A noite já havia chegando e com ela a brisa fria chocante. Os vidros do caminhão estavam embaçados e Marília só enxergava algo devido ao farol que iluminava a estrada deserta. Suas irmãs não fecharam a matraca nem por um minuto sequer, bombardeando Maraisa com perguntas impessoais.
Foi de forma estressante que Marília descobriu que a garota, infelizmente, falava demais e deduziu que colocar quatro garotas falantes no mesmo lugar não era, definitivamente, uma boa ideia.
Paula coçou seus olhos e bocejou logo após um momento de silêncio e Marília agradeceu mentalmente por isso, já sabendo o que viria à seguir.
- Marília, será que eu poderia ir dormir?- Paula questionou.
Marília apenas assentiu e estacionou assim que pôde. A enorme porta foi aberta e Naiara e Maiara aproveitariam para ir também, no entanto as garotas congelaram no lugar ao lembrarem de Maraisa.
- Droga. Não tem onde ela dormir lá atrás. - Maiara disse, fazendo Maraisa franzir o cenho.
- Vocês dormem lá atrás?- Perguntou surpresa.
- Sim. Temos três palheiros lá atrás. Aqui na frente não tem condições de dormirmos todas. - Maiara disse.
- Ela pode dormir aqui na frente comigo. la dorme na boléia enquanto dirijo e quando eu estacionar durmo no banco. - Marília sugeriu.
- Otimo. Então boa noite, meninas. - Maiara disse. As três se despediram, indo para a caçamba do caminhão.
Marília fechou a porta e reparou que Maraisa tremia e, por esta razão, se reclinou e pegou uma blusa de frio sua, que estava na boléia e estendeu a peça para a jovem logo ali.
- Tome isto. Fará ainda mais frio pela madrugada. - A mais nova aceitou e colocou a blusa em si no mesmo momento.
Estava congelando de frio já tinha umas boas horas e agradeceu a mulher pelo gesto, afinal a blusa fina que estava em sua cintura no momento em que conheceu Marília havia sido posta e nem assim o frio havia ido embora.
-Quantos anos tem?- Maraisa perguntou aflorando sua curiosidade e sentiu o cheiro gostoso, que estava na blusa que Marília Ihe ofereceu, adentrar-lhe os sentidos.
- Vinte e sete e você? - Marília perguntou, voltando a ligar o caminhão, andando bem devagar dessa vez, pois as garotas estavam sem cinto lá atrás.
- Vinte e cinco. - Os olhos castanhos da motorista se desviaram para a garota, analisando meticulosamente seus traços.
- Não parece. - Disse solenemente. - Poderia, por favor, pegar a caixa de isopor onde estão os líquidos para mim? -Pediu, apontando para a boléia. Maraisa assentiu e se debruçou no banco, puxando a caixa para mais perto de si.
Os olhos de Marília foram para o belo traseiro da moça; seu vestido havia subido alguns poucos centimetros e a mais velha balançou a cabeça, desviando os olhos no mesmo instante.
-Aqui está. - Maraisa disse, se sentando direito novamente no banco. Marília abriu a caixa com uma das mãos, sem tirar a vista da estrada e pegou algo no canto de sua porta, logo o colocou sobre seu coloue agarrou algumas pedras de
gelo com sua mão. Levou o preparado até o rosto de Maraisa e o pressionou suavemente sobre o olho arroxeado.- Mantenha ele aí. Ajudará a melhorar. - Ela disse, olhando para a estrada novamente. Os olhos castanhos encararam a caminhoneira e um pequeno sorriso brotou em seus lábios.
-Muito obrigada. - Ela pediu de forma doce,
segurando o preparado em um de seus olhos. - Por tudo.- Não tem de quê. - Proferiu batendo seus dedos no volante como se estivesse reproduzindoo som de alguma música. -- Pode descansar quando quiser, dirigirei por mais umas duas horas. -- Maraisa assentiu, sentindo seu corpo agradecer mentalmente, pois a moça beirava a exaustão.
Ela foi para trás e se deitou ali. Seus olhos passearam pelo lugarzinho; não era tão pequeno quanto parecia. Caberiam duas pessoas ali tranquilamente, por isso as meninas usavam como assento durante o dia sem se sentirem sufocadas ou desconfortáveis.
Maraisa se aninhou mais em si, ainda segurando a bolsa de gelo e logo a sua bola de pelos subiu ali com ela, dando duas voltas no próprio corpo antes de se deitar junto à Maraisa, ronronando satisfeita.
Os olhos castanhos eram curiosos e vez ou outra
pousavam na expressão serena da garota atrás de si através do retrovisor. As duas horas passaram até que rápidas e Marília então desligou o caminhão, se certificou de trancar as portase se virou para Maraisa.Ela observou os traços delicados de seu rosto, apesar dos ferimentos. Havia tempos não via uma garota tão linda quanto aquela. Se perguntou o que ela estaria fazendo indo tão longe, se estava de carro. Alguma aventura, talvez? Visitar algum namorado? Não tinha
como saber apenas imaginando.Retirou delicadamente a bolsa de gelo da pequena mão e a colocou no canto, fechando as cortinas para a garota ter mais privacidade e apagou as luzes do caminhão. Suspirou se lembrando que havia programado para aliviar-se aquela noite, no entanto não seria capaz de fazer isso até chegarem em um hotel.
Marília percebeu que a temperatura estava
realmente fria, mesmo dentro da cabine, e quando estava prestes a se cobrir com seu pequeno cobertor ouvir um murmúrio lá atrás. Preocupada, a garota de olhos castanhos abriu a cortina, se deparando com Maraisa abraçando o próprio corpo. Marília mordeu o próprio lábio e suspirou derrotada, pegando sua própria coberta e a colocando sobre o pequeno corpo
ali. Como poderia ser tão trouxa por uma completa desconhecida? Deveria usar o cobertor e deixar que a garota se virasse com a blusa, contudo, não importava a carranca que vestia em seu rosto, ela sempre seria trouxa, de fato. Pensou.Voltou a fechar as cortinas e se aninhou no próprio corpo, se deitando nos bancos da frente, que eram unidos e por isso pòde se deitar tranquilamente. O banco não era tão macio quanto sua cama ali atrás, e provavelmente aquele estúpido gesto de gentileza acarretaria em uma bela de uma dor nas costas. Analisou as estrelas por alguns instantes através do vidro do caminhão e fez seu agradecimentoa Deus diário antes de se entregar ao descanso.
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Destino Incerto - Malila
FanfictionMarília Dias Mendonça é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmās ad...