trinta e dois

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Maraisa se espreguiçou, olhando ao redor somente para constatar que estava sozinha na cama. Mesmo assim um sorrisinho bobo nasceu em seus lábios, Marília não havia se recusado a dormir abraçadinha com ela.

A garota foi para o banheiro e escovou seus dentes com a escova que havia usado mais cedo no banho e logo saiu do quarto, vendo através dos vidros da janela da sala que já era quase noite. Maraisa coçou seu olho esquerdo e bocejou, ouvindo sua barriga roncar. Não que ela não estivesse habituada a essa sensação, mas sabia que agora ela poderia comer quando sentisse fome.

A risada rouca de Marília do lado de fora chamou a atenção de Maraisa, fazendo-a caminhar até a varanda. Marília estava encostada em uma das pilastras da frente da casa conversando com uma moça realmente muito atraente; a mulher vestia roupa de ir à academia e sua barriga chapada estava à mostra, pois usava apenas um top preto que dava destaque para seus seios fartos. Marília parecia bem à vontade com a mulher e Maraisa sentiu uma sensação ruim em seu interior.

Ela olhou para os próprios seios, entortando o canto da boca ao ver que eles eram bem menores dos que o da mulher. Após se sentir pequena e frágil, respirou fundo e negou com a cabeça. Por que ela estava se comparando com o projeto de modelo? Não fazia sentido.

Após cair em si ela caminhou até Marília, se controlando para não fazer uma careta ao ver que a mulher estava elogiando as pernas de Marília. Por que ela estaria elogiando as pernas de Marília? Oh... Após descer os olhos para o par de coxas naquele short cinza colado Maraisa entendeu.

- Olá! - Maraisa disse tímida, com medo de ter interrompido algo ou sido inconveniente.

- Acordou, bela adormecida. - Marília disse, se virando para olhar para Maraisa e sorrindo abertamente.

- Desculpe incomodar. - Ela disse. - Só acordei e vi que você não estava na cama comigo e, bem, a casa está silenciosa. Pensei que tinham saído.

- Eu te disse que não sairia enquanto não acordasse. - Marília disse, vendo Maraisa assentir. - Maraisa, esta é Dayane, nossa vizinha enquanto estivermos por aqui.

- Um prazer, sou Maraisa. - A menina disse esticando a mão para um cumprimento e a mulher sorriu gentilmente.

- O prazer é todo meu. - Dayane disse, apertando sua mão. - Disse que estavam na mesma cama. Desculpe a pergunta, e sinto muito se eu parecer grosseira, mas vocês namoram? - Ambas coraram, olhando para qualquer lado que não fosse para a outra.

- Não. - Maraisa disse baixinho, vendo o sorriso nascer no rosto de Dayane. A mulher analisou minuciosamente o corpo de Marília e assentiu.

- Bem, melhor para mim então. Vou ir correr, meninas. Nos vemos. - A réplica da Cleópatra disse, colocando os fones no ouvido e saindo correndo.

- Está com fome? - Marília indagou, ainda meio desconcertada pela pergunta de Dayane.

- Na verdade sim. - Maraisa disse, mordendo o próprio lábio inferior para não fazer perguntas sobre a mulher.

- Vem, vamos comer. - Marília disse, se desencostando da pilastra. - Amanhã cedo sairemos para fazer compras. Tudo bem para você?

- Sim. - Maraisa respondeu. - A vizinha é casada? - O que isso tinha a ver, céus? Maraisa, seja menos óbvia, pensou.

- Não sei, na verdade. Não perguntei. - Marília disse sinceramente. - Mas acredito que não.

- É, vocês pareciam bem à vontade. - Maraisa disse, seguindo Marília para o interior da casa.

- Ela estava falando sobre academia. - Marília disse, vendo Maraisa se sentar em uma das cadeiras ao redor do balcão.

- Hm. - A menor disse séria, pulando no momento seguinte ao ver Marília retirar carne moída da geladeira. - Lila, posso fazer panquecas? Por favor... - E lá estava o espírito fofo de Maraisa novamente, pensou Marília, sorrindo bobamente.

- Fique à vontade. - Marília disse rindo, se sentando enquanto Maraisa se levantava.

Os móveis da casa eram todos de madeira maciça, inclusive o enorme armário onde Maraisa estava tentando alcançar a lata de leite ninho. Marília deu uma leve olhada na parte de trás das coxas de Maraisa que ficou exposta, consequência de ela estar na ponta dos pés.

- Marília! - A maior gargalhou, se levantando novamente para pegar o que a menor não alcançava.

- Aqui está, nanica. - Marília brincou e Maraisa franziu os olhos ao ouvir aquilo.

- Olha aqui, você só é alguns centímetros mais alta do que eu. - Ela disse e Marília riu, deslizando seu dedo indicador pela ponta do nariz de Maraisa.

- É verdade, mesmo assim alcancei a lata de leite ninho.

- Idiota. - Maraisa resmungou baixo, causando um sorriso nos lábios de Marília.

- Gosta de cozinhar, Mara? - Marília perguntou, vendo um sorriso convencido brotar nos lábios de Maraisa.

- Se eu gosto? - Maraisa perguntou retoricamente. - Eu trabalhei em um restaurante por cinco anos, então prepare-se para comer a melhor panqueca da sua vida.

- Ansiosa para isso. - Marília disse, vendo Maraisa ir colocando os ingredientes sobre o balcão conforme os ia encontrando.

Não demorou muito para que ficassem prontas as panquecas e Marília já sentia sua barriga roncar pelo cheiro do molho da carne. Se fossem tão gostosas quanto o cheiro então realmente aquelas seriam as melhores panquecas que Marília provaria em sua vida.

- Aqui está. - A voz rouca soou sexy e baixa no ouvido de Marília enquanto Maraisa passava o braço pelo lado de Marília apenas para colocar o prato sobre o balcão em sua frente. - Me diz o que acha do sabor. - Marília sentiu todas as células do seu corpo acordarem ao sentir Maraisa sussurrar isso em seu ouvido e logo usar uma mão para afastar os cabelos de sua nuca e logo sua boca tocar-lhe a pele do pescoço suavemente. Seu coração acelerou e ela gemeu baixinho em puro deleite.

Marília não aguentou e se virou bruscamente na cadeira, puxando Maraisa pela camiseta para mais perto de seu corpo. O olhar castanho escuro encarou as orbes castanhas clara carregadas de desejo e então desceu para os lábios rosados de Marília assim que a viu umedecer os mesmos. Maraisa levou uma mão até o cabelo de Marília e colocou uma mecha solta atrás da orelha da garota.

- Que cheiro delicioso é esse? - A voz de Maiara fez Maraisa dar um pulo para trás a tempo de ver as outras garotas também adentrando a cozinha. - Interrompemos algo? - Maiara perguntou franzindo o cenho e Marília suspirou frustrada, fazendo Maraisa sorrir.

- Não se preocupe, Maiara. - Maraisa disse rindo. - Fiz panquecas, fiquem à vontade. - Ela disse, vendo as meninas atacarem o armário para pegarem seus pratos. - E você.. - Maraisa sussurrou para Marília. - Prove a sua panqueca, vai esfriar. - Finalizou, se inclinando e deixando um beijo suave, doce e com gostinho de "quero mais" no canto dos lábios de Marília, tendo colocado a pontinha da língua junto somente para instigar mais
ainda a garota.

- Sim, senhorita. - Marília disse, vendo Maraisa sorrir e se afastar.

Destino Incerto - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora