Memories

026

Any Gabrielly

Ficamos um tempo conversando enquanto bebíamos o vinho, Josh realmente parece ter gostado da comida ou estava com muita fome. Abraçar Josh foi um sentimento inexplicável, aquele abraço que demos quando o reencontrei não valeu de nada, estava em choque e quis ser educada. Não consegui aproveitar o momento mas esse eu consegui, senti seu calor, sua proteção novamente.

– Tenho uma coisa para você. – Anúncio antes de me levantar.

– Any e suas surpresas.

– Não é só você que pode fazer surpresas Joshy.

– Ah não, você lembrou desse apelido! – Sorrio vitoriosa, ele odeia esse apelido. – Pensei que tivesse esquecido.

– Não esqueço nada que lembre você Josh. – Afirmo, pegando o pote no freezer. – Lembra que prometi a você um sorvete de chocolate?

– Isso faz anos Any.

– Mas você lembra. – Me sento ao seu lado novamente e deixo o pote com uma colher em cima sobre a mesa, na sua frente. – O quê eu prometo, eu cumpro.

– Eu não acredito. – Josh sorri, encarando o pote de sorvete a sua frente.

– Pois acredite, essa será nossa sobremesa.

Josh amava comer sorvete de sobremesa, não importava a estação do ano.

– Deixa minha mãe saber que comi sorvete de sobremesa.

– Eu não conto se você não contar.

– Fechado.

Pego o ponte de sorvete de morango e comemos uma colherada de sorvete, suspiramos juntos, deixando um silêncio no ar enquanto saboreamos a sobremesa gelada.

– Você não se sente sozinha as vezes?

– Me sinto, Aurora é uma companheira e tanto mas sinto falta de alguém, uma pessoa. Sabina costumava vir aqui mas depois que terminou o seu namoro se distanciou da gente, por isso estou mais na casa das minhas amigas do que na minha, assim não me sinto sozinha.

– Sabe que agora estou aqui não sabe? – Assinto encarando o pote de sorvete em minhas mãos. – E pode me ligar a hora que quiser, não importa o dia nem a hora, não exite em me ligar. – Assinto sem dizer nada. – Você... ainda tem aquelas crises?

– As vezes...

– Any... Não minta para mim, conheço você desde sempre, não importa se fiquei dois anos afastado, eu conheço quando está mentindo e você sabe disso.

– Eu tomo remédios para isso.

– Mas não me disse quantas vezes.

– Duas na semana. – Digo baixo.

– E as meninas sabem disso? – Nego. – Os meninos? – Nego novamente. – Não pode guardar só para você Any.

– Eu saí da depressão sozinha, sem ninguém. Posso sair disso também.

– Mas é difícil né? Hey. – não direciono o olhar para o mesmo. – Any. – Não o olho, mas logo sinto seus dedos no meu queixo, me forçando a olhá-lo. – Me prometa, me prometa que irá me ligar quando precisar, que não exite em me ligar, não importa a hora ou o lugar.

– E você estiver viajando, do outro lado do planeta?

– Eu volto no próximo voo. – Sua voz é grossa e séria.

– Você é doido.

– Não, eu sou apaixonado, apaixonado por você. E diferente daquele moleque inconsequente que eu era, movo céus e terras para estar com você. Por isso não vou desistir de reconquistar sua confiança.

– Eu só não quero que você vá embora de novo, não posso perder você mais uma vez. – Digo encarando o potencial de sorvete em minhas mãos.

Josh puxa a minha cadeira, colando a mesma ao lado da sua, envolve seu braço em meu corpo, me trazendo para perto do seu tronco, deito minha cabeça no seu peito e suspiro.

– Eu não vou pequena.

– Eu amo você mas estou processando tudo na minha mente, não faz nem im mês que soube da sua volta, não quero perder você novamente, só peço um pouco de paciência.

– Tenho todo o tempo do mundo para você Any, espero o tempo que for. Faço de tudo para não perder você novamente.

Abraço seu tronco, sentindo seu coração bater acelerado. Olho para seu pescoço e pego o colar com o dente do tubarão, analizando o colar.

– Você ainda o tem.

– Nunca vou me desfazer dele, achei na praia, algum tubarão ficou com uma pequena janela em sua carreira de dentes mas me rendeu um belo acessório. – Solto uma risada simples analizando o dente.

– Você não sabe como foi difícil sem você. – Revelo baixo, ainda analizando seu colar.

Josh acaricia meus cabelos, logo depositando um beijo no topo da minha cabeça.

– Sem você foi quase impossível, mas eu tinha em mente que precisava ser forte, enfrentar tudo para voltar para você. Não vim pros Estados Unidos a trabalho, vim para ter você de volta, quando vi você no aniversário de Noah meu coração parecia ter parado por poucos segundos. Eu já imaginava que estaria lá mas ver você, na minha frente, ao vivo, poder tocar em você, sentir seu perfume eu não conseguia imaginar que sentiria isso de novo.

– Eu também não, por isso me contentei com a camiseta que tenho sua, seu perfume continua nela.

– Aquela velha camiseta de uma banda de rock que eu nem me lembro o nome? – Assinto. – Wow, como o tecido não se desfez ainda?

– Eu cuido muito bem do tecido, Sabina diz que guardo tralhas junto com ela mas ela não sabe que aquilo é tudo que eu tenho de você.

– Tinha, agora você me tem, por completo.

– Eu não irei me desfazer da pedra em formato de coração.

– Espera, você ainda tem essa pedra? – Assinto. Josh aperta o abraço de forma gostosa.

– Eu quero que dê certo dessa vez Josh, quero mesmo mas estou com medo. Medo de que algo nos separe novamente, ou que eu esteja fazendo errado.

– Nada irá nos separar Any, eu farei de tudo para que isso não aconteça.

– Eu não quero sair daqui. – Digo manhosa, me aconchegando no seu peito.

– Eu também não. – O mesmo deposita um beijo no topo da minha cabeça.

– Eu não sei por onde começar. – Revelo.

– Eu também não, minha cabeça está conflituando se o que estou fazendo agora é certo ou não. – Ouço o mesmo suspirar.

– A minha também. – Fico por alguns segundos até ver o seu braço, que está repleto de tatuagens. – Então quer dizer que você cobriu seu braço com tatuagens.

– Pois é, minha mãe queria me matar por isso mas já era tarde demais.

– Imagino. – Procuro pela que está escrito Baby, assim que a encontro passo meu dedo por ela. – Por quê tatuou isso?

– Eu amo esse apelido, e amo a pessoa que carrega ele. Queria manter você eternamente na minha pele, mesmo que nós nunca voltássemos, queria ter você na minha pele para sempre.

– Você tinha esperanças de que voltássemos?

– Poucas, fiz uma merda grande, não imaginei que você voltaria para mim mas não perdi as esperanças.

Me aconchego no seu peito, levando minhas pernas para cima da cadeira, suspiro encarando a taça na minha frente.

– Obrigada por não esquecer de mim.

Sinto Josh encostar sua boca no topo da minha cabeça, ele não a beija, só encosta sua boca antes de falar. – Obrigada por me dar outra chance.

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