosa do jeito que só você é. Sinto falta de adimirar você dormindo ao meu lado.

– Você ainda lembra dessas coisas?

– Nunca as esqueceria.

As portas voltam a se abrir e sinto um aperto no coração por ter que sair dos seus braços.

Assim que chegamos no seu carro, deixo a sacola no banco de trás do carro e olho para Josh.

– Lembra quando fiquei doente? Você dormiu comigo durante uma semana, cuidou de mim com tanto carinho.

– Lembro. Eu adorei cuidar de você.

– É bom ter você de volta Josh.

– Você trouxe a vida de volta para mim Any, eu não era nada sem você.

– Nao contei a minha mãe que estamos... nos reaproximando.

– Fiquei sabendo que ela está fazendo trabalho voluntário na África, que atitude magnifica. – Diz e percebo suas mãos trêmulas.

– Ela me aconselhou a seguir meu coração, não meu cérebro. Ela me ajudou a clarear minha mente. – Ele parece concentrado em parar com isso, direcinando seu olhar para a estrada.– Está tudo bem?

– Está, por quê a pergunta? – Vejo sua voz meio arrastada.

– Por nada. – Ele acha que pode me enganar. Tem algo aí.

Josh estaciona o carro na frente da minha casa, observo suas mãos e as mesmas estão trêmulas e seu olhar está baixo.

– Você sabe que não consegui esconder me enganar né? Conheço você desde quando você não sabia pronunciar seu próprio nome.

– Não é nada, não se preocupe. – O mesmo da um sorriso amarelo, se aproximando e depositando um selinho nos meus lábios.

– Se precisar é só me ligar. – Asseguro sabendo que ele não vai dizer e talvez me ligar.

– Ok, mas não é nada demais, deve ter sido muita cafeína.

– Você odeia café Josh.

– Não há cafeína somente no café Any, eu tomo energético para não dormir sobre minha mesa enquanto reviso encomendas de vinhos.

– Ok. – Me aproximo do mesmo e deposito um beijo rápido em seus lábios. – Se precisar é só me ligar.

Pego a sacola no banco de trás e sorrio para o mesmo, assim que fecho a porta do veículo me encosto na janela, o encarando.

– Está tudo bem Any, pode ficar tranquila. – Respiro fundo e assinto, me desencostando da janela do carro. – Boa noite morena.

– Boa noite loirinho.

Josh liga o motor e se vai, observo o mesmo dobrar a rua e suspiro, novamente Josh não confia em mim.

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